NCAA entrando na reta final
Um sonho que tenho é assistir os times brasileiros excursionando para atuar contra as universidades norte americanas. Sei que anos atrás o Minas fez um caminho similar a este e enfrentou alguns times de lá. Mas não me lembro dos placares e também não sei ao certo que nível de times enfrentaram, se foram os principais times como Duke, North Carolina, Syracuse, UCLA, UConn ou foram outras quaisquer.
Porém, se formos imaginar as vinte cinco universidades melhores ranqueadas da NCAA Division I e mesmo considerando que o basquete praticado por lá tem diferenças nas regras – e na dinâmica do jogo como um todo, não consigo supor que os times de lá estejam atrás tática e tecnicamente.
Claro, há também as análises empíricas. Você assiste a um jogo como Duke x North Carolina da semana passada pela NCAA e percebe que os times são bem organizados em quadra, as defesas são sufocantes, os ataques não podem precipitar pois levarão dois pontos em contra ataques, enfim, uma gama de fatores óbvios que por aqui chamam de “detalhes”.
P.J. Hairston (à esquerda) tenta conter o pivô Ryan Kelly, na derrota de North Carolina para Duke, no último dia 9, pelo placar de 69-53. (AP Photo/Gerry Broome)
Eu os chamo de basquetebol. A hora de saber fazer as coisas dentro de quadra é tão ou mais importante do que meter uma bola ou capturar um rebote. A importância que se dá por aqui ao pontuador (exagerada demais ao meu ver) poderia ser dada também aos articuladores, aos defensores e também a certos especialistas que em times bem organizados tem espaço para atuar e serem úteis.
Me estranha o fato de termos times que são bem piores em termos táticos do que os times universitários. Por vários motivos, mas o principal deles é a idade média dos conjuntos. Por lá, os times são todos feitos de atletas muito novos, com quase nenhuma experiência. Seria ou pelo menos deveria ser natural que os times com caras mais velhos e experientes conseguissem ser mais disciplinados, principalmente por já teremos ultrapassado a fase de afobar com a bola na mão e querer resolver o jogo de qualquer jeito.
Sobre essa questão, só posso pensar que lá, se você não segue o que o técnico treinou, você está fora do time. Por aqui, os atletas não têm muito de seguir o que os técnicos pedem, basta ver qualquer tempo técnico e um lance depois o cara fazendo o que veio na cabeça. Quantas vezes já vimos isto? E o pior, faz o que o técnico não pede e continua em quadra.
Outra questão interessante é a riqueza e diversidade que o basquetebol universitário tem em sistemas de ataque e defesa. Lembrando, estou falando dos times ranqueados. Os principais times tem técnicos excelentes que conseguem desenvolver seu sistema de jogo e ensinar aos atletas como se postar na quadra. Por aqui, no NBB só observamos o mesmo e velho sistema que nos enterrou e colocou no patamar que estamos de atraso. Parece que é proibido ir ao jogo e marcar zona (como já foi dito pelo armador Nezinho em uma final de Nacional, quem esquece disso?!) ou não ter ataques chifres, polegares pra cima, pra baixo, pro lado, mãos na cabeça em coreografias ridículas que chegam a lugar algum, afinal o volume de chutes de três e o pior, de chutes precipitados é tanto que não existem polegares e nem dedos para contarmos.
Por que este texto agora?
Porque o March Madness se aproxima e poderemos ver o que o basquetebol norte americano tem de melhor em sua base. Os jogos universitários são lotados, emocionantes, fazem parte da cultura deles e fornecem atletas não somente para a NBA mas para o mundo inteiro, afinal, vários que não tem chances na liga profissional acabam indo para os países da Europa, Ásia e outros das Américas, incluindo o Brasil.
Ainda assim, continuo com um sonho de um quadrangular, entre nossos melhores times, sim, estilo Flamengo que perdeu de um time do Equador semana passada, contra as melhores equipes universitárias. Enquanto não passa de um sonho distante e que nunca será realizado, resta assistir com atenção o que as principais universidades do basquetebol farão em quadra.
Bom March Madness a todos!
