Não pode ser o fim
O Mundial Sub-19 de Basquetebol encerrou suas atividades ontem, com a vitória da Lituânia sobre a Sérvia e coroando Jonas Valancinunas como grande nome da geração nascida em 1992. Rússia ficou com o bronze e Argentina terminou em quarto lugar.
O Brasil terminou na nona posição, após vencer a Letônia novamente. Posição esta que definitivamente não foi a que os atletas e comissão técnica sonhavam. Porém, em um torneio de tiro curto em que uma derrota pode complicar qualquer caminho, os brasileiros tropeçaram quando não podiam e pagaram este preço jogando o torneio de consolação.
Interessante destacar que durante o torneio fizemos jogos complicados, embora tenhamos perdidos, contra Rússia e Argentina, dois semi finalistas e vencemos a Polônia, sétima colocada e perdemos também para Austrália, que finalizou o torneio em sexto.
Neste Mundial tivemos a chance de perceber que o equilíbrio na categoria é muito grande. Nenhuma Seleção terminou invicta, o time campeão perdeu duas vezes (contra Cróacia e EUA) e a partir do momento em que se encontrou, atropelou todo mundo. Não se abateu pelas derrotas mas também não teve muito tempo para corrigir os possíveis erros das derrotas, como todos os outros envolvidos. Porém conseguiu realizar ajustes necessários para se tornar campeão.
O nono lugar no torneio mundial não deve ser marcado como ato final da carreira de muitos dos nossos jovens. Precisamos de renovação no basquetebol nacional. Este torneio deveria ser apenas o começo da caminhada dentro do basquetebol. Este é o principal problema na renovação que clamamos tanto. O maior medo deste resultado é que esta geração tenha menos atenção ainda do que a geração anterior que disputou o Mundial Sub-19 em 2007, na Sérvia.
Todos que assistiram o campeonato tem a exata noção de que temos valores interessantes para serem trabalhados para os próximos anos. E não estou falando apenas do armador Raulzinho ou do pivô Lucas Nogueira. Temos uma geração composta por atletas que se forem esquecidos, representarão alguns anos jogados fora na preparação e formação dos mesmos. Além dos dois citados, temos David, Cristiano, Bruno, Felipe Taddei e Felipe Vezaro como nomes interessantes para uma possível renovação. Um resultado não pode direcionar toda a carreira de garotos que ainda estão aprendendo a jogar num nível acima do que temos dentro dos torneio estaduais pelo país. Vale lembrar que alguns destes garotos praticamente não tem concorrência interna nos torneios estaduais que participam.
Davi e Bruno (ao fundo) são duas esperanças no processo de renovação do basquetebol masculino.
Neste momento que se torna importante saber qual a situação real do NBB para a base. Claro, a maioria destes atletas tem condições de estarem nos quadros dos times profissionais, mas tem o direito de competirem com os garotos de sua idade em um torneio de âmbito nacional, para aqueles que ainda não conseguiram se firmar, se firmem e possam ser úteis nos times adultos.
A lacuna de torneios e categorias existente entre os 19 e 22 anos no país sepulta a carreira de vários jovens que ainda não conseguem se impor no meio adulto, mas também não tem mais idade para atuar em campeonatos de base. Essa lacuna dá poucas opções concretas aos atletas com menos de 22 anos no país. A maioria tenta a sorte no interior paulista, porém será que este é o destino ideal para uma geração inteira de atletas ?
A geração de 2007, teve um excelente resultado final no Mundial da categoria mas não conseguiu firmar quase ninguém nos clubes nacionais. Dessa forma, a formação perdeu para o resultado. Que em 2015, quando olharmos para trás e relembrarmos do torneio juvenil na Letônia, possamos ter orgulho de termos revelados alguns talentos dessa geração para os times adultos, embora o resultado final do torneio não tenha sido o esperado por ninguém. Talentos na seleção sub-19 existem, mas clamam por mais tempo para aprimorarem, serem efetivos e ajudarem ao nosso basquetebol à progredir internamente. O que assistimos nestes últimas duas semanas não pode ser o fim da carreira destes jovens. Seria ainda mais triste e amargo do que este nono lugar.