O Arremesso de três Pontos: Cura ou Doença? Por: Prof Ms. José Marinho
Alguns podem atribuir o abuso nas bolas de três e a falta de qualidade de seleção dos arremessos à geração de Oscar/Marcel. Oscar atuou pela seleção pela ultima vez há 12 anos atrás. Muitos dos que se excedem hoje em dia, não os viu jogar e alguns de seus técnicos atuais foram os críticos ferrenhos deste estilo de jogo no passado. Acho que o Brasil dos anos 80 abriu os olhos do mundo do basquete para importância do arremesso de três pontos (uma novidade na época, incluso nas regras em 1985). A quebra do paradigma através do exagero propiciou aos estudiosos uma séria reflexão e a revisão dos conceitos ofensivos do jogo, relevando um papel mais efetivo deste tipo de arremesso na construção do padrão tático das equipes.
Considero o arremesso de três um remédio poderoso. Nos maus momentos, nos jogos com placar apertado, quando se está perdendo por “uns dez pontos”, contra defesas por zona ou homem-a-homem muito flutuadas, entre outras situações, acertar uma (ou mais) bola (s) de três tem o poder de mudar o rumo da partida. Afinal de contas, ele vale 50% mais que os arremessos de quadra.
Mas como a maioria dos medicamentos fortes, apresenta diversas contra-indicações. O rebote longo (e o conseqüente contra-ataque em resposta), seu maior grau de dificuldade, a influência negativa sobre o moral defensivo (no caso de erros sucessivos), entre outros efeitos colaterais. Além disto, ele tem um poder viciante, que acaba por fazer os jogadores exagerarem em sua dose através de arremessos desequilibrados e fora dos padrões táticos de suas equipes.
Por fim, não estou pregando uma volta ao passado. O bom time de basquete tem como uma de suas principais características a versatilidade, dificultando as opções de jogo de seus adversários. A alternância de condutas ofensivas gera dúvida e hesitação nas defesas, propiciando mais situações de arremessos de alta percentagem. Acho recomendável o uso dos arremessos de três pontos com moderação, através de opções táticas bem definidas, voltadas para os jogadores que apresentem precisão na sua execução; após o recuo da defesa ante uma jogada de um pivô; ou mesmo em situações de necessidade momentânea na partida. Atribuo o comentário -“Se minha bola de três cair, eu ganho o jogo” – à falta conceitos de jogo e de consciência tática, revelando o nível de despreparo e falta de capacitação imperante no basquete brasileiro da atualidade.
Prof. José Marinho, mestre em Educação Física pela UFRJ, já foi colunista do Lance! e é responsável pelo site www.bbheart.com.br. Desde o ano passado é colaborador do DraftBrasil.