NCAA: Prévia de Kansas vs. Memphis
Duvido que os jogadores dos Tigers tenham se esquecido do episódio ocorrido no Alamodome ano passado, quando uma certa Ohio State de um certo Greg Oden, os mandaram de volta para Memphis mais cedo do que o esperado. Com um time mais experiente, contando com jogadores que foram para o Pan no Rio, passaram a temporada toda ouvindo de críticos que só estavam bem porque jogavam numa conferência fraca e o momento era apenas em função da hype. Logo veio a derrota para Tennessee jogando um balde de água fria na equipe. Os críticos sorriram.
Também duvido que os fãs dos Jayhawks tenham esquecido o sabor amargo do vice-campeonato de 2003 no Louisiana Superdome, quando Michael Lee e Kirk Hinrich erraram dois arremessos de três pontos que mandariam o jogo para a prorrogação contra a Syracuse de Carmelo Anthony na frente de mais de 54 mil pessoas. Isso para não falar na eliminação nas quartas de final no ano seguinte para a Georgia Tech de Jarret Jack, nas humilhantes derrotas no primeiro jogo do torneio da NCAA para Bucknell e Bradley em 2005 e 2006, e o tombo contra a UCLA na semi-final do ano passado.
Mas em 2008 a história foi diferente.
A equipe de John Calipari fez uma semi-final fantástica eliminando os Bruins. O jogo de Kevin Love, destaque destas páginas de outrora, foi devidamente contido. Provavelmente Darren Collison, talvez o segundo melhor armador indo para o draft depois de DJ Augustine (Texas), deverá passar despercebido no draft. Nem a tática de “Hack a Tiger” improvisada por Ben Howland parece ter funcionado. Memphis tem a pior média de acertos nos lances livres da NCAA com apenas 61% de aproveitamento. Na semi-final acertaram nove de 10 tentativas. No mais foram os armadores Chris Douglas-Robertson e Derrick Rose (#23 na foto) que combinaram para 53 pontos.
Do outro lado, Bill Self superou o “traidor” Roy Williams, técnico do Hall da fama do basquete e ex-treinador de Kansas. North Carolina com o melhor ataque da competição (89 pontos por jogo, 49% de acertos nos arremessos) ficou simplemente mais de nove minutos sem pontuar, levando um vareio de bola quando Kansas abriu 40-12. Esses Jayhawks conseguem se adaptar a tática do adversário. A ordem dos Tar Heels era travar o garrafão para evitar que Darell Arthur (foto) pontuasse e ao mesmo tempo obrigar o resto do time a arremessar. Foi aí que Brandon Rush, irmão de Kareem Rush (hoje no Pacers), acertou a mão e fez 25 pontos.
A bem da verdade, Memphis e Kansas fizeram um belo torneio até agora com fome, muita fome de vencer e se consagrarem campeões nacionais. Mais do que a UNC, outro time do “quase” ou do que a velha senhora, UCLA que por três vezes parou diante de uma rival dessa curiosa “nova escola” que busca muito mais o equilíbrio entre ataque e defesa do que foca em um lado só da quadra. Nada muda o fato de que Tigers e Jayhawks foram as equipes mais constantes da temporada e as que mais se aproximam desse novo basquete ideal.
Enquanto os Tigers vão embusca do título inédito, os Jayhawks vão atrás do tricampeonato.
Uma observação:
A exatos 20 anos, Larry Brown comandava Kansas de Danny Manning na final da NCAA, último título conquistado pela KU. Nas semi-finais contra a UNC, as câmeras captaram Brown torcendo para o time do pupilo Roy Williams.
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Fotos: AP