Minas vence Olympico e revela desnível do basquetebol belorizontino

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Publicado em: 8/10/2010

No combalido basquetebol mineiro, em especial o praticado em Belo Horizonte, o Minas Tênis se firmou como o grande representante da cidade no esporte da bola laranja. Não poderia ser diferente. Além de uma estrutura fora do comum, potencializada nesta última década, a queda do Ginástico ajudou ainda mais a dar a impressão de que a cidade só existia no mapa do basquetebol pela existência do clube de Lourdes. O Olympico, clube sediado no bairro da Serra, tenta reverter o processo do “monopólio” que vive a esfera da categoria adulto em BH. Porém ontem a noite na Arena JK, o que se viu foi um Minas, com apenas quatro veteranos e sete jovens (o mais velho do grupo, com 23 anos) vencer com tranquilidade seus adversários, que não conseguiram fechar ainda um grupo com 12 atletas profissionais, apesar de já do quinteto titular já ser uma realidade além de um reserva.

Com Facundo Sucatzky regendo o time da casa, ficou clara a diferença de nível técnico entre as equipes. No quinteto inical do Minas, ainda tinhamos o armador reserva da Seleção no último Mundial, Raulzinho, o veterano Arnaldinho, o lateral Leandro e o pivô Guilherme, que com a saída de Drudi e Murilo, deverá ter a oportunidade de jogar mais minutos. No banco, o lateral Bruno e pivô Cristiano, (18 anos cada e da Seleção de Walter Roese no segundo lugar da Copa América em San Antonio (Texas-EUA) neste ano) participaram ativamente do jogo, além do lateral Rodrigo, porém improvisado de pivô e o lateral Perez. Esta foi a rotação básica do Minas, que não utilizou Cauê Borges, filho do ex-atleta francano Chuí, apesar de ter o relacionado para o duelo. A equipe agora é comandada pelo argentino Nestor Che Garcia, que demonstrou muita calma à beira da quadra e conversando bastante com seus atletas nos tempos, utilizando menos a prancheta “mágica” e mais as palavras.  Raul Togni, treinador do juvenil do clube e auxiliar na temporada passada, foi mantido no cargo.

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O Olympico aprensetava nomes bem mais modestos dentro de quadra e a aspiração maior de fazer um bom jogo, ou seja, equilibrar as ações. O armador Djair (Ex-Coc), o lateral Feliz (ex-Assis) e o pivô Rodrigo Bahia (ex-Assis) era o trio nacional inicial, reforçado pelos norte-americanos Jerome L. Stamper (armador, ex-Las Vegas Aces) e Tony Willie Dennison (ala, ex-Barry Universty). A equipe contavam com jovens no banco, maioria do juvenil do próprio clube, destacando o pivô Gedson, que fez parte da rotação assim como o armador Rubens, do pivô Leonardo Solano. Outro atleta que faz parte do elenco, chegando de última hora em BH, é o pivô Rodrigo Gaspar, que veio de Bauru. Na direção da equipe, um técnico conhecido pelos belorizontinos, o norte-americano Michael Frink ( em Campeonatos Brasileiros: 91 jogos – 45 vitórias/46derrotas, entre 1991 e 1997, por Minas, Cesp Blue Life e Ginástico), que retorna às quadras para o árduo trabalho de fazer o Olympico competitivo contra times de nível nacional.

O primeiro período terminou com equilíbrio no marcador, 16 x 12 para os donos-da-casa, com as duas equipes marcando homem-a-homem porém sem muita pressão na bola. O principal destaque era a marcação na linha do passe do Minas Tênis, que sufocava os movimentos ofensivos do Olympico, com extrema dificuldade para conseguir arremessar, logo optando pela infiltração e tentando carregar de faltas os adversários.

No primeiro período, com a rotação inicial, o Olympico conseguia equilibrar as ações, porém logo se perdia em ataques mal organizados ou com defesa bastante passiva, o que resultava no placar abrindo sempre quando tricolor da Serra encostava no marcador.

06102010764O segundo período mostrou Facundo Sucatzky, principal nome do Minas, em plena forma. Acertando arremessos de todos os lugares da quadra e regendo o time com sua velocidade impressionante nas ações, desde repor a bola em jogo após uma cesta adversária até nos passes buscando chegar com a maior velocidade possível na quadra adversária para organizar o ataque. E de fato, podemos dizer que o Minas tem algo da mão de seu novo técnico. Troca de passes excelentes, com movimentações sem bola de boa qualiadde, atordoaram o Olympico, que com o passar do tempo de jogo e com a utilização dos seus reservas, começou a cair. Minas venceu o período por 19 x 11 e fechou o primeiro tempo em 35 x 23. Olympico, que antes não conseguia arremessar, teve problemas no segundo período para sair da pressão quadra toda que o time da casa utilizou. Nos momentos em que a pressão minastenista era vista em quadra, o placar dilatava.

Após o intervalo, o que se viu foi um Olympico vivo e renascido. Era dificil de acreditar que o Minas estava tendo problemas e o placar de momento era 43 x 38. Porém, quando vivia seu melhor momento e com 4:41 para jogar no relógio, o time visitante tomou uma falta técnica e todos os esforços se mostraram inutéis após isso. A equipe entrou em pane e o Minas passeou na Arena. O placar do período, 29 x 23 demonstra a piora gradatitiva das defesas, além da falta de foco do Olympico, que vencia o terceiro quarto, por 12 x 8, antes da técnica infantil e imbecil que levou.

Com o técnico norte-americano bastante irritado, com pranchetas sendo arremessadas ao chão nos tempos-técnicos, constratando com a calma e serenidade do argentino do Minas, o quarto período foi, de longe, o de pior nível técnico, causado pelo excesso de faltas do time visitante e por discussões entre os atletas. Exemplos foram, a discussão entre Tony Willie e Pere, com a arbitragem apenas apaziguando a situação, sem fazer qualquer sinal de punição aos empurrões vistos em quadra  e em um lance faltando 3:57 para o final do jogo, com o placar definido, em que Rodrigo Bahia, após cair em uma finta de corpo de Raulzinho, fez a falta, ainda tentou dar um soco no jovem armador. Olympico se perdeu completamente em quadra, tomou outra técnica, fez faltas bestas, reclamou da arbitragem e brindou aos presentes com tudo de mais amador que uma derrota pode ter. Isso após estar tão próximo do placar (antes da primeira técnica). Ou seja, o desequilíbrio emocional foi evidente. O jogo se aproximava do final e o apagadíssimo Tony Willie Dennison encerrou o evento com uma enterrada faltando pouquíssimos segundos, levantando uma pequena torcida do Olympico feita por familiares, amigos e atletas da base, que pouco demonstrava se importar com o placar.

Ficou claro que o Minas tratou a partida como um treino mais puxado do que o habitual. Para o Olympico, ficava claro a importância do evento e as intenções de tentar desestabilizar o time da casa de qualquer jeito, porém sem nenhum resultado prático. A diferença na qualidade dos elencos, transportada para dentro de quadra, saltou aos olhos nos momentos de maior tensão da partida. E nestes momentos, pesou a calma e tranquilidade. Por mais que o Olympico tentasse, não conseguia fazer uma sequencia longa e feliz sem cometer um deslize grave na defesa e com o passar do tempo, a toda marcação da arbitragem, reclamaçõe eram vistas em quadra e no banco, reações típicas dos times que estão naufragando e sabem que não vão conseguir voltar ao jogo.

Alguns pontos para reflexão devem ser mencionados. Quem coloca ingressos ao preço de R$ 6,00, para um jogo entre uma equipe profissional e uma equipe semi-profissional, com certeza não faz a menor idéia e não dá a menor importância para a presença do público na Arena. Se o preço for para acostumar os torcedores do Minas com a temporada que está começando, com certeza afastou e afastará alguns fãs. Ainda que estudantes, sócios, menores de 12 e maiores de 60 anos pagassem meia-entrada, é um absurdo o preço do ingresso. O pequeno público presente, composto na maioria por atletas da escolinha e categorias de base do Minas, reflete bem o preço exigido.

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Ficou claro que o Minas, apesar de todos os esforços, caiu em relação à temporada passada, o que é evidente quando se pensa nas perdas de Drudi, Murilo e Luiz Felipe, por exemplo. Mas isso pode ser facilmente superado com o trabalho de Nestor Garcia, que neste primeiro jogo em BH, já provou ter seu valor. Ataques pautados em muita movimentação, com dois armadores na quadra em todos os momentos do jogo (as vezes até três) e até mesmo sem pivô, controlados pelo relógio e sem precpitação ou chutes sem rebotes. O treinador demonstrou já ter controle do grupo e confiar em todos.

Paciência, será a palavra-chave para não jogar no lixo os bons valores jovens que o elenco tem. Rodrigo, por exemplo, é um atleta que tem o porte, tamanho e habilidade para conseguir jogar de lateral dentro do país. Seria de grande felicidade para todos nós do basquetebol, se este jovem atleta de 2,05m de altura, tivesse os recursos necessários para jogar de frente para cesta, com boa condução de bola e fintas corporais, não se prendesse ao jogo de costas para a cesta, em que terá como função primordial somente os bloqueios diretos e indiretos, para a passagem dos armadores. O talento do lateral é visível e não somente o dele. Guilherme, pivô veloz, com impulsão excelente, sempre disposto a receber a bola, sempre atento ao que se passa no jogo, poderá ter sua grande chance nesta temporada.

Porém, como relatado pela imprensa, o Minas Tênis corre para fechar mais reforços e conseguiu dois: o pivô Michel (Ex-Coc, Minas e nos últimos anos no basquetebol alemão e francês) e o norte-americano Brett Winkelman (ex-North Dakota Bisons e basquetebol europeu). A notícia se é boa de um lado, adiciona experiência para um grupo jovem, pode ser ruim por outro. Se Nestor Garcia tiver a mesma filosofia de Flavio Davis, os jovens terão tempo curto de quadra e a rotação poderá ser miníma, algo que não faz sentido em uma temporada longa e desgastante. Com uma mescla interessante, poderemos ver os jovens com tempo de jogo e adquirindo as malícias necessárias no adulto, além de ter a sempre saudável experiência dos veteranos. O Minas, com estes reforços e uma rotação bem pensada, poderá incomodar bastante no Nacional, mas não se pode esperar e nem cobrar em desamasia, por resultados como na gestão anterior, onde os gastos eram maiores e as expectativas sempre eram de disputar o título como favorito.

O que fazer com norte-americanos que não acrescentam praticamente nada a uma equipe? O velho problema da ilusão e da grife. Apenas por ser dos Estados Unidos,  não basta,  se o basquetebol não vier junto na mala. Os dois norte-americanos do Olympico são comuns e estamos cansados de ver no país, atletas que não fazem a diferença. O esforço para trazer caras deste nível deveria ser repensado. Ainda que os norte-americanos chamem atenção à primeira vista (pelas cores dos tênis e outros adereços e fantasias), os dois melhores atletas do Olympico foram os nacionais: o armador Djair e o lateral Feliz. Mais uma vez, uma equipe brasileira se perde nas contratações de estrageiros e paga o que não deve, para quem não rende. De fato, restam as dúvidas de sempre:  Será que alguém viu estes dois atuando, recentemente, antes de contratar ? Esta verba utilizada para traze-los, não poderia ser melhor empregada?

O retorno de um jogo de basquetebol, entre duas equipes adultas de Belo Horizonte, mostrou que o Minas ainda não tem adversários a altura na capital mineira. E nem terá, no médio prazo. Quem sabe, no longo prazo, com modificações de postura e contratações mais inteligentes e criteriosas, o Olympico não faça frente e tenhamos um clássico de verdade. Por enquanto, jogos desta espécie serão de teste para o Minas e luta para perder de pouco para o time da Serra. Por mais que os discursos oficiais possam ser diferentes, a prática demonstra um abismo entre os dois clubes.

Minas/Interforce e Olympico/Catalão voltam à quadra neste final de semana. No sábado Olympico recebe o PBF/Sport Club de Juiz de Fora, na quadra da Associação dos Veteranos de Basquetebol e no domingo, a equipe da Zona da Mata enfrenta o Minas, na Arena JK. Os dois times da capital enfretarão os times de Uberlândia (Unitri/Universo e Sesi) nos dias 14 e 15 de outubro e no dia 18 de outubro, na AVB, o jogo do returno do clássico da capital. O Draft Brasil estará presente em todos estes jogos.

A classificação do Campeonato Mineiro de Basquetebol – 2010:

1º – Unitri/Universo – 12 pontos – 6 jogos – 6 vitórias

2º – Minas/Interforce –  9 pontos – 5 jogos – 4 vitórias – 1 derrota

3º – Paraíso Basquete – 8 pontos – 5 jogos – 3 vitórias – 2 derrotas

4º – Olympico/Catalão – 7 pontos –  5 jogos – 2 vitórias – 3 derrotas

5º – Sesi/Uberlândia – 7 pontos –  6 jogos – 1 vitória – 5 derrotas

6º – PBF/Sport Club JF – 5 pontos –  5 jogos – 5 derrotas

O regulamento do torneio prevê semi-finais entre o primeiro e quarto, segundo e terceiro, em melhor de três jogos. A final será realizada entre os vencedores da semi-final, também em melhor de três jogos.

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