Jogando com defesa forte, Bauru vence o Minas
Minas e Bauru se enfrentaram na Arena Vivo nessa sexta feira (18/02) em confronto direto pela 7ª posição na classificação do NBB. Era esperado um confronto equilibrado já que os dois times que vinham embalados por sequências de vitórias, 4 dos mineiros e 5 dos paulistas, porém o que se viu foi um domínio de Bauru, que decidiu o jogo com uma vantagem obtida ainda no primeiro quarto. A vitória por 86 x 67, não só comprovou que Bauru atravessa uma ótima fase, como também que o time vem forte na disputa pelas cabeças, com 2 vitórias a menos que o líder Flamengo, apesar de ter 1 jogo a mais.
O jogo
O confronto começou equilibrado, com as duas equipes realizando poucos arremessos e procurando atacar através de infiltrações. Como consequência, vários erros cometidos e na metade do primeiro quarto o placar apontava apenas um magro 6 x 6.
Então ocorreu o momento chave do jogo. Quando Bauru liderava por 15 x 10, Néstor Garcia, técnico do Minas, pediu um tempo técnico. Guerrinha, técnico do Bauru, modificou a postura da defesa e o que se viu foi uma sucessão de erros no ataque mineiro e uma queda forte no rendimento da defesa que passou a permitir vários buracos, devidamente aproveitados por Alex e Pilar, que se destacaram muito após a parada e sendo os principais responsáveis pelos 12 pontos consecutivos dos paulistas até o fim do primeiro período, que terminou em 27 x 10.
No segundo período os erros defensivos do Minas continuaram. Bauru passou a precipitar alguns chutes de 3 e isso fez o Minas esboçar uma reação, que não durou muito, já que Bauru atacava muito bem com Fischer, Alex, e principalmente, Pilar. Do lado mineiro o americano Bernard Robinson que fez um bom primeiro quarto teve problemas com faltas, acabando por ser sacado pelo restante do período. Com uma arma a menos no ataque o Minas a diferença aumentou. Garcia usou os 3 minutos finais para tentar imprimir uma defesa mais forte, com pressão quadra toda, mas Bauru era mais rápido na transição e conseguia encontrar, e aproveitar, muito bem os espaços. O primeiro tempo terminou com a diferença de 55 x 30.
No terceiro quarto o Minas tentou alternar entre defesas zonas e individuais para parar Bauru, o que surtiu efeito nos minutos iniciais. A diferença que era de 25 pontos no intervalo caiu para 18 e a torcida, que melhorou sensivelmente desde início da partida (vide fotos abaixo), “entrou” no jogo e passou a apoiar bastante. Porém, mais uma vez a reação não durou muito e com vários ataques precipitados, a diferença voltou aos 25 iniciais. Ainda no terceiro quarto, o Minas conseguiu diminuir a vantagem paulista em 7 pontos novamente, mas o time já não tinha mais força e ânimo para reverter o placar.
O período final foi apenas de administração para Bauru. O placar final de 86 x 67 confirma que a diferença obtida no primeiro período foi determinante para a vitória paulista, que teve ótimas atuações de Alex, Jeff e Douglas, todos com 17 pontos. A equipe ainda contou com boa participação de Fischer e Pilar, que, vindo do banco, conseguia manter o ritmo forte da equipe. Do lado mineiro Raulzinho foi o cestinha da equipe e da partida, com 19 pontos e Robinson, com 14.
Na sequência do NBB, o Minas enfrenta Assis em casa, nesse domingo (20/02), 11 da manhã, enquanto Bauru tem mais um jogo chave, contra o Flamengo na HSBC Arena, também no do domingo, 12:00.
Ao final do jogo conversamos com alguns nomes da partida.
Raulzinho
O que houve com a defesa após o tempo técnico no primeiro quarto? A diferença do placar no período foi crucial para o resultado?
– Com certeza. Nossa defesa não voltou bem, ficou muito frágil e do outro lado o Fischer e Alex estavam acertando tudo que tentavam.
O Robinson que vinha bem acabou cometendo a 3ª falta no momento de reação do segundo período. A história poderia ter sido diferente se ele continuasse em quadra?
– Acho que não. Ele é um grande jogador, mas a gente estava num dia ruim. As coisas não estavam dando certo e por isso acho que o resultado seria o mesmo.
Pilar
A gente viu um Bauru muito motivado hoje, o que aconteceu?
– A equipe estava muito motivada, principalmente em quebrar o tabu de que Bauru não vencia em BH (o tabu durava 3 anos), viemos pra jogar de igual pra igual e saímos com a vitória.
Vocês fizeram 12 pontos consecutivos após o tempo do Garcia, no primeiro período, o que o Guerrinha falou pra vocês?
– A equipe modificou a postura defensiva e todo mundo entrou com muita vontade, o que fez a gente disparar no placar.
Você foi uma figura que participou muito bem do jogo, apesar de vir do banco. Como está sendo essa mudança, já que você vem de uma equipe em que era o protagonista?
– A adaptação está sendo muito boa, vem ocorrendo há 4 meses e eu tive uma identificação muito rápida com o grupo, o que me deixou mais a vontade. Aqui no Brasil é difícil a gente ver o pessoal dando importância pra quem vem do banco. Claro que quero chegar no titular, por isso continuo trabalhando pra isso.
Bauru terminou com vários jogadores pontuando bem, essa distribuição dos pontos permitia que o Guerrinha rodasse os jogadores sem diminuir o ritmo?
– Com certeza. Entrou eu, Gui, Castellon e o ritmo continuou forte.
Guerrinha
Comente pra gente essa vitória e a quebra do tabu.
– Foi uma vitória importante, do outro lado tinha um técnico argentino que é sempre visto como superior aos técnicos brasileiros, mas também temos coisas boas aqui. Mostramos que um técnico brasileiro pode vencer na tática contra um argentino.
O jogo mudou muito após o tempo do Garcia no primeiro período, o que aconteceu?
– Eu me antecipei a ele. Sei que a escola argentina prima por jogar em cima de um jogador e do pick ‘n roll, por isso anulei essas duas armas dele colocando uma marcação forte em cima do Sucatzky e deixando um maior volume de jogo pro Raulzinho, que teve mais espaços.
E o ritmo do time se manteve desde então…
– Apostamos num jogo coletivo. Vários jogadores pontuaram e pude rodar a equipe sem permitir que o ritmo caísse. Falam tanto do treinador brasileiro, mas está aí. Uma vitória tática sobre um técnico argentino.
Bauru vem de uma sequência muito boa, no NBB, agora com 6 vitórias consecutivas, a que se deve isso?
– Principalmente devido ao fim do Campeonato Paulista. O Paulista deveria ser menor pois atrapalha a gente muito no NBB. Tenho ao mesmo tempo as finais do Paulista e início do NBB, o que vou prioriza? Claro que são as finais, o NBB a gente corre atrás depois. O ideal é que a gente tivesse um Palista menor até porque o time entra no NBB cansado e com lesões. No início eu não tinha Pilar, Castellon, entre outros.
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Colaboração: Henrique Lima