Guerra dos Tronos

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Publicado em: 6/02/2013

Chegou o meio da temporada no mundo da bola laranja. Na NBA, o trio de ferro Miami, San Antonio e Oklahoma, segue sua marcha para ficar com as três melhores campanhas da fase regular que, de acordo com as probabilidades de John Hollinger (clique aqui), deverá reservar em sua segunda perna, apenas a briga entre Rockets, Lakers e Blazers pelo último bilhete de entrada aos playoffs da conferência oeste.

Do outro lado do Atlântico, outras duas ligas que despertam muito interesse, A Euroliga e a ACB espanhola, chegam a momentos importantes na temporada. O torneio continental chega à sua reta final para a definição dos que continuarão na estrada até o Final Four, a ser realizado em Londres no mês de maio, enquanto que, os espanhóis promovem neste fim de semana a Copa do Rei, evento que premia as oito melhores equipes do primeiro turno. Porém, aos europeus parece estar reservado um acirrado tira-teima entre Real Madrid e Barcelona, que embora não seja a mais visceral (gregos, turcos, sérvios e croatas entendem mais disso), é a mais midiática das rivalidades.

Equipe que mais vezes ganhou o principal interclubes da Europa (oito títulos), o Real Madrid desenvolveu uma verdadeira obsessão pela Euroliga nos últimos anos. Os principais motivos? O primeiro foi ter sua posição de maior vencedor e de sempre favorito abalada, afinal, desde a última vez que conquistou a coroa européia (1995), o “gigante branco”, além de ver o grego Panathinaikos levantar o troféu por seis vezes, esteve presente em apenas duas oportunidades no Final Four (4º colocado em 1996 e 2011) e, segundo (será que é segundo mesmo?), ver na última década o Barcelona subir duas vezes no lugar mais alto do pódio e se tornar uma presença cada vez mais dominante no continente.

Em sua segunda temporada, parece que finalmente o técnico Pablo Lazo conseguiu acertar a maneira do time se defender. Em 2012, o Real Madrid foi o dono de uma das piores defesas da segunda fase (Top 16) da Euroliga, deixando os adversários marcarem 105,8 pontos a cada 100 posses de bola.  Na atual temporada, uma virada radical: melhor eficiência defensiva do Top 16, permitindo apenas 91,7 pontos a cada 100 posses e quarta equipe que mais faz os oponentes errarem (20,6 erros a cada 100 posses, contra 14,9 da última temporada). Para confirmar o bom momento, as duas últimas vitórias foram uma demonstração de músculos do sistema defensivo. Primeiro contra o Panathinaikos, em Atenas (58 x 54), quando depois de ir para o intervalo perdendo por dez pontos, permitiu que os gregos anotassem apenas 17 pontos no segundo tempo. Na última quinta, quando enfrentou o CSKA (86 x 78 na prorrogação), time que possui o melhor desempenho ofensivo do Top 16, com 1,17 pontos por posse e 1,3 assistências para cada erro que comete. O time russo saiu de Madri com estes números: 0,94 pontos por posse e uma assistência para cada erro cometido. No ataque, a equipe tem sido mais comedida, cuidando muito bem da bola. Na primeira fase, a equipe teve a terceira posse de bola mais curta (31 segundos) e cometia 16,4 erros a cada cem posses. Nesta segunda fase, a posse de bola aumentou quase três segundos e o número de erros baixou para 15,1.

O Real tem sido consistente tanto no torneio continental quanto em seu próprio quintal, com 19 vitórias e uma única derrota em terreno doméstico. Melhor ataque e equipe mais eficiente do torneio. A derrota? Para o Barcelona (96 x 89) com uma atuação fantástica de Juan Carlos Navarro (33 pontos e 44 de eficiência).

O Barcelona, que continua sob a regência de Xavi Pascual é a definição que mais se aproxima de time bipolar. No torneio continental é um pesadelo para os adversários, com sua muralha defensiva – somando-se as duas fases, é a equipe com melhor campanha (14 vitórias em 16 jogos) e com a eficiência defensiva mais alta (sofre 89,7 pontos a cada 100 posses do adversário). Na parte ofensiva, o time catalão está mais incisivo: na temporada passada, no período correspondente, anotava 101,4 pontos a cada 100 posses (8º melhor desempenho). No atual campeonato é o segundo neste quesito, com 113,5 pontos a cada 100 posses. Nas duas últimas rodadas não tomou conhecimento de dois candidatos à surpresa da competição. Primeiro, foi até o País Basco e acabou com a série de 17 vitórias seguidas (sete na Euroliga e dez na liga ACB) do Caja Laboral. Depois, recebeu e atropelou  o Siena (85 x 66), equipe que estava invicta no Top 16.

Já na liga ACB, a equipe ocupa a “modesta” quarta colocação, com 12 vitórias em 20 jogos e tem sofrido mais que o normal. Na atual temporada já foram quatro jogos decididos por três ou menos pontos (o mesmo que em toda a fase regular do campeonato passado). Corre o risco de um dia os fios se inverterem. Um fato que serve de alivio para o Barcelona (e que bonifica o Real): na atual liga ACB, apenas Real e Caja Laboral tem menos do que sete derrotas, o que demonstra o grau de competitividade elevado.

A primeira batalha entre eles foi em setembro, na Super Copa, torneio que abre a temporada na Espanha. Os merengues levaram a melhor: 95 x 84 sobre um Barcelona sem Navarro.

O segundo episódio será nesta quinta, quando eles se enfrentam já na primeira rodada da Copa do Rei. Final antecipada? Grandes chances.

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