Moncho Who? Por Eduardo Agra

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Publicado em: 1/03/2008

Apesar do título irônico desta coluna parecer desrespeitoso à pessoa do novo treinador de nossa seleção, gostaria de deixar claro que não conheço seu trabalho e, sendo assim, não posso pré-julgar e nem quero ser desrespeitoso.
O título é uma alusão à falta de bom senso e à incapacidade de planejamento da Confederação Brasileira de Basquete.
É óbvio que os problemas do basquete brasileiro não serão resolvidos com a vinda de um treinador estrangeiro sem que seja dada a ele a oportunidade de fazer um bom planejamento de uma seqüência eficiente de treinos.
Pergunta: tais condições já foram dadas a um treinador brasileiro? Treinar de dez a quinze dias no Botafogo ou no Pinheiros, fazer três jogos amistosos antes de um torneio importante como o Pré-Olímpico em Las Vegas e lidar com jogadores que não cumprem os horários estabelecidos para os treinos são os requisitos adequados para quem quer chegar a uma vaga olímpica? Será que vamos ter mais disso?
Enquanto isso, no campeonato mais competitivo e melhor organizado do país, o professor Hélio Rubens e sua equipe de Franca se tornaram bi campeões estaduais de São Paulo.
A equipe de Franca, com jogadores experientes como Helinho, Rogério e Márcio Dorneles (todos, em suas entrevistas, elogiaram a filosofia de Hélio Rubens de trabalho de equipe, defesa consistente, jogo de transição rápido, conceitos modernos em qualquer liga do mundo), aliados à juventude de Matheus, Wiliam Drudi e Felipe, varreram por 3 a 0 (com destaque para os ótimos Vanderlei e Danilo) o São Bernardo Ulbra, que foi muito bem dirigido por José Neto, que, apesar de ter começado a treinar o time só no meio do campeonato, surpreendeu os favoritos para chegar à final, como Winner Limeira (bem comandado pelo Zanon) e Conti Assis. Outro destaque, em minha opinião, foi o trabalho realizado pelo técnico Chuí (Marco Antonio Peggolo), com o jovem time de Araraquara, no qual ficaram visíveis os conceitos de spacing no ataque (o melhor entre todas as equipes do campeonato) e de uma defesa agressiva sem deixar de ser consistente.
Se me permitem outra pergunta: será que um técnico vencedor como Hélio, que tem em sua filosofia conceitos modernos e que se mantêm fiel a aprimorar os fundamentos individuais e coletivos das suas equipes, que venceu campeonatos estaduais em São Paulo (Franca), no Rio de Janeiro (Vasco), em Minas (Uberlândia), campeonatos brasileiros como técnico e jogador e que participou também de diversas competições internacionais, não teria capacidade de comandar uma comissão técnica com esses três jovens treinadores citados aqui? Desprovidos de vaidade e todos eles supervisionados por alguém de nosso basquete, que pudesse lhes dar a tranqüilidade de um planejamento bem feito, que fosse cumprido, não só nos poderia levar a elite olímpica, mas também criar um projeto nacional a médio e a longo prazo para o nosso grande basquete brasileiro.

CBB WHO?

Eduardo Agra foi jogador da seleção brasileira de basquete, conquistando a medalha de bronze no Campeonato Mundial de 1978 e disputando os Jogos Olímpicos de 1984. Além disso, Agra foi campeão Mundial de Clubes pelo Sírio em 1979 e disputou a NCAA por Kansas State (de 1979 a 1983). Atualmente, Eduardo Agra é comentarista de basquete da ESPN e colabora com o Draft Brasil.

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