NBB: balanço da fase classificatória
Na noite de ontem chegou ao fim a fase de classificação do Novo Basquete Brasil (NBB). A edição inicial da nova liga (gerenciada pelos clubes com aval da CBB) parte agora para os playoffs decisivos. Em uma competição marcada por não muitas surpresas, o Flamengo e o Universo/Brasília se destacam por terem se classificado nas duas primeiras colocações respectivamente. O clube da Gávia acabou a fase classificatória com um excelente aproveitamento (26-2) e os atuais campeões da América não deixaram por menos (22-6).
A competição não teve muitas surpresas, afinal, dos oito times classificados aos Playoffs apenas Bauru pode ser considerado uma surpresa. O time de Guerrinha fez uma boa campanha e conseguiu garantir a sexta colocação (16-12). Na verdade, sete dos oitos classificados foram os apontados pelo Draft Brasil em ranking (Power Ranking) feito antes do início da temporada. Com uma porcentagem de acerto beirando os 90% em nosso ranking podemos evidenciar a falta de surpresas na competição.
De resto, Minas Tênis Clube (terceiro, 21-7) e Joinville (quarto, 21-7) completam o quarteto que terá a vantagem do mando de quadra no primeiro mata-mata. De fato, esse quarteto de equipes (Flamengo, Brasília, Minas e Joinville) foram muito superior aos demais times da competição e entram como favoritos nos playoffs.
As equipes que fecham a lista de classificados são: Limeira (quinto; 18-10), Franca (sétimo; 16-12) e Pinheiros (oitavo; 16-12).
Porém, chegando ao final de uma fase de classificação da edição inaugural da liga gerida pelos clubes, análises precisam ser feitas.
O nível técnico do NBB foi com certeza não foi nada diferente do que estamos acostumados a enxergar por aqui. A quantidade absurda de arremessos de três na maioria dos jogos chega a assustar. O fraco poder defensivo dos times chama a atenção. Poucas jogadas trabalhas, defesas fracas e chutes forçados do perímetro foram a cara dessa fase de classificação (nada muito diferente dos nacionais anteriores).
Porém, nem só de nível técnico vive uma competição. Os editores do Draft Brasil salientam a NBB extra-quadra como um fator positivo apesar de inúmeras falhas.
A competição tem sido sim um sopro de esperança. Gerou receita, ocupou calendário e teve atenção do público. Além disso, a LNB conseguiu (mesmo que já na metade da competição) criar um site decente para uma competição nacional (finalmente se acessa as estatísticas individuais dos jogadores com apenas alguns cliques). Tudo isso são ganhos consideráveis na parte de gestão/administração da competição que são louváveis.
Entretanto, muita coisa faltou. Para os editores do Draft Brasil é necessário inserir urgentemente uma cláusula de obrigatoriedade de jovens e estrangeiros nos elencos dos participantes (medida semelhante à Liga Argentina que visa emparelhar a competição, revelar talentos e melhorar o nível técnico da liga). Também é preciso rever as inúmeras mudanças de horário que tanto atrapalham o público. Outro fator a ser melhorado é a visão do produto. Banners estáticos podem e devem ser trocados pra banners dinâmicos; pisos feios e poluídos (com diversas marcações como de vôlei e handball) podem e devem ser trocados por pisos limpos e somente com linhas de basquete. São pequenas coisas como essas que vão chamando atenção do público e ganhando cada vez mais adeptos. Ou será que a LNB acha que uma criança de 10 anos vai gostar de assistir um jogo em uma quadra com milhões de linhas e que torna tudo confuso pros iniciantes?
Quanto à televisão, é necessário um capítulo a parte. Na visão dos editores do Draft Brasil, é preciso rever os contratos televisivos. A LNB está atada em uma emissora e já mostra não ter autonomia necessária para crescer. Por fim, é lamentável que esse “parceiro” televisivo não fale nem que seja por um segundo o nome completo das equipes (e seus patrocinadores). Será tão difícil falar Universo/BRB, Pitágoras/Minas, Ciser/Univille/Joinville, Winner/Limeira, GRSA/Bauru, Vivo/Franca, Pinheiros/Mackenzie, Paulistano/Amil, CETAF/Garoto, Amigão/Andorinha/Unimed/Assis, Lupo/Araraquara, São José/Unimed, Univates/Bira ? Será? Não é possível pelo menos colocar no placar em tela o nome correto do time? São problemas a serem resolvidos como já debatemos aqui no Draft Brasil.
Apesar de todos os erros acima citados, sem dúvidas o NBB chega ao final de sua fase de classificação com um saldo positivo. Foi de longe o campeonato brasileiro mais organizado dos últimos tempos.
Por fim, resta agora a emoção dos playoffs. Dentro da quadra o nível deve melhorar e a emoção aumentar. Esperamos entretanto que os erros (alguns imperdoáveis) não sejam esquecidos pela LNB e na próxima temporada melhorias sejam feitas, afinal, a esperança do basquete brasileiro começa em uma liga nacional forte, estruturada e com nível de jogadores e técnicos acima do mostrado até aqui. Só através dessa fórmula teremos novamente um basquete forte e competitivo.
Raoni Moretto
raokiller@hotmail.com
Colaboração: Guilherme Tadeu e Alfredo Lauria
Foto: LNB