Entrevista EXCLUSIVA:Guilherme Teichmann “ O grupo do Flamengo é fantástico”
Por Enéas Lima
Rio de Janeiro
Com a confirmação da renovação de contrato com o Flamengo por mais duas temporadas, o site Nação Flamengo e Draft Brasil entrevistaram nesta semana o ala pivô Guilherme Teichmann, que fala sobre sua carreira, sua chegada ao Flamengo, seleção brasileira e seu período no basquete norte americano.
Entrevista exclusiva com o ala pivô Guilherme Teichmann
Nação e Draft: Como é para um jovem da cidade de Concórdia em Santa Catarina acabar optando pelo basquete, ao invés daquele esporte que é a paixão nacional, o futebol? Quando você começou a praticar o esporte, em quem você se espelhava?
Teichmann: O basquete está no sangue da minha família. Meu pai e meus tios sempre jogaram e me incentivaram bastante. Quando meus pais retornaram a Santa Cruz do Sul, eu tinha 8 anos, nós encontramos uma cidade que respirava basquete. A equipe da cidade foi campeã e duas vezes vice da liga nacional. Isso tudo criou uma vontade muito grande de ser jogador de basquete.
Nação e Draft: Que pessoa foi fundamental nesse seu inicio de trajetória no basquete? Você se lembra os seus primeiros passos jogando basquete? Quais eram seus pontos fracos na época e que hoje você poderia dizer que faz com eficiência?
Teichmann:Nao tenho uma pessoa fundamental, tenho varias! Venho aqui agradecer a eles: Donaldo (Concórdia, SC), Mario Saraiva, Nei Morsch, Joares Franco (Bola) e Sergio. Todos foram meus treinadores e me ajudaram muito nos meus primeiros passos como jogador de basquete. No início, eu não me irritava jogando basquete e irritava quem estava jogando ao meu lado por que não passava a bola, era muito fominha!!
Nação e Draft: Como surgiu a oportunidade de jogar nos EUA, tanto na South Plains College, como na Tulsa University?
Teichmann:Eu fui indicado pelo ex-jogador do Flamengo Alexey. Ele abriu a porta do basquete universitário e, depois que estava no Junior college, tive uma boa atuaçao, sendo convidado a terminar meus estudos e jogar em Tulsa. Lá me formei em Marketing e disputei jogos da primeira divisão da NCAA.
Nação e Draft: Em sua análise, em que a estadia nos EUA ajudou na evolução dos fundamentos do seu basquete? Qual a diferença de estilo de jogo que você sentiu ao jogar nos EUA?
Teichmann: Aprendi muito nos EUA. Na universidade eles trabalham muito os fundamentos do jogo, coisa que aqui, depois que o jogador sai das categorias de base, não acontece muito. Isso ajudou muito no meu desenvolvimento como jogador. O estilo de jogo da NCAA é muito controlado pelo técnico. Ele comanda o time em todos os momentos dentro e fora da quadra.
Nação e Draft: Você já tinha atuado no basquete carioca pelo Vasco da Gama e, agora, teve a oportunidade de voltar ao Rio de Janeiro pra atuar no Flamengo. Como você descreveria o Teichmann na época de Vasco e o Teichmann atual que defende o Flamengo?
Teichmann: Naquela época, eu estava começando a minha carreira. Foi uma época em que eu aprendi muito com o grupo de jogadores e, principalmente, com o Hélio Rubens. Hoje em dia, eu estou no Flamengo para ajudar o time a vencer, tenho uma função importante na equipe e participo de tudo. É diferente da época do Vasco, onde eu só estava lá para aprender e melhorar como jogador.
Nação e Draft: Quais mudanças no seu estilo de jogo você teve que fazer no Flamengo? Como está sendo trabalhar com o Paulo Sampaio Chupeta e o João Batista no Flamengo? Qual aprendizado você poderia dizer que teve nessa primeira temporada com eles no Flamengo?
Teichmann: Não tive que mudar a maneira de jogar. Mesmo em Limeira eu sempre fui um jogador que ajuda o time de várias formas. A minha adaptação foi tranquila porque quando estou jogando procuro fazer o que a equipe precisa para melhorar, principalmente nos rebotes e na defesa.
Nação e Draft: Muitos atletas quando chegam ao Flamengo se impressionam com a paixão da Nação com o clube. Depois dessa temporada, como você poderia descrever o carinho que você recebeu da torcida rubro-negra? E como você foi recebido no elenco do Flamengo? Qual jogador você teve mais afinidade no inicio de temporada no Flamengo?
Teichmann:O grupo do Flamengo é fantástico!! Não por outro motivo que é tão vitorioso assim. São 12 amigos que estão vestindo a mesma camisa. Isso é muito difícil de acontecer em qualquer esporte profissional. A nação rubro-negra nos apóia muito, eles reconhecem todo o trabalho e empenho que existe dentro da quadra!! Isso nos motiva muito e nos coloca na obrigação de manter essa postura sempre.
Nação e Draft: Um dos grandes problemas que o esporte olímpico no Brasil enfrenta é a falta de estrutura e a falta de compromisso dos dirigentes em honrar o compromisso financeiro com os atletas. Como é pra você, como atleta, administrar tal situação quando isso ocorre em sua equipe? Você teve receio ao acertar com o Flamengo sabendo que o clube já foi marcado por atrasos de salário?
Teichmann: Não tive receio porque o clube já estava muito envolvido com o basquete. Dava pra ver a importância que esse time tinha dentro do clube e isso me deu tranquilidade. Nós tivemos um inicio ruim mas, depois da mudança de diretoria o basquete, ficou da melhor maneira possível!!
Nação e Draft: E, completando o problema de estrutura no basquete brasileiro, muito se fala de associação de técnicos e associação de atletas para defender os problemas da “classe” e buscar uma maior profissionalização. Na sua opinião, por que isso não se torna realidade em nosso país?
Teichmann: Pela falta de envolvimento de todos: jogadores, técnicos e dirigentes. O basquete brasileiro tem muito a crescer, mas isso depende de uma grande organização em todos os setores. A liga tem um grande potencial, mas só se está explorando as finais da liga, e isso é muito pouco para fazer o basquete evoluir. A liga deveria ter executivos contratados, que nao são ligados a clube nenhum, para continuarem trabalhando para a evolução da liga como um todo. Já deveria se falar em uma segunda divisão para aumentar o numero de times e jogos em todo o país.
Nação e Draft: Você já teve passagens pela seleção brasileira, tanto nas categorias de base, como no adulto. Qual foi seu momento mais marcante na seleção? A presença de um técnico campeão olímpico no comando da seleção brasileira serve de estímulo para um atleta como você?
Teichmann: Meu momento mais marcante foi o ouro no Pan do Rio!! Apesar de que todas as vezes que eu vesti a camisa da seleção foram marcantes. Acho que a nossa seleção precisa de um nome de peso para realmente liderar o grupo, e Rubén Magnano tem tudo para fazer isso da melhor maneira possível. Vou torcer muito para o Brasil no mundial, nosso esporte precisa cada vez mais de bons resultados.
Nação e Draft: Nessa breve carreira de jogador, qual foi sua partida inesquecível?
Teichmann: Muitas vezes me fizeram essa pergunta e eu não tenho uma resposta. Foram vários jogos importantes. Antes do Pan, joguei pela seleção em Lajeado na frente de muitos amigos e da minha família. Esse jogo foi inesquecível, pois são poucas as oportunidades de vestir a camisa da seleção na frente dessas pessoas importantes na minha vida. Além desse jogo, ainda tem as finais do Campeonato Paulista do ano passado, pela importância do meu primeiro titulo como jogador efetivo e para a cidade de Limeira que buscava esse titulo há muitos anos. Apesar de não ter sido campeão eu vou sempre lembrar das finas do NBB deste ano, por ser a minha primeira final e por ter jogado bem no momento mais importante do ano.
Perguntas elaboradas pelo seu fã de Limeira, Lucas Risso, colaborador do site Draft Brasil:
Ao ser divulgado seu acerto com o Flamengo, eu, Lucas Risso, também colaborador do Draft Brasil, seu fã declarado e torcedor fanático da Winner/Limeira, tive ideia de fazer um longo vídeo com os melhores momentos de sua passagem pelo time paulista, a fim de homenageá-lo. Qual foi sua reação ao assistir o vídeo pela primeira vez, com relação ao conteúdo e ao gesto de reconhecimento de um torcedor? Neste sentido, cite algumas das principais lembranças desse período, os principais companheiros. Em sua opinião qual foi o melhor quinteto que a Winner/Limeira reuniu em quadra?
Teichmann:Foi uma reação de surpresa e orgulho!! Aquele vídeo representa a minha historia em Limeira e desde da primeira vez que eu vi me sinto muito orgulhoso e feliz de saber que deixei a minha marca lá em Limeira. Foram três anos que eu joguei em Limeira, fiz inúmeros amigos dentro e fora da quadra. Se eu for falar de todos, ficarei o dia inteiro aqui, mas tenho muito respeito pelo Telmo e o Zanon. São pessoas que sempre me ajudaram e que eu tenho um carinho muito grande por eles. O melhor quinteto sem duvidas foi Nezinho, Renato, Shamell,Teichmann e Fiorotto.
Guilherme, caso fosse para você fazer uma análise de sua carreira como um todo, apontando as principais diferenças entre seu estilo de jogo, tanto do ponto de vista do esquema tático de cada equipe, como de sua ação individual. O que você poderia afirmar de modo geral, sobre seu estilo de jogo, sobre sua evolução como atleta, sobre ter adquirido experiência ao longo dos anos, e quais seriam os fatores que você acredita que pode favorecer o fluir do seu jogo, pensando no trabalho ao longo de toda uma temporada?
Teichmann: Durante a minha carreira, tive momentos diferentes, quando eu estava no Vasco, tive o primeiro contato com o basquete profissional. Aprendi muito sobre o jogo, ainda mais no meio de um time tão forte como aquele. Nos EUA foi uma passagem onde eu tive uma evolução individual, nos fundamentos e parte física. Na volta ao Brasil eu comecei a ganhar experiência.
Guilherme, você tem se destacado bastante pela excelente impulsão e notável mobilidade, atributos que lhe asseguram boas performances defensivas e também lances ofensivos interessantes. Certamente, você tem sido um jogador indispensável para as equipes por onde passa, contudo há ainda algum fundamento que você sente que necessita aprimorar a fim de otimizar sua performance individual? Como você diria que a sua versatilidade influencia durante a partida, tanto no setor defensivo, como no ofensivo? Dê seus adversários, qual foi o jogador mais difícil de marcar? E qual foi o que defensor mais dificil que você ja enfrentou?
Teichmann:Preciso trabalhar no meu chute, sempre foi algo que eu tenho muito a melhorar. Uso muito a minha velocidade e agilidade para jogar, não sou não forte como a maioria dos pivôs, por isso tenho que levar vantagem na velocidade. O jogador mais difícil de marcar foi o Paul Millsap. Quando eu estava em Tulsa, joguei contra ele. Ele jogava na universidade do estado de Louisiana. Ele já era um jogador muito forte e brigava muito nos rebotes!!