Há 10 anos…
Há 10 anos atrás, um cara que ainda veste a camiseta nº 8 do Los Angeles Lakers carregou toda a equipe em suas costas e, literalmente sozinho, os levou à vitória sob os olhares de uma torcida barulhenta no Staples Center.
É claro, estamos falando do astro Kobe Bryant. Então com 27 anos de idade, ele registrou a impressionante marca de 81 pontos (relembre no vídeo a seguir) em 42 minutos naquela tarde de domingo (dia 22/01/2006), ao converter 28 dos 46 arremessos de quadra, acertar 7 das 13 tentativas de 3 pontos e atingir um aproveitamento de 18-20 da linha de lance livre, a caminho de uma vitória de virada por 122X104 contra o Toronto Raptors.
A pontuação fica atrás apenas do lendário jogo de 100 pontos de Wilt Chamberlain na lista das maiores performances em pontos da NBA. Ninguém chegou a menos de 10 pontos dos 81 marcados desde 1994 e a única outra vez que um atual jogador da liga anotou 65 pontos ou mais foi quando o próprio Kobe registrou isso em 2007.
Mas talvez, a parte mais maluca desta atuação que aconteceu há uma década, tenha ficado esquecida: ela não pareceu tão excepcional quanto se parece. Enquanto muitos na NBA passaram despercebidos, nós lembramos que aquela performance de Bryant estava para acontecer nas semanas que antecederam aquela partida contra o Toronto.
Antes mesmo daquele confronto, Kobe estava registrando uma média de mais de 40 pontos/partida em janeiro e cerca de aproximadamente 35 pontos por jogo na temporada, tendo estabelecido 5 partidas de 40 ou mais pontos seguidas desde o início do mês – ao todo, na temporada 2005/2006, ele produziu 27 jogos desta forma. Os Lakers estavam um pouco acima dos 50 % de aproveitamento, com Bryant fazendo mágica para vencer cada uma destas partidas e conduzindo efetivamente sua equipe em cada período com um elenco recheado de jogadores “sem nome” que logo sumiram, como por exemplo, Smush Parker, Chris Mihm, Kwame Brown, etc.
E, eventualmente mais importante, Kobe foi somente lembrado por um mês pelos seus 62 pontos em uma única partida – quando ele superou a pontuação total dos Mavericks após 3 quartos (62X61). A vantagem dos Lakers naquele duelo era tamanha no início do último período que Bryant sequer retornou ao jogo – uma oportunidade perdida de chegar à marca de 70 ou 80 pontos em uma única partida – impedindo os torcedores de testemunhar o que já poderia ter sido uma noite histórica (reveja no vídeo abaixo). Porém, ainda havia um sentimento de que aquela noite em Dallas poderia acontecer posteriormente – ou algo ainda mais grandioso. E acabou acontecendo.
Relembrando os comentários dos companheiros e treinadores de Kobe depois dos seus 81 pontos, vale destacar que não havia surpresa no vestiário dos Lakers. O ala Lamar Odom descreveu a performance de Bryant como “notável”. O técnico Phil Jackson se referiu como “fascinante” enquanto o fabuloso Kareem Abdul-Jabbar disse que foi “um verdadeiro prazer”. E as próprias palavras que Kobe usou para explicar seu desempenho foi algo em torno de “necessário – nada extraordinário”.
De toda forma, há 10 anos atrás, vendo o astro dos Lakers em quadra, os fãs do time certamente ficaram fascinados, mas nem tanto surpresos. Naquela época, o torcedores presentes no Staples Center, sempre esperavam que ele fosse formidável. Kobe era (ou ainda é) de outro mundo. Ficamos mal-acostumados, e devemos realmente apreciá-lo – como podemos lembrar há exatos 10 anos da sua atuação fantástica, histórica, mas completamente previsível. Seus 81 pontos foram incríveis, mas não surpreendentes.