Marcelinho: Dominante ou dominado?

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Publicado em: 2/03/2008

Com 100% de aproveitamento em 10 jogos o Flamengo é o líder do Campeonato Nacional de Basquete Masculino 2008, e o jogador destaque do time carioca é um velho conhecido do torcedor brasileiro, Marcelinho Machado.

Marcelinho lidera o Ranking de Eficiência, além de ser o grande pontuador – com uma média de 25,5 pontos por jogo – do Campeonato. Grande parte de seus pontos vem das inúmeras tentativas de arremessos da linha de três pontos.

As estatísticas mostram que Machado é o jogador que mais tenta esse tipo de jogada, com 9.7 tentativas por jogo, mas o seu aproveitamento não passa de 37,1%, sendo apenas o 12º no Ranking de Aproveitamento de três pontos. Em termos de comparação, em sua curta passagem pela Euroliga – 12 jogos, na temporada 2006-2007, defendendo o Zalgiris Kaunas, da Lituânia, Marcelinho teve apenas 26,3% de aproveitamento no mesmo quesito.

Defendendo a Seleção no último pré-olímpico, em 2007, obteve aproveitamento de 37,1% da linha de três pontos, como até aqui no Nacional. Todavia, em duas partidas decisivas para o Brasil, dois jogos contra a Argentina e um contra os EUA, teve médias de 25 e 29%, respectivamente.

Questionando o domínio de Marcelinho Machado no basquete nacional, buscamos a opinião de Fábio Balassiano – componente do site rebote.blogspot.com, do grande bicampeão mundial, Wlamir Marques e do editor-chefe do nosso site, Alfredo Lauria. Perguntamos aos três: Por que Marcelinho é tão dominante nos campeonatos nacionais e não consegue repetir esse domínio quando joga em campeonatos de mais alto nível?

Fábio Balassiano: – Apesar de possuir um chute seguro da linha de três pontos, esta é sua única arma. Em um torneio de alto nível, sua jogada se torna facilmente marcada, e seu repertório fica ainda mais descoberto. O ala não possui um bom jogo de costas para a cesta, arremessos seguros de dentro do garrafão e velocidade para as infiltrações. Com isso, os adversários marcam facilmente o brasileiro de uma nota só.

DB: – Você fez uma leitura voltada para os jogos de alto nível. Mas e no Nacional, o que acontece?

Fábio Balassiano: – O nível técnico e a carga de estudos dos treinadores são mais baixas e o Marcelinho possui os seus “touches” garantidos. Na seleção, além de ficar evidenciada a sua dificuldade em grandes jogos, sua seleção de arremessos precisa ser maior.

Wlamir Marques: – Caros Amigos, eu acho que não é bem assim como vocês afirmam ou questionam. O Marcelinho é um grande jogador e a sua carreira sempre foi pautada em sucesso, seja nos clubes que defendeu, como algumas tantas vezes na seleção brasileira. Sobre a diferença entre jogar na seleção brasileira e em clubes, só é capaz de dizer a diferença quem participou das duas, porque ela é muito grande. As responsabilidades são diferentes, as camisas possuem pesos distintos, uma seleção é uma coleção dos melhores do país e em clubes são muito poucos os melhores e esses se destacam muito mais, isso é histórico e marcante em qualquer modalidade coletiva, até mesmo no futebol. O Marcelinho já foi considerado em muitas das seleções que ele participou como o melhor jogador do Brasil e até do campeonato ou torneio. Não considero essa afirmativa dele não render a mesma coisa em situações semelhantes, é que o erro na seleção possue repercusão diferente do clube. Quando se joga em um clube, muitos torcem pelo seu erro, afinal a torcida é muito passional e cumpre o seu papel, acontece que jogar pelo país todos torcem para os seus acertos e a cobrança passa a ser muito maior, porque são poucos aqueles que aceitam os erros de um atleta que veste uma camiseta de representação nacional.

Alfredo Lauria: – Vejo o Marcelinho como um caso de potencial desperdiçado. Ele é um jogador versátil e sempre teve uma ótima visão de jogo. Infelizmente, em algum momento colocaram na cabeça do Marcelinho que ele é um dos melhores arremessadores do mundo, o que é uma grande bobagem! Na Europa há dezenas de arremessadores tão bons ou melhores do que ele e na NBA há outros tantos. A diferença é que em nenhum outro lugar do planeta, onde o basquete moderno é bem praticado, os jogadores são livres para chutar uma média 10 bolas de 3 pontos por partida (nem no ritmo frenético e nos 48 minutos da NBA!).

Quando o Marcelinho enfrenta uma boa defesa com o seu estilo de arremessar o que lhe vier à mão, o resultado é um desastre. Aliás, o resultado seria idêntico se fosse um Kobe Bryant ou um Dirk Nowitzki arremessando tantas bolas inapropriadas. Atualmente, com quase 33 anos, o Marcelinho ainda poderia ser muito útil à seleção, mas com uma função limitada a aproveitar os espaços criados pelo restante da equipe, e não como principal pontuador. Sejamos realistas, no nível fraquíssimo do basquete brasileiro, principalmente considerando o imenso desnível entre as equipes, mesmo jogando nesse estilo temerário, Machado ainda consegue fazer uma grande diferença. O problema ocorre na hora de enfrentar defesas como a dos EUA ou da Grécia.

Foto: CBB

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