“Nosotros vamos a gañar!”

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Publicado em: 13/03/2008

O Draft Brasil marcou presença na entrevista coletiva que serviu para apresentar o novo técnico da seleção brasileira de basquete, o espanhol Moncho Monsalve.

Nesta quarta-feira pela manhã, o treinador foi apresentado pelo presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime Bozikis (Grego), juntamente com o restante da comissão técnica, por ora formada pelo assistente técnico José Alves Neto (treinador da seleção masculina sub-19), o preparador físico Diego Jeleilate e o médico Carlos Andreolli.

Moncho chegou ao auditório da CBB com os olhos marejados, visivelmente emocionado para a sua apresentação oficial.

A entrevista começou com uma pergunta feita em tom quase desafiador pelo comentarista da Sportv Bira Belo. Talvez ali no papel de represante dos inúmeros técnicos brasileiros revoltados com a escolha de um estrangeiro para dirigir a seleção, as boas vindas de Bira Belo iniciou-se com uma sisuda e, ao meu ver, inoportuna, lembrança de que Brasil e Espanha vivem um momento diplomático delicado.

A pergunta, em si, não fugiu do esperado “o que você fará para transformar uma equipe repleta de talentos individuais em uma equipe vencedora?”. Na resposta, também nenhuma novidade. Moncho afirmou que primeiramente será necessário um diálogo pessoal com cada atleta, a fim de esclarecer a necessidade de se adotar um jogo coletivo.

Se por um lado, é evidente que Moncho pouco conhece sobre os brasileiros que por aqui atuam, por outro, o espanhol mostrou-se perfeitamente em dia com os jogadores que estão atuando no cenário internacional, aqueles que verdadeiramente compõem o núcleo da seleção brasileira.

Ao citar nomes como Hátila Passos (New Mexico State) e Jonathan Tavernari (BYU) em diversas ocasiões, Moncho demonstrou estar fazendo bem o seu dever de casa, mostrando-se, ao menos neste aspecto, à frente de seus “colegas tupiniquins”.

Já nas primeira respostas, Monsalve despejou os nomes de quase todos os atletas brasileiros que atuam no exterior e também de alguns outros que vêm se destacando no campeonato nacional.

Aliás, nesse ponto da entrevista, uma “semi gafe”, eis que o treinador deu a entender que os jogadores ali mencionados formariam a base da seleção brasileira no Pré-Olímpico de Atenas, para desespero de Gerasime Bozikis que o interrompeu para lembrar que a convocação será anunciada somente no dia 13 de maio.

Quando questionado sobre o pouco tempo que a seleção brasileira terá para se preparar, Monsalve desconversou e disse que todas as seleções que disputarão o pré-olímpico terão um período exíguo de preparação.

Questionado sobre Marquinhos, o técnico fez questão de reprovar a atitude do ala no Pré-Olímpico das Américas, mas destacou que as portas da seleção brasileira não estão fechadas para o jogador.

O Draft Brasil, aproveitando um tema que foi alvo de discussão em nosso site há alguns dias, questionou Moncho Monsalve sobre o papel que o ala-armador Marcelinho Machado, com sua sempre inacreditável média de aproximadamente 10 arremessos de 3 pontos por partida, desepenhará na seleção.

Monsalve, que chegou a treinar Marcelinho Machado no Alerta Cantabria Lobos, afirmou que o brasileiro será importante na seleção se atuar da mesma forma que fazia sob o seu comando no time espanhol, destacando que o jogador tem duas importantes armas: o passe e ou seu arremesso.

Por outro lado, Moncho reconheceu que Machado às vezes demonstra ansiedade e peca na seleção de seus arremessos.

De positivo, a afirmação de que os papéis na seleção serão distribuídos coletivamente e que Marcelinho precisará se acostumar com o fato de que, em um dia jogará 30 minutos e, em outro, poderá jogar 20 ou 12 minutos. Além disso, deu a entender que o ala-armador poderá eventualmente começar as partidas no banco de reservas.

Aliás, apesar de não ter entrado em detalhes sobre a formação da seleção brasileira, Moncho deu algumas pistas do que está por vir. Derreteu-se em elogios para Marcelinho Huertas e disse que o Anderson Varejão poderá ser deslocado, ao menos em parte das partidas, para a posição 3, o que nos faz supor que o seu quinteto ideal seja: Huertas, Leandrinho, Varejão, Splitter e Nenê.

Nesse passo, destaca-se que o espanhol não economizou nos elogios para Nenê, a quem considera, em boa forma física, um dos jogadores mais importantes do basquete FIBA, principalmente na parte defensiva.

Embora tenha evitado fazer previsões sobre Nenê, o espanhol deixou claro que contará com Nenê até o início de junho, isto é, até o início da preparação para o Pré-Olímpico (8/jun).

Uma outra revelação feita na coletiva foi a de que o país contará com duas seleções brasileiras distintas, uma para o Pré-Olímpico, e outra para o Campeonato Sul-Americano, sendo que esta última contará com uma outra comissão técnica, a ser divulgada nos próximos dias.

A frase que ilustra o título deste artigo marcou a primeira entrevista coletiva de Moncho Monsalve: “Nosotros vamos a gañar!”. Em seguida, Moncho afirmou categoricamente “se não pudermos vencer o Líbano, é melhor nem viajar”.

Em apertada síntese, o que pudemos notar à primeira vista:

Aspectos positivos:

– Conhecimento sobre o basquete internacional, em um patamar praticamente inexistente entre os treinadores brasileiros;

– Abertura para diálogo e integração com os treinadores brasileiros;

– Intenção de frear o ímpeto e diminuir o papel de Marcelinho Machado na seleção;

– Possibilidade cogitada de interação entre a baladíssima Escola Nacional de Técnicos da Espanha, da qual Moncho faz parte, e os treinadores brasileiros;

– e, por que não, o otimismo demonstrado.

Aspecto negativo:

– O treinador, que deveria ficar no Brasil para uma aclimatização mais rápida e tranquila, voltará para a Espanha em 10 dias, voltando apenas em maio;

– As inúmeras interferências do presidente da CBB para ressalvar e discutir aspectos políticos.

No geral:

Ainda é cedo para avaliar o treinador. O primeiro balanço foi positivo, mas só quando Moncho Monsalve estiver à frente do banco de reservas veremos se o espanhol foi uma escolha acertada.

De qualquer forma, ainda que através de um nome menos badalado, parece que temos o que aprender com a interação Brasil e Espanha.

Áudio completo:

 

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