Minas vence Limeira em belo jogo na capital mineira

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Publicado em: 9/12/2011

Quinta à noite, Rafael Menta e eu seguimos à Arena Vivo, porém com certo atraso, mas conseguimos chegar às vinte e uma horas ao local. Na conversa pré jogo, imaginamos que Limeira tinha certo favoritismo, mas que o Minas, se jogasse com a mesma qualidade que fez contra o Flamengo, poderia complicar e fazer um bom espetáculo. Feriado em Belo Horizonte, jogo às 21 horas, pouco mais de 300 pessoas compareceram ao ginásio. Pesa contra ao time mineiro, em qualquer análise, a falta de experiência de alguns atletas, algo que não é a culpa de a ou b, simplesmente é a vivência, nada além disso.

E o jogo começou com equilíbrio. Limeira e Minas trocando pontos, porém sem terem defesas fracas. As defesas, aliás, marcam pressionadas desde a quadra defensiva da equipe adversária, importunando bastantes os armadores. Algo que é raro em nosso basquetebol. Além disso, as duas equipes atuam com dois armadores em seu plano inicial, Limeira até com três na quadra. Conversamos com os técnicos, após o jogo, sobre este assunto. (As entrevistas estão no final da reportagem).

Após um primeiro período com vitória de quatro pontos para o Minas, no segundo o equilíbrio permaneceu mas com Limeira tomando a dianteira do jogo, por um ponto. Neste momento, o jogo ganhava em emoção e também em confusões arquitetas pela arbitragem, que esteve mal, muito mal para ambos lados. Atrapalhou o Minas, atrapalhou Limeira e por pouco, muito pouco, não atrapalhou ao espetáculo. O basquetebol não pode se dar ao luxo de conviver com a falta de critério neste nível que assistimos.

Minas e Limeira em ação na Arena Vivo

Minas e Limeira em ação na Arena Vivo

Minas e Limeira em ação pelo NBB4

O terceiro período parecia ser o momento da ruptura do jogo. Limeira entrou melhor, com uma defesa bem postada, atacando com bom controle das ações, sem forçar arremessos, conseguindo se impor. Abriu doze pontos e o Minas pareceu perdido, aliás, parecia uma reprise do que houve em Uberlândia, dias atrás, com o time da capital mineira, quando o jogo foi parelho por quase toda partida e em três, quatro minutos, colocaram tudo a perder.

Se o filme da partida de Uberlândia passou na cabeça dos jogadores, ninguém saberá, mas que a recuperação que ocorreu naquele dia, no segundo período, foi semelhante a que ocorreu no quarto, isso é certeza. E mais do que isso, o descontrole tomou conta de Limeira, que viu a diferença ruir no marcador e chegar a apenas cinco pontos (70 x 65) quando Demétrius pediu um tempo.

Mas, o que se viu a partir dali, foi um total equilíbrio de ações, mas com Limeira na frente. Dentro do minuto final, quatro pontos atrás no marcador, Leandro acerta um tiro de três faltando vinte e um segundos para o final. Limeira tem a posse, um ponto de vantagem e falta em Eric Tatu, que cobra dois lances e erra um. Mark infiltra com nove segundos restando e sofre falta. Sem picar, concentrado ao extremo na partida, converte os dois lances livres. Na reposição, Limeira não consegue converter, prorrogação, empate no tempo normal em oitenta e seis pontos.

Uma partida de bom nível e emocionante com decisão na prorrogação

Uma partida de bom nível e emocionante com decisão na prorrogação

O vencedor foi conhecido apenas na prorrogação

No começo do tempo extra, o placar se manteve apertado, com o Minas em um momento melhor, com apoio da torcida presente conseguiu se aproximar da vitória. Faltando vinte e oito segundos, em um erro de Eric Tatu, seguido por uma falta do armador, Minas abriu três pontos, com dois lances livres corretos de Gonzáles. Benite e Ronald Ramon ainda tentaram o empate, porém sem sucesso.

Minas 96 x 93 Limeira, segunda vitória do time de BH em seis jogos, a primeira em casa e segunda derrota de Limeira em cinco partidas.

Taticamente

A partida contou com componentes táticos interessantes. Limeira atua com dois armadores de saída: Ramon e Benite. Por vezes, três ao mesmo tempo: uma vez que tem Neto e Eric no banco e ambos estão na rotação. Além disso, apenas um pivô na quadra, porém Daniel Alemão ou André Bambu tem mobilidade para correr pela quadra e se apresentarem não somente ganhando espaço debaixo do aro.

A garantia de um passe melhor, maior velocidade e agilidade na defesa e segurança na transição pode ser dos motivos que explicam a quantidade de armadores. No fundo, com fundamentos mais bem polidos, os armadores estão ganhando espaço e tempo de jogo, erram menos, ou seja, não devolvem a bola ao adversário por erros técnicos.

Pelo lado do Minas, dois armadores, um pivô, dois laterais, num modelo que até aqui não é usual no país, mas que começamos a ver outros times fazendo. Interessante notar que as características dos armadores são diferentes, com Gonzáles realizando mais chutes, com mais liberdade para tentar uma jogada individual, porém, ao mesmo tempo, a combinação de ambos na quadra é muito bom.

Não seria justo dizer que as defesas foram fracas na partida, ainda assim, os números de erros foram dentro de um limite aceitável, 11 para o lado mineiro, 13 para o lado paulista, em quarenta e cinco minutos de ação. A pontuação foi alta no tempo normal, o que soa como uma incoerência: pontuação alta, defesa forte ? Mas, acredito que a qualidade ofensiva este presente, Gonzáles por exemplo desceu ao poste baixo por algumas vezes, algo que pouco vemos um armador fazer em solo brasileiro. Pouco para não dizer nunca. Existe o crédito ofensivo. O jogo foi emocionante, mas o nível esteve bom.

O número de faltas terminou em 27 para o Minas, contra 29 de Limeira, o que até ajuda à explicação das defesas mais sólidas, pressionadas, porém, com a falta de critério da arbitragem e uma quantidade exagerada de faltas anti-desportivas e técnicas, posso dizer que existiu um pequeno aumento em relação à realidade da partida. A arbitragem não foi bem, porém não tem sido boa em vários locais do mundo, é um problema que não é exclusivo do nosso basquetebol por mais que imagine que é. Mas, não comprometeu o vencedor, longe disso. É apenas contextualizar que poderia ter sido melhor e evitado algumas marcações que ninguém no ginásio compreendia.

O lado ruim é o excesso de jogadas. Ainda somos reféns das mesmas, porém não culpo os treinadores, jovens e talentosos por isso. Tudo é um processo. Até dois, três anos atrás, era impensável ver times com dois armadores na quadra, um pivô apenas, laterais mais qualificados e com bons fundamentos, além do chute. Hoje, as duas equipes tem dois, três armadores em quadra e com boa organização. Daqui a pouco, veremos menos jogadas pranchetadas, menos desenhos e coreografias e mais leitura de jogo e soluções improvisadas. Os dois jovens técnicos estão neste processo, que por vezes é lento, mas estão em crescimento e provam ao atuar com uma quantidade não convencional de armadores, que é possível sonhar com dias melhores para o nosso basquetebol.

Abaixo as entrevistas com os técnicos Demétrius e Raul:

– Entrevista com Demétrius, técnico de Limeira:
demstrius

– Entrevista com Raul, técnico do Minas:
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