O basquetebol brasileiro escorrega
Flamengo e Brasília jogaram agora à pouco, no Rio de Janeiro e o placar foi de 110 x 72. Claro, qualquer fã do basquetebol que olha para um placar deste em um jogo com estas duas equipes, ficaria assustado, afinal,
o que houve ? Um chocolate deste nível, no encontro de dois favoritos é algo tão raro de acontecer, que surpreende.
Para ser sincero, coloquei na partida com quinze minutos de atraso, após o treino do GP Brasil de Fórmula-1 e os titulares de Brasília estavam todos no banco. A discussão da dupla de transmissão da Sportv era apenas uma: Por que Vidal mantinha os atletas no banco. Com o final do primeiro tempo, o técnico de Brasília, José Vidal teve a palavra e em sua entrevista afirmou que o piso estava escorregadio e não poderia manter os titulares, ou seja, arriscar uma lesão nos seus elementos mais importantes.
Concordo com Vidal. Se a quadra não tem condição de jogo, os atletas não jogam e o jogo acaba sem começar. Porém, não se pode escolher entre A ou B, para jogar no sacrifício. Ninguém deveria ter pisado na quadra. Uma lesão em Rossi tem a mesma importância do que uma lesão em Alex Garcia. Neste ponto, discordo do técnico da equipe brasiliense. Repito, se Alex não jogou, Rossi não deveria ter jogado, nem o garoto Ronald, nem ninguém.
Sei que a discussão será intensa. Afinal, o jogo ocorreu e ótimo, ninguém se machucou. Mas, sempre ficará a dúvida: e se alguém tivesse machucado ?
Mais uma vez escorregamos, dentro e fora de quadra
Aí entra a organização. Não é a primeira vez que vivemos uma situação de piso escorregadio pelo NBB.
Nota do autor: Em 26 de fevereiro de 2011, ou seja, apenas nove meses atrás, ocorreu a mesma coisa, porém de forma aparentemente mais grave (uma vez que atletas deslizavam pelo piso descontroladamente) e nada foi feito e o pior, o jogo também realizado. Ninguém se machucou também, mas poderia e claro, a vitória de Vila Velha sobre Limeira, naquela data, também não mascara a vergonha do acontecido.
Quais medidas irá tomar a LNB ? Irá apenas confiar no relatório dos árbitros e nada mais será feito ? Nenhuma vistoria será realizada ? Irá confiar que o piso tinha condição e Brasília fez uma mera opção ?
Irá fechar os olhos para o texto escrito em seu site oficial, que assim está: “Antes do início da partida, uma forte chuva atingiu a cidade do Rio de Janeiro o que, aliado ao forte calor, elevou a umidade, deixando a quadra escorregadia em alguns pontos“. Mas a quadra não pode estar escorregadia em ponto algum. Ou pode ?
A vergonha, reincidente, que o basquetebol brasileiro passou na tarde de hoje deveria ser a última por este motivo. Não é possível que as coisas ainda sejam feitas de qualquer forma, para agradar Y ou X, para fingir que somos organizados, para fingir que temos uma liga, para “passar na televisão”. Não existe desculpa para o ocorrido. A diferença entre a nossa liga e as que estão à nossa frente, normalmente, é esta. Lá, não tem desculpas, as decisões drásticas são tomadas; os erros, corrigidos.
E ao torcedor, o que falar ? O torcedor que pagou para ver um duelo entre dois dos melhores times do Brasil, viu um bate bola. Não existiu jogo. Quem viu pela televisão (eu vi), se desinteressou rapidamente, afinal, qualquer reprise de seriado era melhor do que ver uma partida que não era real. Logo, qual argumento lógico para se manter um jogo como este ? Era melhor cancelar, jogar amanhã, jogar com uma hora de atraso, jogar no começo da noite, devolver ingressos, avisar à televisão que o jogo não iria ocorrer, enfim, tomar qualquer decisão das mencionadas ou oturas possíveis que não listei, mas jamais realizar a “partida” nestas condições.
Ainda temos o velho hábito de querer ficar bem com todo mundo. De sobreviver à base dos tapinhas nas costas e sorrisinhos de canto de boca. Temos o velho hábito de não querer colocar o dedo na ferida e resolver o problema de uma vez por toda. O que ocorreu hoje no Rio de Janeiro é tão lamentável quanto o ocorrido em 26 de fevereiro no Espírito Santo. E de lá para cá, nada mudou. Nove meses jogados no lixo. No grande teste de organização para basquetebol brasileiro, mais uma vez, fomos reprovados.
Além disso, o placar novamente deu problema. Porém com isso, estamos tão acostumados que passa despercebido em um jogo sem piso escorregadio, parece que já faz parte do show.
Uma pena, hoje não existe um vencedor e quem perde e de muito, é o nosso basquetebol. Mais uma vez.