No novo tempo, apesar dos perigos
A primeira grande rodada da NBA nos apresentou o fim do time que mais divertiu a liga nos últimos tempos: o Phoenix Suns de Mike D´Antoni.
É verdade que é possível dizer que aquele belo time de velocidade, força atlética e ousadia já acabara com a saída de Shawn Marion, numa manobra arriscada para a obtenção de peso no garrafão personificado no maior e melhor pivô dos últimos tempos. Mas ontem, com a estréia de Terry Porter vencendo em San Antonio e com o menos significativo triunfo dos Knicks de D´Antoni, é possível marcar o início do novo tempo.
O saldo, se observarmos de uma perspectiva um pouco mais ampla, é tenebroso: ficou a percepção de que aquele estilo de jogo é fadado ao fracasso. Como se somente Spurs, Heat e Celtics tivessem tido sucesso nos últimos tempos. Como se as belíssimas campanhas, o sucesso de público e de audiência, fossem brutalmente empurradas pra debaixo do tapete com a cruz das derrotas decisivas.
Não quero retomar essa discussão que já foi amplamente proposta em blogs, colunas e fóruns, daqui e de lá. Aqui venho tão somente a notar que esta parece ser a herança daquele estilo proposto pelos Suns em um tempo de marasmo da NBA, quando copiar o jogo controlado de Pistons e Spurs parecia o único caminho para o sucesso. Uma espécie de herança maldita.
New York não é, propriamente, um lugar onde se enterram carreiras. Em outros ramos profissionais, ir a NY é o auge. Há uma certa comoção e uma ampla cobertura midiática que certamente não sepultarão os feitos do ex-treinador dos Suns. Mas em termos esportivos, NY não traz grandes possibilidades a D´Antoni. Por mais boa vontade que se possa ter (e acreditem, eu tenho) com os Knicks, a estréia vitoriosa contra o Heat mostrou um time limitado e tentando fazer o melhor que o comandante propunha. Mas Crawford, Robinson, David Lee e Randolph estão tão longe de Nash, Leandrinho, Amare e Marion quanto a Big Apple está do Arizona – talvez um pouco mais.
Em que se pese a liberdade que certamente Porter dará aos seus principais jogadores, também foi notório, ao ver a partida de ontem, que o time de Phoenix caminha para um jogo menos “suicida”, mais “responsável”. Obviamente que esse é o único caminho possível se quiser usar Shaquille O´Neal. Obviamente que a suposta herança maldita do run and gun ainda pesa. E obviamente, ao permitir que D´Antoni partisse, escolheu enterrar a era da correria.
O novo tempo é repleto de perigos. Se os Knicks fracassarem e o “novo” Suns brilhar intensamente, não serão poucos os que levantarão a mão para apedrejar a “irresponsabilidade”. Daqui, torcerei para que D´Antoni levantem os Knicks e para que Porter mantenha o que aquele time tinha de melhor nos momentos em que Shaq não estiver em quadra.
Guilherme Tadeu de Paula
Editor do Draft Brasil – guilhermetadeudepaula@gmail.com