Flamengo/Cia do Terno x Universo/BRB – A grande decisão do NBB

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Publicado em: 27/06/2009

Desde às 18:30 horas do dia 28 de janeiro, quando a bola subiu em Vitória para CETAF/Garoto/UVV/PMVV 77 x 56 Lupo/Araraquara, foram realizadas 236 partidas e anotados 38.167 pontos no NBB. Neste domingo, Flamengo e Universo darão números finais à primeira edição do campeonato organizado pela LNB.

A decisão no Jogo 5 premia as duas melhores campanhas do campeonato e também o seu confronto mais equilibrado. Juntas, as duas equipes somaram 64 vitórias contra apenas 15 derrotas na competição. No confronto direto, foram 3 vitórias para cada lado.

Assim, a partida realizada neste domingo na HSBC Arena servirá como verdadeiro tira-teima entre as duas melhores equipes brasileiras da atualidade.

E quais seriam os pontos capazes de desequilibrar o confronto? Vejamos alguns:

Tensão x Técnica

Parece ser indiscutível que a equipe rubro-negra é a mais técnica e a que tem mais facilidade para colocar a bola dentro do aro. Contundo, sabemos que em qualquer campeonato a tensão das partidas decisivas derruba o nível técnico. O aro fica menor, a bola mais escorregadia, as defesas mais agressivas e, consequentemente, o número de erros aumenta.

Apesar de experimentada, a equipe rubro-negra parece ser a mais afetada pela tensão dos playoffs, sobressaindo-se a melhor defesa dos brasilienses (Alex + garrafão).

Marcelinho Machado x Alex Garcia

Aqueles que talvez sejam os dois melhores jogadores da competição travam duelo particular nesta série final.

Rotulado como jogador unidimensional, o ala rubro-negro leva ampla vantagem sobre Alex em praticamente todas as estatísticas do NBB. Vence nos pontos (26,8 x 19,6); nos rebotes (6,3 x 5,3); nas assistências (3,4 x 2,6); nos roubos de bola (2,1 x 1,3), nos erros (1,9 x 2,0), no percentual de acerto de 3 pontos (43,8% x 31,0%), no percentual de acerto de lance livre (86,3% x 73,6%). Alex só é superior nos tocos (0,7 x 0,2) e no percentual de acerto de 2 pontos (65,5% x 56,9%).

O único ponto em que Alex é notoriamente superior a Marcelinho Machado é na defesa. Ainda assim, o ala do Universo vem deixando a desejar neste quesito, sendo batido inúmeras vezes por Marcelinho Machado, um jogador que nunca foi conhecido pelo seu drible.

Contudo, nada tem chamado mais atenção negativamente no jogo de Alex do que a sua inusitada opção por priorizar o jogo do perímetro (seu ponto fraco) ao invés do jogo interior (seu ponto forte). 55% dos seus arremessos no NBB foram da linha de 3 pontos, uma média digna de um especialista na função. Tanto assim que Marcelinho Machado possui exatamente o mesmo percentual (55%) em sua predileção por chutes de 3 pontos.

Os números da temporada regular, vale dizer, não são muito diferentes daqueles registrados na série final do NBB. No confronto direto das estrelas, portanto, o Flamengo leva uma grande vantagem sobre o Universo.

Por outro lado, a comparação revela também que o time rubro-negro é muito mais dependente de seu astro maior do que o adversário. Além disso, é muito mais fácil corrigir o time brasiliense, fazendo com que Alex deixe de arremessar do perímetro e priorize as infiltrações, do que fazer com que Marcelinho Machado, num dia ruim, acerte os seus arremessos.

Jogo coletivo x Jogo centralizado

Se no confronto individual entre Marcelinho e Alex, o rubro-negro vem levando ampla vantagem, o Universo possui a sua produção ofensiva muito melhor distribuida no elenco.

Se levarmos em consideração apenas os números da série final, pegando emprestado os cálculos do Rebote, veremos que a diferença na média de pontos entre o cestinha Alex e o 6º melhor pontuador da sua equipe, Márcio Cipriano, é relativamente pequena: apenas 10,5 pontos por partida.

Na equipe rubro-negra, por outro lado, a diferença de produção ofensiva é maior até mesmo quando Marcelinho Machado é comparado ao segundo melhor pontuador da equipe, Jefferson William: são 11,5 pontos de diferença, por partida. Nada comparado, porém, ao verdadeiro abismo existente entre a produção de Marcelinho e a do sexto pontuador do Flamengo nesta série final, Hélio: 20,8 pontos por partida de diferença.

Por essas e outras, não parece uma tática ruim gastar a maior parte da energia de Alex para conter o ala rubro-negro.

Ritmo frenético x Posse de bola trabalhada

Não há como vencer o time do Flamengo na base da correria. São os especialistas nacionais nesta modalidade que, em geral, não lembra muito o basquete.

Os brasilienses puderam sentir isso na pele em dois momentos distintos neste NBB. Primeiro, quando começaram a 1ª partida da decisão com um time de jogadores baixos, tentando repetir a fórmula bem sucedida aplicada contra o Pitágoras/Minas; depois quando a equipe levou a virada no Jogo 3 com uma fulminante parcial de 2 x 14, em apenas 2 minutos de basquete.

A boa notícia para o Universo é que, de uma forma geral, a equipe vem conseguindo reduzir o ritmo das partidas, o que se reflete em placares baixos como o 82 x 78 do último domingo (em 45 minutos).

O prêmio por trabalhar a posse de bola até o último segundo é encontrar espaços na esburacada defesa rubro-negra. Através de troca de passes rápidos e alguns poucos bloqueios tem sido tranquilo encontrar o caminho da cesta fácil contra o Flamengo. Para tanto, é necessário paciência.

Se faltar a tal paciência, sorte dos rubro-negros, bons na recuperação de bola (4ª melhor média na competição), e azar dos brasilienses, 4ª equipe que mais cometeu erros na competição, em média. Além disso, os jogadores do Flamengo simplesmente são melhores nos arremessos forçados.

Decepção rubro-negra x Decepção candanga

Não dá para dizer que Rafael Araújo e Valtinho estão fazendo uma série horrorosa. No entanto, são jogadores que deveriam ser, no mínimo, os principais coadjuvantes de suas equipes. E não estão sendo…

O pivô rubro-negro tem médias de 10,8 pontos e 7,5 rebotes por partida, mas vem tendo uma dificuldade enorme de ficar em quadra, em virtude do excesso de faltas, muitas das quais cometidas infantilmente. Baby já foi excluído com 5 faltas em 2 das partidas e nas outras 2, terminou o jogo pendurado com 4 faltas. O resultado é que em somente 1 partida conseguiu superar a marca dos 30 minutos jogados. Muito pouco para quem chegou com o status de pivô da seleção brasileira e de ex-NBA.

Não bastasse, ao enfrentar um dos poucos garrafões brasileiros de alta estatura e força física, Baby não vem conseguindo atuar em sua zona de conforto, ou seja, embaixo da cesta. Quando obrigado a atuar a mais de 2 metros do aro, a sua produção cai drasticamente. Para piorar, a fraca defesa de Baby vem conseguindo ressucitar o pivô Estevam, que há tempos não produzia tão bem (10,5 pontos e 8,5 rebotes por partida).

Já o armador Valtinho não vem sendo nem sombra do jogador que marcou 32 pontos no 1º turno do NBB contra o mesmo Flamengo, e muito menos daquele que outrora possuia o status de melhor armador brasileiro.

Cometendo uma média de 3,7 erros por partida, o armador já perdeu até o posto de principal alvo da torcida rubro-negro, tão discreta vem sendo a sua participação nas finais do NBB.

O veterano é uma aposta muito mais segura para os momentos decisivos do que o “incontrolável” Diego e se a equipe de Brasília quiser conquistar o título, melhor que a produção de Valtinho cresça no Jogo 5.

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