O começo da revolução capixaba?

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Publicado em: 1/03/2010

Fazem cerca de 20 dias que o Saldanha da Gama anunciou seu novo treinador para o returno do NBB 2, o carioca Paulo Murilo. Desde o dia do anúncio os olhos do Draft Brasil se voltaram com atenção e ansiedade para o time capixaba. Porque? Pelo simples motivo de que Paulo sempre foi um excepcional blogueiro e grande colaborador do Draft Brasil. Entretanto, não é pelo carinho e compartilhamento de artigos na internet que escrevo aqui sobre o final de semana do time dirigido pelo nosso colaborador. Paulo Murilo, assim como boa parte dos editores do Draft Brasil, sempre defendeu e lutou por convicções táticas em um país aonde a correria insana, chutes forçados de três e defesa “leve” eram lei. Quando falávamos em defesa forte, domínio do garrafão e poucos chutes do perímetro, éramos taxados de loucos e corneteiros. Após a chegada de Moncho Monsalve na seleção, muita coisa mudou no time nacional (e deve continuar mudando com Rubén Magnano), entretanto, nos clubes, não vimos muitas mudanças, afinal, a mesma correria, chutes forçados de fora e defesa frágil estão aí (os resultados do ano não são nada animadores, lembrando que nenhum brasileiro chegou ao Final Four da Liga das Américas). A partir de sexta-feira esse cenário parece ter começado a mudar (ao menos em um dos times da liga).

Pinheiros e Saldanha da Gama jogaram em São Paulo e o time de Murilo mostrou algumas evoluções consideráveis. Utilizando um sistema de dupla armação e três pivôs móveis dentro da área pintada (concepção que o treinador sempre defendeu), os capixabas chutaram apenas 8 bolas de três em toda a partida, apanharam 8 rebotes a mais que os donos da casa (que contam com Olivinha, ótimo reboteiro) e desperdiçaram a bola apenas 7 vezes. O resultado final não foi favorável, talvez pelo excesso de lances livres perdidos (11/26), entretanto, mudanças foram vistas.

Essas mudanças se confirmaram nesse Domingo, quando o Saldanha bateu o Paulistano em sua segunda partida em solo paulista. Apesar do alto número de erros (22), o time novamente foi controlado nos arremessos do perímetro (9). Também apanhou 22 rebotes a mais (42 a 20) e garantiu o controle do garrafão. Os lances livres melhoraram (22/25) e o time conseguiu garantir o bom resultado (apenas o terceiro em todo o NBB).

Sem assistir os jogos (por falta de transmissão televisiva) fica complicado atestar sobre o Saldanha, entretanto, muito pode ser visto apenas pelas estatísticas. Em dois jogos, o Saldanha apanhou em média 15 rebotes a mais que seu oponentes. Além disso, chutou quase 20 bolas a mais de dois e 20 bolas a menos de três. O time também conta com uma boa média de 16 assistências por duelo, ou seja, pratica um basquete diferente.

Agora, resta esperar pela natural evolução do grupo com o decorrer dos jogos e treinamentos, para quem sabe, assistir uma mudança drástica no jeito de jogar basquete no nível clubístico de nosso país. Afinal, porque outros não se inspiram nessa receita que mescla poucas bolas de três, domínio do garrafão e jogo coletivo (não necessariamente usando os mesmo conceitos do Prof. Paulo Murilo, entretanto, utilizando os conceitos citados que universalmente estão sendo seguidos como padrão). Ou alguém ainda acha que aquela correria louca com inúmeros arremessos de três tem vez?

Raoni Moretto
raokiller@hotmail.com

Foto: Blog Paulo Murilo

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