Erros e acertos da estréia do NBB
A expectativa em torno da estréia da primeira competição organizada por uma liga, ao menos em tese, independente da CBB era imensa.
Como era de se esperar, a rodada de quarta-feira trouxe à tona alguns aspectos positivos e outros negativos.
E você? Esteve nos ginásios? Assistiu na televisão? Não deixe de relatar o que você achou da estréia do NBB. Abaixo, segue a nossa primeira impressão:
Pontos positivos:
1. Equilíbrio – Ainda é cedo para tirar conclusões sobre o nível das equipes, mas a primeira rodada já mostrou que no NBB as forças estão muito mais equilibradas do que nas últimas edições do campeonato nacional.
Na média, a margem de pontos entre as equipes foi de 7.4, com apenas 2 das 7 partidas disputadas terminando com uma diferença de pontos maior do que 6. Para se ter uma idéia, nos primeiros 7 jogos do campeonato nacional 2008, a margem de pontos entre as equipes foi de 19 pontos com apenas um confronto terminando com diferença de pontos no placar menor do que 9.
2. Pontos – A média de pontos da primeira rodada também superou as 7 primeiras partidas do nacional/2008: 79,5 x 74,5.
3. Presença do público – Ainda não temos a informação sobre todos os jogos, mas sabemos que o público compareceu em ótimo número em Limeira, Brasília e no E.C. Pinheiros. Parece ser reflexo da esperança por dias melhores do basqueteiro e da divulgação da Globo.
Atualização: Recebemos informações de que o público também lotou o ginásio em Vila Velha, para assistir a rodada dupla de ontem.
4. Emoção até o fim na partida televisionada – Pinheiros e Flamengo não proporcionaram um grande espetáculo em termos técnicos, mas a partida só foi decidida nos segundos finais. Sabemos o quão importante isso é para a audiência da televisão, valorizando a liga e suas equipes.
5. Enterradas – Outrora raras, estão cada vez mais usuais nas partidas brasileiras. Apenas para citar a partida televisionada, dentre os melhores momentos de Pinheiros 89 x 90 Flamengo, pude contar 5 enterradas, inclusive uma inesperada do ala-armador Marcelinho Machado.
6 – Josuel – O veterano pivô de 38 anos, remanescente da última seleção brasileira a disputar Jogos Olímpicos, mostrou muita categoria e dominou completamente o marrento pivô Rafael “Baby” Araújo. Não fosse Marcelinho Machado, os arremessos livres de Josuel teriam definido a partida a favor de Pinheiros.
7 – Transmissões de rádio via internet – O povo do interior paulista já está habituado. No entanto, é bom que todos saibam da existência dessa valiosa opção para acompanhar as partidas de determinadas equipes. Os narradores de rádios de Franca e Limeira, por exemplo, são um espetáculo à parte. Honestamente, em termos de emoção via rádio, os brasileiros não ficam devendo nada para os norte-americanos da NBA.
Negativos:
1 – Transmissão da Sportv – O canal decepcionou, e muito, na sua primeira transmissão do NBB. A começar pelo fraquíssimo Byra Bello, que além de comentários desinteressantes e impertinentes, fez uma enorme confusão em torno de uma marcação do árbitro. O assunto, infelizmente, rendeu a partida inteira.
Contagiado pelo seu companheiro, Roby Porto parecia estar narrando um enterro, e não uma partida decidida nos segundos finais. Para piorar, o canal escalou uma repórter completamente perdida – ela a única presente no ginásio, diga-se (péssima alternativa um tubão logo na estréia da liga “parceira”).
Por exemplo, o pivô Rafael Araújo não tinha entrado em quadra no início do terceiro período e, apenas nos minutos finais da partida, o trio percebeu a sua ausência. Quando questionada, a repórter afirmou inicialmente que não poderia apurar o motivo da ausência por causa do barulho do ginásio. No final das contas, Baby estava fora da partida por causa do excesso de faltas, o que sequer havia sido cogitado na transmissão.
As trapalhadas da emissora completaram-se com câmeras que muitas vezes não acompanhavam a bola e os jogadores.
O Sportv precisa seriamente repensar o seu trabalho, pois o canal está sendo responsável pela má venda do seu próprio produto.
2 – Atualização dos placares – Não dá para responsabilizar a Sportv sem saber se o placar da televisão é vinculado ou não ao placar eletrônico do ginásio.
A demora e a confusão no acerto do placar é um problema antigo no basquete brasileiro. Na NBA e na Europa, por exemplo, o placar é atualizado antes mesmo da bola sair da redinha. Aqui, às vezes a demora é tamanha que o telespectador é obrigado a fazer suas próprias contas.
3 – Nível técnico dos jogadores – Ainda deixa muito a desejar. A quantidade absurda de arremessos de perímetro parece ser inversamente proporcional a qualidade técnica dos jogadores. Diante da absoluta ausência de fundamentos, principalmente no jogo próximo à cesta, os jogadores preferiam queimar chutes de longa distância indiscriminadamente.
Ontem, três jogadores do Pinheiros conseguiram a proeza de desperdiçar três bandejas sem marcação num mesmo lance, chegando a disputar entre eles os respectivos rebotes ofensivos. Mas nada supera o Lupo/Araquara e suas 23 tentativas de arremessos de 3 pontos para apenas 2 acertos.
Em Brasília, inexistiu jogo de garrafão, segundo Vagner Vargas, da nossa equipe.
4 – Site da Liga – Se a primeira impressão é a que fica, a organização da liga está em maus bocados. O site foi lançado em cima da hora, quase que simultaneamente ao início da rodada, conforme chegamos a anunciar. No entanto, não funcionou corretamente por mais de 15 minutos.
Aliás, há que se registrar que sequer havia estatística ao vivo para a partida realizada em São José dos Campos, um retrocesso, inclusive, em relação à página da CBB.
No dia seguinte, apenas uma versão tosca está no ar.
5 – Arbitragem – Na partida televisionada, a arbitragem não chegou a comprometer o resultado. No entanto, cometeu alguns erros imperdoáveis, sendo o mais evidente a validação de uma cesta de Bruno Mortari lançada pelo menos 2 segundos após soar a sirene dos 24 segundos. Houve, também, muita chiadeira na partida entre Franca e Saldanha da Gama. A arbitragem brasileira ainda precisa melhorar muito para garantir um bom espetáculo.
Atualização: Nosso correspondente em Brasília nos informa que a arbitragem foi ainda pior na partida vencida pelo Universo/BRB, com uma série de faltas claras não marcadas para ambos os times.
6 – Confusão no setor de imprensa – Pela primeira vez, uma equipe do Draft Brasil enfrentou dificuldades para acessar a área reservada de um ginásio. Foi em Brasília, onde nossos setoristas relataram um certo caos. Só conseguiram acesso no segundo-tempo da partida, depois de certo sacrifício e da intervenção direta da assessoria de imprensa do Universo/BRB.
7 – Que parceira? Que tipo de parceria é essa que celebra a liga e os canais Globo se este sequer diz o nome das equipes, preferindo chamar Cetaf de Vila Velha e omitindo todos os patrocionadores das equipes?