Entrevista Exclusiva: Tad Baldwin

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Publicado em: 25/07/2006

O norte-americano Tad Baldwin, técnico da Nova Zelândia desde 2001, demonstrou irritação durante o jogo. Gesticulou, pressionou a arbitragem e mexeu, mexeu muito em sua equipe. Colocou em quadra todos os dez jogadores disponíveis para enfrentar o Brasil no primeiro jogo da série de amistosos. A razão não foi tática, tampouco técnica, mas física. A Nova Zelândia enfrentou a Austrália, em Melbourne, na noite do dia 19 de julho. Depois de mais de trinta horas de vôo (com conexões em Brasília e São Paulo), o elenco neozelandês chegou ao Rio de Janeiro na sexta-feira, e com duas baixas: os alas Dickel e Winitiana, lesionados, sequer treinaram na cidade maravilhosa. Na entrevista exclusiva ao Draft Brasil, Tad, 58 anos, falou sobre a partida, as expectativas para o Mundial e filosofia de jogo.

Draft Brasil: A Nova Zelândia conseguiu igualar e liderar o placar até a metade do segundo período, mas depois parece ter sentido o cansaço. Isso de fato aconteceu?

Tad: Não é desculpa pelo resultado, nem posso atribuir a isso, mas estávamos desgastados, principalmente no segundo tempo. Por isso, até a metade do primeiro quarto eu já havia trocado todos os atletas titulares. A velocidade brasileira sem dúvida alguma também fez a diferença na partida. Temos que modificar nossa atitude para o próximo jogo.

Draft Brasil: Nenhum jogador brasileiro representa melhor a velocidade que você apontou como o armador Leandrinho. O que você achou da atuação dele?

Tad: Fiquei bastante impressionado. Acompanhei a sua temporada na NBA e sei do que ele é capaz. Posso dizer que a rapidez e agilidade do Leandrinho serão sempre fatores importantes e decisivos para o Brasil no Mundial. Foi a partir do crescimento dele na segunda etapa que não conseguimos acompanhar o ritmo de jogo brasileiro. Ele criou muitas oportunidades para si e para os companheiros.

Draft Brasil: Será que este fator (velocidade) será decisivo também contra defesas rígidas como, por exemplo, a grega, melhor e mais bem arrumada do último europeu de seleções?

Tad: Sem dúvida a liberdade que ele teve hoje será menor na nossa próxima partida. Faremos ajustes neste sentido. E os adversários do Brasil, evidentemente, tentarão frear o Leandrinho. Mas posso assegurar que atualmente é muito difícil pará-lo porque ele não é somente veloz, mas também muito habilidoso, inteligente e técnico.

Draft Brasil: Algum outro atleta brasileiro lhe chamou a atenção?

Tad: Sim, Anderson Varejão e Tiago Splitter simplesmente nos aniquilaram com seus rebotes ofensivos (foram 11, dos 16 do Brasil). Os dois atuaram muito bem e dominaram as ações sob a tabela. Permitir segundas-chances como fizemos hoje é fatal.

Draft Brasil: Que tipo de ajuste será feito para o próximo confronto?

Tad: Nossa defesa não deixará tanto espaço como hoje. Também devo encontrar alguma forma de diminuir o número de arremessos forçados da nossa equipe. Por fim, diminuir a intensidade da seleção brasileira será fundamental se quisermos vencer. Pontos em transição, como aconteceu hoje, e oferecer 38 lances-livres também não serão permitidos.

Draft Brasil: Ainda falando em seleção brasileira, sua seleção jogou contra Austrália e Brasil, que se enfrentam na primeira rodada do Campeonato Mundial. Pelo que viu, existe alguém em melhores condições?

Tad: O Brasil está um passo a frente. A Austrália ainda não contou com sua força máxima e isso fez a diferença contra nós. Mas a seleção brasileira possui mais recursos técnicos e capacidade atlética que eles.

Draft Brasil: Seu time arremessou nada menos que 40 vezes da linha de três pontos. Você considera isso normal, ou o aspecto físico também influenciou neste quesito?

Tad: Apesar do bom aproveitamento (40%), de fato deveríamos ter selecionado melhor os arremessos de fora. Dou a liberdade aos meus jogadores para atuarem desta maneira, e foi assim que sempre triunfamos, mas creio que fomos além da conta nesta tarde.

Draft Brasil: Você utiliza o Sistema de Triângulos desde que assumiu a seleção neozelandesa. Por que decidiu adotá-lo e como foi o processo de aprendizado da filosofia ofensiva?

Tad: Estudo o sistema desde que comecei a treinar, ainda nos anos 80. Freqüentei, brevemente, uma clínica do Tex Winter e pude aprender muita coisa. Mas foi lendo, estudando e analisando vídeos que eu consegui detectar melhor as nuances. Decidi utilizá-lo porque, na minha opinião, este é o melhor sistema ofensivo do mundo e se adapta bem às habilidades e características dos nossos atletas.

Draft Brasil: Você parece ser um técnico muito calmo e tranqüilo com relação aos seus jogadores. Como mexer na parte psicológica destes atletas?

Tad: Posso te dizer que é uma tarefa muito árdua, porque meus atletas são absurdamente inteligentes e não é fácil motivá-los com palavras tolas. Entretanto, procuro aproveitar todo o tempo de treinamento que tenho com eles, mostrando sempre que podemos vencer qualquer adversário se executarmos o nosso jogo de maneira ordenada.

Draft Brasil: Conseguir avançar das semifinais, como em 2002, é a meta da seleção?

Tad: Não fazemos previsão de resultados, isso é muito difícil. Agora só pensamos na Espanha e como derrotá-la. Se enfrentássemos a maioria das grandes seleções, como é o caso da espanhola, 20 vezes, perderíamos 15, mas no Mundial só precisamos derrotá-las uma única vez. É a nossa maneira de pensar: se estivermos em um bom dia, não há adversário imbatível. Podemos realizar tudo aquilo que quisermos, se atuarmos bem, com convicção e inteligência.

Texto e Entrevista: Fábio Balassiano
Colaborou:. Alfredo Lauria

Foto: Fiba Europe

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