Entrevista Exclusiva: Guilherme Giovannoni
Guilherme Giovannoni tem na carreira participação em equipes importantes: como aquela seleção que trouxe esperança à nova geração do basquete brasileiro após vencer o PAN de Santo Domingo em 2003, o poderoso Benetton Treviso na Itália e o seu atual time, o BC Kiev, força do Leste Europeu. Guilherme traz também na bagagem um convívio de seleção que confunde com sua própria vida adulta: a primeira participação foi ainda em 95, na seleção sub-16.
Hoje aos 26 anos, Guilherme se prepara para a competição mais importante de sua carreira: o Mundial de 2006, no Japão. É bem verdade que o ala esteve na campanha de 2002, quando a equipe ainda estava sob o comando de Hélio Rubens, mas hoje, mais velho, não se compara a sua importância e responsabilidade para o grupo.
Com exclusividade para o Draft Brasil, Guilherme falou sobre internet, sobre o Mundial do Japão inclusive comentando as principais equipes com quem o Brasil irá jogar na primeira fase e deu uma notícia que vai entusiasmar os leitores do Draft Brasil.
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Bom, acho que devemos começar pela grande notícia, não é Guilherme? O Draft Brasil vai ter a honra de tê-lo como nosso enviado especialíssimo ao Japão! Fale um pouco da sua expectativa para esse projeto, como vai ser essa sua parceria com o DB?
Acredito que seja uma idéia muito legal. Utilizarei este espaço para contar o dia a dia da nossa equipe e fazer comentários em relação à seleção. Tenho certeza que os fãs do basquete brasileiro poderão nos acompanhar ainda mais de perto.
Você ficou temporadas na Itália e depois na Ucrânia, qual foi a importância da Internet para você, pessoalmente e profissionalmente nesse período?
A Internet me ajudou muito. Pessoalmente, pelo fato de poder falar com a minha família sempre que quisesse. E profissionalmente, por poder acompanhar tudo o que acontecia no mundo de basquete, principalmente no Brasil.
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Nosso Fórum, Draft Brasil, é o maior em língua portuguesa e o de maior fluxo da América Latina, e muitos acompanham vários jogadores, nos lugares mais distantes do mundo via boxscores e transmissões on-line. Acompanharam, inclusive, a sua participação na Copa Européia deste ano. Como é pra um jogador saber que mesmo longe assim, tem gente que acompanha sua carreira? Queria que mandasse uma mensagem pra essa sua torcida especializada.
É excelente saber que os nossos fãs e admiradores do basquete podem nos acompanhar e saber como estamos jogando em qualquer lugar do mundo. A minha mensagem para quem já nos acompanha é que continue on-line. Com a tecnologia avançada, com certeza tudo vai ficar cada vez mais fácil e veloz. Para quem ainda não nos acompanha, fique atento aos sites especializados, que tem sempre novidades para mostrar.
Nos conte um pouco da sua rotina nessa reta final de preparação para o Mundial.
Estou treinando com o preparador físico Alexandre Moreira, em São Paulo. Estou trabalhando forte para chegar bem preparado no Mundial. Tenho feito alguns treinos, na parte de manhã, com o grupo que vai defender o Brasil no Sul-Americano.
O que mudou daquele jovem Guilherme do Mundial de 2002 para o líder Guilherme do Mundial 2006?
Acho que a maturidade, a experiência e o crescimento que um jogador adquire ao longo de quatro anos de trabalho. Em 2002 eu estava entrando na seleção, hoje já tenho seis anos à frente da equipe nacional, isso me dá responsabilidade de mostrar para os mais novos, o que é jogar pela seleção brasileira.
E o que mudou daquela geração de 2002 para 2006? O futuro começou?
A renovação da seleção estava começando em 2002, os jogadores que naquela época eram promessas, hoje são realidades. Esta renovação não pára aqui, não. Estão surgindo mais jogadores bons.
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Quanto aos adversários brasileiros, queria que falasse um pouco da rivalidade com a Turquia nascida em 2002, a Lituânia sem Jasikevicius, a Grécia campeã européia e a Austrália, de Bogut. Com exceção do Qatar, todos são duríssimos, não?
A Turquia é um time um pouco parecido com a gente, um elenco cheio de talento que quer ter um resultado importante. Tem jogadores que atuam na NBA e em times da Euroliga. A Lituânia, independente de estar sem Jasikevicius, é um grupo extremamente forte, provavelmente um dos times mais talentosos da Europa. A Grécia, só o fato de ser campeã européia, já é um ótimo cartão de visitas. É difícil citar algum nome, porque eles jogam muito como equipe. Não tem um jogador específico, que se destaca mais que os outros. A Austrália eu não tenho muita informação, mas sabemos que eles têm um pivô que joga na NBA. Acredito que ele provavelmente será um dos pilares do time. Não sabemos se o David Andersen (pivô do CSKA) terá tempo de se recuperar, ou não, da lesão que sofreu este ano. É um grupo muito forte, provavelmente o mais forte do Mundial, mas isso poderá fazer com que a gente chegue melhor e mais preparado para próxima fase.
E além de nossas forças do grupo, quais outras equipes você acha que merece atenção?
Estados Unidos, Argentina, Espanha, Sérvia e Montenegro, alem da Grécia e Lituânia, já citados, são os principais times desse Mundial.
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Nesse período no basquete ucraniano você dividiu a quadra com jogadores da escola do Leste Europeu. De que maneira isso mudou o seu jogo? Quais as grandes diferenças entre as escolas: primeiro a brasileira, depois italiana, e por fim, à do Leste Europeu?
Eu não acredito mais que existam estas tais diferenças no basquete. O nosso esporte está bastante globalizado, o que fica difícil dizer se um time joga com um estilo ou com outro. A estratégia que os times tentam fazer hoje em dia é neutralizar os pontos fortes do adversário e explorar seus pontos fracos.
O que esperar do Brasil, Guilherme?
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Com certeza muita garra e determinação para alcançarmos os nossos objetivos.
* Giovannoni foi entrevistado por Guilherme Tadeu de Paula, editor do Draft Brasil
Fotos: Assessoria e CBB