Draft Brasil entrevista: Andrew Bogut, pivô do Milwaukee Bucks
Aos que acompanharam as últimas semanas do noticiário da NBA e viram toda a expectativa em torno do Draft, considerado por muitas equipes uma espécie de refundação para salvar todos os males da franquia, saibam que o nosso entrevistado já esteve como a expectativa central no recrutamento de 2005. Hoje, quatro anos mais velho, se não é verdade que Bogut se tornou um jogador dominante na liga, podemos também afirmar que ocupa o momento de baixa na posição cinco como um pivô sólido. Falamos com ele há algumas semanas, em um papo rápido, mas que faz parte da nossa estratégia de ouvir vozes ao redor do mundo às portas de nosso aniversário.
A seleção australiana teve algumas boas vitórias e algumas derrotas inesperadas nas Olimpíadas de Pequim. Na sua opinião, porque o time demonstrou esta inconsistência?
Eu acho que nas duas primeiras partidas em Pequim, nós não conseguimos atuar com a liberdade que devíamos ter naquela competição. Depois das duas derrotas, decidimos que iríamos jogar sem nenhum tipo de peso de responsabilidade e jogar duro. E o que tivesse que acontecer dali pra frente, iria acontecer.
Você acredita que a Australia contando com Patrick Mills, Brad Newley e você, este time pode ser uma surpresa na Turquia, em 2010?
Com toda certeza. Pensando como parte de um grupo, não somente esses jogadores que você citou, mas os jogadores que complementam o elenco tem tido um papel cada vez mais importante. Hoje a Australia conta com muito talentos nas universidades americanas e também jogadores atuando na Europa. Com isso esperamos que a seleção fique cada vez mais forte e competitiva.
Você se lembra de 2006, quando a Australia enfrentou o Brasil no mundial do Japão? Aquele campeonato até hoje é lembrado aqui como a pior atuação de uma seleção brasileira em um campeonato mundial. O que você se lembra daquele time brasileiro?
O Brasil fez um jogo duro, com muita velocidade. Nós tínhamos a idéia de que vencer o Brasil era crucial para a classificação para a próxima fase, apesar de ser o primeiro jogo da competição, demos muita importância pra ele e conseguimos vencer.
Você enfrentou o pivô Rafael Araújo algumas vezes quando você atuava pela Universidade e Utah e ele na BYU. Ele foi a oitava escolha do Draft e não conseguiu construir uma carreira na NBA e nem na Europa, alguns anos depois. Hoje ele atua no Brasil. Na sua opinião, porque isso aconteceu ?
Eu não tenho certeza. É difícil pra mim tentar comentar algo a respeito dele, sem conhecê-lo a ponto de saber o que aconteceu na sua vida depois que foi para NBA e também na vida pessoal. Nós tivemos algumas partidas na época da universidade e me lembro que em todas elas travamos grandes duelos, muito equilibrados.
Como você lidou com a pressão de ser a primeira escolha do Draft e toda a expectativa criada em volta dela?
Com certeza não foi uma coisa fácil de lidar quando ocorreu, mas hoje isso já faz parte de um passado. O que tenho comigo agora, é que tive uma grande carreira no basquete universitário e merecia ser uma das três primeiras escolhas daquele draft.
Nesta ultima, você diminuiu o seu tempo de quadra em alguns minutos e também o numero de pontos por jogo. Por outro lado, você aumentou o seu FG de 51 para 57%. Quais seus objetivos individuais para o próximo ano? E para os Bucks?
Para mim, vencer jogos e me tornar mais consistente e efetivo. Nós temos a chance de formar um grande time, não somente para esta temporada, mas também para os próximos anos. Individualmente também sei que preciso jogar mais duro e entrar em boas condições físicas, para isso, vou trabalhar bastante nesta offseason.
O Brasil conta hoje com três jogadores na NBA. Leandrinho, Nene e Anderson Varejão. Você pode dar sua opinião a respeito destes jogadores?
Barbosa é um jogador muito, muito, muito rápido. Além disso, ele melhorou muito os seus arremessos desde que começou a jogar na NBA, o que mostra que ele é um jogador que trabalha duro nos treinamentos. Varejão tem muita força física no seu jogo. Ele é um jogador perfeito para o Cleveland, especialmente quando sai do banco e traz toda a energia que tem para a quadra. Nenê também tem muita força física, mas ele se diferencia de muitos jogadores porque além de muito grande, também é muito rápido. É muito difícil de marcá-lo. Penso que ele é um pouco subestimado as vezes, é um dos grandes pivôs da NBA, na minha opinião.
Agora, gostaríamos de saber um pouco sobre o Andrew Bogut fora das quadras. O que você costuma fazer fora das quadras?
Eu amo carros. Esse é meu maior hobby fora das quadras. Sou um colecionador e adoro isso.
Você já visitou o Brasil? O que você sabe sobre nosso país?
Eu ainda não conheço. Apenas ouvi que é um lugar muito bonito com belas praias e um outro estilo de vida. Mas com certeza espero um dia ir conhecer.
Por ultimo, mas não menos importante, você poderia mandar uma mensagem para todos os brasileiros fãs de basquete, que lêem o nosso site e escrevem em nosso fórum?
Todos os fãs ao redor do mundo são muito importantes para o basquete, nós não podemos ser gratos o suficiente com palavras e espero que continuem apoiando e fazendo crescer esse jogo que todos amamos, o basquete.
Confira nossas outras entrevitas internacionais:
José Luis Saéz (presidente da Federação Espanhola de Basquete).
Carlos Delfino (bi-medalhista olímpico pela seleção argentina, maior salário do basquete europeu).
Juan Carlos Navarro (ás vésperas do primeiro título mundial espanhol).
Texto e entrevista: Guilherme Tadeu de Paula
Tradução: Diego Silvestrini.