Mais um massacre argentino
Era para os argentinos terem seu primeiro teste hoje em Mar del Plata. Mas só era, afinal, jogando concentrados desde o primeiro minuto os comandados por Julio Llamas atropelaram o Uruguai e já no primeiro período tinham o jogo na mão. Luis Scola, Andrés Nocioni e Juan Gutiérrez foram muito para uma apática seleção celeste que envergonhou boa parte de sua torcida no Twitter exatamente por não mostrar reação e garra (elementos tradicionais de qualquer seleção uruguaia).
Enquanto Esteban Batista caminhava em quadra, Leandro Garcia Morales ficava no hotel com uma febre e Gustavo Barrera teimava em errar arremessos que todos sabem que ele pode converter, Reque Newsome e Martín Osimani eram os únicos uruguaios que pareciam tentar alguma coisa e não temer os argentinos. Um time inferior e com apenas dois jogadores jogando bem virou de longe presa fácil para os argentinos. Scola mais uma vez foi genial e dominou o garrafão em ambos os lados da quadra. Nocioni brigou muito e anotou com qualidade e Juan Gutiérrez mostra mais uma vez que sua volta ao basquete doméstico fez com que melhorasse e ganhasse confiança. O pivô do Obras vem fazendo ótimo torneio até aqui.
Do lado argentino, ainda pode-se notar um empenho e foco exemplar. Além de um potencial defensivo muito interessante. Me parece também que Llamas já conseguiu imprimir seus sistemas com perfeição e esse time consegue rodar a bola com muita facilidade. Os dois armadores (Prigioni e Pepe Sanchez) fazem seu trabalho com maestria.
Do lado uruguaio, só dois fatores positivos: O bom entendimento da rotação reserva com destaque para Bruno Fitipaldo e Sebastián Vázquez. Fitipaldo é um armador nascido em 1991 e começa a dar sinais da renovação dos celestes que ainda conta com os já experimentados na seleção maior (Mathías Calfani e Iván Loriente, ambos classe 1992). Calfani por sinal viu ação por 18 minutos hoje, entretanto, não foi tão bem quanto Fitipaldo que anotou 11 pontos e foi o cestinha do time. Vázquez é um ala defensivo que finalmente deixa Gerardo Jauri com uma opção de banco para Mauricio Aguiar. Em pouco mais de 15 minutos anotou 4 pontos, roubou 3 bolas e deu 2 assistências. Além do banco, o outro fator importante foi o fato dos titulares uruguaios jogarem apenas 20 minutos no duelo de hoje. Essa seleção já sofreu muito em competições anteriores pelo desgaste de seu núcleo forte. Dessa vez, as estrelas começam o torneio praticamente dois dias depois de todos, afinal, folgaram na primeira rodada e hoje mais bateram bola do que fizeram qualquer outra coisa.
Os resultados só serão conhecidos a partir do duelo de amanhã contra Porto Rico, mas principalmente, na segunda fase, quando o Uruguai costuma perder potencial e ficar na beira da classificação por perder jogos bobos contra times inferiores.
Por fim, os argentinos mostraram hoje porque são favoritos. Não consigo ver esse time não indo de forma direta para Londres. Pode até acontecer uma zebra e perder a final, entretanto, no último jogo da competição eles estarão. Caso contrário, aí sim teremos uma zebra histórica.
Raoni Moretto
raoni@draftbrasil.net