Entrevista Exclusiva: Rosa Branca

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Publicado em: 17/08/2006

Rosa Branca faz parte da geração mais bem sucedida do basquete brasileiro. É bi-campeão mundial na geração de Wlamir e Amaury e ainda bi-medalista Olímpico. Às vésperas do Mundial de 2006, nosso colaborador Linelson y Castro conversou com o campeão que contou histórias de seus temps vitoriosos.

Títulos

– CAMPEÃO MUNDIAL – 1959 (Chile) e 1963 (Rio de Janeiro)

– CAMPEÃO SULAMERICANO – 1958 (Chile), 1959 (Argentina), 1961 (Brasil), Peru (1963)1965 (Uruguai), 1967 (Paraguai), 1968 (Colômbia).

– OLIMPÍADAS – Bronze em Roma/1960 e Tóquio/ 1964

– CAMPEÃO SULAMERICANO – INTER CLUBES pelo Corinthians em 1963, 1965, 1967 e 1969.

– VICE-CAMPEÃO MUNDIAL INTER CLUBES em 1965 e 1967.

O apelido Rosa Branca se deve ao fato de um motorista de Getúlio Vargas, que se chamava Rosa Branca, ser parecido com ele. Seus companheiros do Nosso Clube de Araraquara viram uma revista em 1954 com a foto do motorista e o apelido pegou. No começo ele não gostou, mas diz que hoje sente orgulho desse apelido.

Como foi a trajetória da conquista do Mundial 63?

Bom, nossa seleção de 1963 teve uma caminhada muito vitoriosa. Começamos nosso trabalho com o campeonato de federações. Naquela época, depois veio a convocação para o Sul-Americano no Peru. Depois do Pan, em São Paulo (no qual fomos vice-campeões. Aí fomos para o Rio de Janeiro para o Mundial, no Maracanãzinho. Isso mostra todo o trabalho da seleção dirigida pelo Kanela. Para conseguir esse objetivo, ficamos quatro meses juntos.

Como foi a estréia contra Porto Rico?

Ela foi uma estréia normal. O único jogo difícil foi contra os EUA. Existiam seleções muito boas, mas nós que estávamos em nosso ápice.

Qual a sensação de bater a União Soviética, depois de ter perdido 2 vezes no Mundial anterior? Eles estavam entalados na garganta?

Sem dúvida, o prazer era imenso em ganhar da União Soviética. Era uma equipe muito forte.

Na Europa, os soviéticos criaram um selo comemorativo com a mensagem: Campeão Mundial de Basquete – Chile. Você acha que eles foram os “campeões morais”?

Não, porque se você rejeita a jogar como vai ser o campeonato… A Fiba nos condecorou como campeões. Nós já tínhamos ganhado deles na cidade de Temuco.

Qual a importância da torcida na conquista do bi?

O carioca sabe torcer. Foi uma coisa incrível ver o Maracanãzinho totalmente lotado. Tivemos que chegar no Ginásio por volta das 18h, para jogar às 21h.

É verdade que nessa época Wlamir e Amaury eram quase tão aclamados pelo povo quanto Pelé e Garrincha?

Sem dúvida.

Oscar ou Wlamir?

Oscar, pra mim, é um arremessador e Wlamir um fenômeno. É por isso que era chamado de diabo loiro.

Qual seu destaque estrangeiro do Mundial de 63? Vinces, de Porto Rico. Um jogador muito completo.

Você acha que a jogada montada pelo Técnico Kanela para obrigar o pivô Gibson a cometer sua 5ª falta (nosso pivô Ubiratan também estava pendurado) a 3 minutos do fim, foi decisiva para a vitória diante dos EUA no mundial de 63?

Acho que ela foi feita na hora exata, já que Kanela observava o desenrolar entre os dois.

Naquele tempo os reservas atuavam mais ou menos tempo que hoje em dia?

Kanela jogava com mais três jogadores: Mosquito, Jatyr , Menon e revezava o Ubiratan com Sucar.

Quais suas expectativas para o Mundial do Japão desse ano?

Depois que a nossa seleção mostrou frente aos Estados Unidos, penso que tem condições de fazer uma boa classificação. Acredito muito nesta nova safra de talentos.

Você ficou decepcionado com o Nenê pela não ida ao mundial?

Não, acho que pelo contrato dele, ficaria impossível.

O que faltou para sua geração ganhar uma medalha de ouro olímpica?

Perdemos um jogo para a União Soviética que não podíamos ter perdido, mas mesmo assim os adversários eram muito fortes, jogamos contra Oscar Robertson nas Olimpíadas, o cara era demais.

Oscar Robetson foi o seu melhor adversário?

Não, joguei contra Wilt Chamberlain em 59 e 60 (O entrevistador fica 5 segundos em silêncio para a respiração voltar ao normal).

Qual sua opinião sobre a situação atual do basquete nacional?

Houve mudanças para melhor. Gosto da comissão técnica feita pelo Lula, ele tem uma equipe qualificada e trabalhadora. Ontem foi feita uma reunião, e o Nacional vai se organizado pelos dirigentes dos clubes. Estamos conversando sobre uma volta do COC Ribeirão Preto.

(Rosa Branca hoje é dirigente da Federação Paulista de Basquete)

Você é a favor de um técnico estrangeiro na seleção brasileira? O que acha de Lula?

Não, acho o Lula um bom técnico. Inclusive fui eu que descobri ele como jogador. Ele não era muito bom, mas marcava bem. Tem o Flávio Davis, técnico do Minas, que também faz parte da comissão e estuda bastante o esporte, inclusive viajando para os EUA.

Qual o título mais importante: O Bi-Mundial de 63 ou o Pan de 87?

Ah para mim foi O Bi-Mundial, sinto muito orgulho daquela camisa listrada, até não sei porque não continua aquele como a camiseta oficial. Falei com o Grego e ele disse que era por causa da TV, é uma pena.

Linelson y Castro
Colaborador do Draft Brasil

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