Jogo Inaugural: Símbolos e dilemas para temporada do Boston Celtics e Cleveland Cavaliers

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Publicado em: 31/10/2008

A atual temporada da Associação de Basquete Nacional (NBA) começou embaixo do signo da crise financeira que se alastra pelo planeta depois do estouro da bolha especulativa do subprime, sendo que a extensão ainda é desconhecida tanto para os trinta clubes que compõe a liga como para nós consumidores.

Mas sobre os dois clubes, pudermos assistir os atuais campeões recebendo os anéis das mãos do comissário da liga David Stern, tudo conforme o figurino: quando apresentado, David Stern vaiado (já que é odiado pela torcida local) e aplausos para cada um dos proprietários, dirigentes, comissão técnica e jogadores que atuaram na conquista da temporada 2007/2008. Subiu-se o Banner 17.

Finaliza-se a premiação com a seção de fotos dos jogadores exibindo os seus anéis que no dia seguinte serão mostradas em todos os jornais – uma parece ter sido escolhida para eternizar esse momento. Foi a de Brian Scalabrine que, no melhor estilo cosplay, fez pose de Capitão Planeta.

Passado esse momento, rememoramos a campanha e pensamos no significado dessa conquista já que além de ser o clube mais vitorioso história da NBA com 17 títulos, foi ali perto daquele ginásio que em Dezembro de 1891, o professor de educação física canadense James Naismith do Springfield College, criou esse esporte. Por ser o berço do basquete e estar amargando um jejum de 22 anos não dá para dizer que essa conquista foi vista como um retorno aos tempos de glória.

Finalmente deu-se a escalação de quem iria jogar pelo Celtics, viu-se que manteve a base e é um dos favoritos ao título. Mas, pairam dúvidas sobre a sua atual força , tanto pela idade dos seus três melhores jogadores (estão acima dos 30 anos), quanto se seu banco poderá manter o jogo quando estes não estiverem em quadra, já que o seu melhor “reserva” James Posey resolveu não renovar e ir desfilar sua categoria no New Orleans Hornets.

Em contraste, o Cleveland Cavaliers é enorme, é um time sem tradição de vencedor, existe até uma cena do filme já clássico Estranhos no Paraíso de Jim Jarmusch de 1983 que mostrava vazio por causa de um time desacreditado. Sabemos que a situação mudou com a chegada de Lebron James, mas o time agora simboliza o novo e como tal precisa se auto-afirmar – e não como o Celtics, com a tradição e o retorno as glórias passadas.

Ohio é um dos estados que mais afetado pela crise do subprime por causa da queda do valor dos imóveis e as previsões para lá não são animadoras quanto ao tempo de recuperação da economia, por isso manter seu principal astro agora é mais crucial que nunca para o consumo dos produtos da franquia pelo mundo. Dentro desse cenário, a vinda do armador do Bucks Mo Williams para reforçar o elenco em uma troca que envolveu 6 (seis) jogadores com os times do Oklahama City e do Milwakee Bucks e a renovação do contrato de Delone West podem ser vistas como uma mensagem que a diretoria vai tentar dentro das limitações dadas montar um time para dar a Lebron o que ele quer, um campeonato, e assim mantê-lo.

Se todos esses ingredientes externos já atraiam interesse do jogo, agora finalmente poderíamos analisar como se sairia a defesa e o banco do Celtics sem James Posey e como se comportaria o ataque do Cavs com a inserção de armador Mo Willians. Ver o duelo entre Paul Pierce e Lebron, a tradição contra o novo etc. E qual dos favoritos ao título da conferência Leste se sairia melhor.

Na disputa de bola inicial entre Perkins e Big Z, a bola sobrou para Mo Willians e o Cleveland já demonstrava muita disposição com uma forte marcação e atacando com muita consciência. Os jogadores do Celtics pareciam que ainda estavam na premiação, o ataque não funcionava, contudo a 5:45 para terminar o quarto, Doc Rivers pede tempo, dali por diante a partida se equilibrou.

Foi um grande jogo, difícil de descrever por que o coletivo prevaleceu sob o individual para o resultado final, mas para nós brasileiros, revemos Anderson Varejão jogando e em grande forma, lutando muito pelos rebotes ofensivos e marcando bem. De negativo o ataque do Cavs sem Lebron no terceiro quarto demonstrou os mesmos defeitos de sempre, previsibilidade que facilitou a defesa e a virada do Celtics neste quarto.

Dos mandantes, o famoso big three tiveram um jogo apagado. Kevin Garnett parecia querer ir para casa logo e usar seu anel. Já o mercurial capitão do time, Paul Pierce, depois de emocionar-se com a entrega do prêmio, fez outra grande partida contra Lebron James, e ao final foi eleito merecidamente o melhor em quadra com 27 pts, 4 assistências, 3 rebotes. R. Rondo demonstrou estar ainda evoluindo e suas duas roubadas de bola no quarto quarto selaram, ao nosso ver, o destino do jogo. A segunda unidade, pelo menos nesse jogo, Tonnie Allen e Leon Powe, assumiram a função de James Posey com perfeição e dissiparam as dúvidas momentaneamente. E para repetir o chavão da temporada passada, a defesa do Celtics venceu o jogo.

Esta foi uma grande abertura, mas também o primeiro duelo de dois times. Agora é esperar pelo jogo de volta no Gund Arena (dia 09 de janeiro). Veremos se Cavs se vingarão ou não, e também teremos um quadro mais nítido da crise que assola a economia mundial.


Marcelo Luiz de Paula Conceição

Marcelo estréia hoje no Draft Brasil

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