Notas finais sobre o Pré-Olímpico de Atenas
Grécia: Foi a melhor equipe da competição. Com um jogo coletivo impressionante e uma defesa fortíssima, conquistou a vaga olímpica sem maiores dificuldades. No torneio, os gregos tiveram a maior média de pontos por partida (93), o melhor aproveitamento dos arremessos de quadra (55%), a maior média de assistências por jogo (18) e o menor número de desperdícios por partida (9). Deixou uma boa impressão em sua torcida e é candidata à medalha em Pequim.
Croácia: A equipe croata foi um símbolo de organização. Com um padrão de jogo bem definido, os croatas não tiveram maiores problemas para carimbar seu passaporte e garantir presença nos jogos olímpicos.
Alemanha: Com Dirk Nowitzki dando um show atrás do outro, Chris Kaman jogando em um nível muito bom, e Pascal Roller convertendo muitas bolas do perímetro, os alemães foram os carrascos do Brasil e de Porto Rico. Com as vitórias, garantiram presença nas Olimpíadas e são candidatos a passar da primeira fase nos jogos de Agosto. Vale lembrar que a Alemanha teve o incrível aproveitamento de 89% da linha dos lances livres.
Porto Rico: Com Daniel Santiago no elenco, os porto-riquenhos perderam dois jogos valendo vaga olímpica e ficaram fora de Pequim. No jogo final contra a Alemanha, o destaque da equipe, Carlos Arroyo, ficou de fora devido à lesão muscular. No geral, a equipe fez um torneio bom. Vale destacar a partida que eliminou a Eslovênia.
Eslovênia: Depois da classificação em primeiro lugar no grupo C, os eslovenos podiam ser considerados favoritos. Porém, Porto Rico acabou com o sonho de Radoslav Nesterovic e companhia. Sani Becirovic fez um bom torneio, finalizando com médias de 13 pontos e 4 assistências por partida. A equipe eslava teve a maior média de tocos por jogo do torneio (3.7).
Brasil: A seleção verde-amarela ficou de fora dos jogos olímpicos mais uma vez. As derrotas para Grécia e Alemanha acabaram com o sonho brasileiro. É preciso lembrar que o Brasil marcou mal o perímetro, atacou de forma desorganizada nos momentos importantes e apresentou controle emocional de time de bairro durante a competição. Os números também não mentem; apesar de ter sido a equipe com melhor média de roubos de bola por partida (11.3), o Brasil foi a penúltima equipe em: tocos por partida (1.7), aproveitamento de lances livres (66.7%) e aproveitamento de bolas de 3 (25.5%). Além disso, foi a antepenúltima em rebotes por jogo (29). De positivo, além do excelente número de roubos por partida, ficam as individualidades de Splitter (ótimo defensivamente e ofensivamente), Alex (grande defensor) e Huertas (primeiro armador de qualidade do Brasil em anos).
Nova Zelândia: A equipe liderada por Kirk Penney (21 pontos por jogo) e Craig Bradshaw (9 pontos e 8 rebotes) chegou às quartas-de-final. Porém, na fase decisiva, apanhou da Grécia e ficou fora da competição.
Canadá: A maior decepção da competição. Não fez nenhuma partida de nível considerável. Só se classificou, porque a Coréia do Sul se apavorou com a chance de avançar e em 2 minutos perdeu uma diferença de 10 pontos no duelo entre as duas equipes. Samuel Dalembert, além de ir muito mal na única partida que disputou, foi cortado por indisciplina.
Coréia do Sul: A equipe asiática surpreendeu. Com boas atuações, os coreanos complicaram o jogo contra a Eslovênia e por pouco não venceram o Canadá (acabariam classificados se vencessem). A Coréia teve o melhor aproveitamento na linha dos 3 pontos (52%) e a segunda maior média de assistências por partida (15.5). Individualmente, Kim Sung e Young Jung lideraram a equipe com médias de 15.5 pontos por jogo. Além disso, a Coréia do Sul teve o líder de assistências do torneio, Hee Joo, que teve médias de 5.5 assistências por encontro.
Camarões: A equipe camaronesa também surpreendeu na competição. Foi uma equipe valente e que jogou em um nível razoável. Os camaroneses foram os que mais pegaram rebotes por jogo no Pré-Olímpico (38.5) e tiveram atuações destacadas de Harding Nana (23 pontos e 9 rebotes de média) e Ruben Boumtje Boumtje (9 rebotes por partida). Lembrando que Nana teve a segunda melhor média de pontos no torneio.
Líbano: Disputa com Cabo Verde pelo título de pior equipe do torneio. Os libaneses apanharam feio da Grécia e do Brasil, 119×62 e 94×54 respectivamente. A equipe teve as piores médias da competição em pontos (58), rebotes (19.5) e desperdícios de bola (incríveis 25 desperdícios por jogo). De positivo, somente o segundo melhor aproveitamento nos lances livres (79%).
Cabo Verde: Assim como o Líbano, foi muito mal. A equipe teve o pior aproveitamento nos arremessos de quadra (27%), nas bolas de 3 (23%) e nos lances livres (65%). A equipe ainda foi a segunda pior em pontos (59 por jogo) e assistências (7.5 por jogo). De positivo, somente a segunda melhor média de roubos de bola (10.5) e a atuação de Jeff Xavier, terceira melhor média de pontos no Pré-Olímpico (21.5).
Seleção do torneio: Selecionei 10 jogadores e os distribui em duas seleções (titular e reserva), abaixo as disponibilizo.
Titulares: Vassilis Spanoulis (Grécia); Theo Papaloukas (Grécia); Marko Tomas (Croácia); Dirk Nowitzki (Alemanha); Radoslav Nesterovic (Eslovênia).
Reservas: Marko Popovic (Croácia); Kirk Penney (Nova Zelândia); Dimitris Diamantidis (Grécia); Tiago Splitter (Brasil); Chris Kaman (Alemanha).
Vassilis Spanoulis: Foi um tremendo jogador na competição. Consistente em todas as partidas, foi muito regular no ataque e marcou muito bem. Teve médias de 13 pontos, 4 assistências, 2.5 rebotes e 2.5 roubos de bola. É com certeza, membro da seleção titular do torneio.
Theo Papaloukas: Um maestro. O craque grego tem uma visão de quadra extraordinária. Além disso, conhece o jogo como poucos. Alguns dos passes mais bonitos da competição saíram de suas mãos. Teve médias de 7.5 pontos (69% no aproveitamento dos arremessos de quadra), 5 assistências, 3 rebotes e 1.5 roubos de bola.
Marko Tomas: O ala croata foi o destaque da equipe que conseguiu a classificação para Pequim. Com médias de 17 pontos por jogo, ele teve um aproveitamento incrível na competição. Foram 68.5% nos arremessos de quadra (79% nas bolas de 2 e 56% nas de 3) e quase 80% nos lances livres. No total de pontos, foi o segundo da competição com 68 pontos no total.
Dirk Nowitzki: Foi o MVP da competição sem dúvida alguma. O alemão teve as três melhores pontuações do torneio (35, 32 e 30 pontos) e acabou convertendo o maior número de pontos do torneio (133 pontos no total). Nowitzki teve médias de 26.6 pontos (cestinha da competição), 8.2 rebotes, 2.5 assistências e 1 roubo de bola. O alemão ainda teve ótimo aproveitamento de cestas; 50% nos arremessos de quadra (53% nas bolas de 2 e 43.5% nas de 3) e incríveis 92% nos lances livres (cobrou 51 e converteu 47). Foi de longe, o melhor jogador desse Pré-Olímpico.
Radoslav Nesterovic: O pivô esloveno teve quase um duplo-duplo de média. Não conseguir levar a Eslovênia para a Olimpíada, mas fez um belo torneio. Teve médias de 16.7 pontos (62.5% de aproveitamento nos arremessos de quadra), 9.7 rebotes (maior da competição), 1.7 tocos (maior da competição), 1.5 assistências e 1 roubo de bola.
Marko Popovic: Fez um bom Pré-Olímpico e merece sem dúvidas estar na seleção reserva do torneio. O croata armou muito bem a sua equipe e foi o grande responsável pela organização e bom padrão de jogo apresentado pela Croácia. Teve médias de 12.5 pontos, 3.5 assistências e 2.5 rebotes.
Kirk Penney: Das seis melhores pontuações individuais do torneio, duas foram dele, a quarta e a sexta (29 e 25 pontos). Penney teve médias de 21 pontos, 3.3 rebotes, 1.3 assistências e 1 roubo de bola, além de 84% de aproveitamento nos lances livres.
Dimitris Diamantidis: Foi completo na competição. O ala grego marcou muito bem, atacou com consistência, pegou rebotes, deu assistências e foi um dos destaques do Pré-Olímpico. Teve médias de 11 pontos, 4.5 rebotes e 4 assistências.
Tiago Splitter: O pivô brasileiro foi o destaque da equipe na competição. Atacou muito bem, mostrando total domínio do garrafão e dos movimentos de pivô. Além disso, marcou bem. Teve médias de 15 pontos, 5.5 rebotes, 1.6 roubos de bola, 1.3 assistências e 1 toco.
Chris Kaman: O recém naturalizado alemão foi o destaque da equipe juntamente com Dirk Nowitzki. Kaman foi incrível, contabilizou três duplo-duplos e foi destaque na defesa. Teve médias de 13 pontos, 8.5 rebotes e 1.2 tocos.
Considerações finais: O Pré-Olímpico Mundial foi um torneio de nível bom. Tivemos alguns bons jogos e boas equipes. Croácia, Grécia e Alemanha mereceram a classificação e chegam forte para as Olimpíadas. O Brasil decepcionou a todos, mas nada que já não era sabido. Por fim, as atuações individuais dos jogadores citados acima engrandeceram a competição.
Honra: Além de um prazer, foi uma honra ter feito as notas do torneio pelo Draft Brasil. Para quem não sabe, foi minha primeira participação pelo site e fico bastante feliz de ter participado da grande cobertura do DB.
Agradecimentos: Queria agradecer a oportunidade de ter sido convidado para cobrir o Pré-Olímpico. Primeiramente, obrigado ao Guilherme que confiou em mim para fazer as notas diárias. Em segundo, obrigado ao Menta por publicar os textos e esperar online até que eu os acabasse. Em terceiro, obrigado a todos os outros responsáveis pela cobertura do evento, como Lauria, Texano, Valca e Lucas. Em quarto, obrigado a minha namorada pela paciência e por ter me agüentado assistindo quatro jogos de basquete por dia e escrevendo pro site (em plenas férias da faculdade). Por último, mas não menos importante, obrigado a todos que prestigiaram as matérias.
Continuem ligados: Em Agosto, tem Olimpíadas. Fiquem atentos para mais uma super cobertura do Draft Brasil.
Raoni Moretto
raokiller@hotmail.com