O continente esquecido

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Publicado em: 18/08/2013

No mundo do basquete, o mês de agosto representa o início da temporada de seleções. Este ano, aberto oficialmente no Asiabasket, que começou no dia 1º e terminou no último dia 11, com o triunfo do Irã e o vexame da China, que foi eliminada nas quartas de final e agora terá que checar sua caixa de correio frequentemente aguardando um dos convites da FIBA. Nos últimos dias, Austrália e Nova Zelândia fizeram 2 jogos decisivos (a Austrália venceu os 2 confrontos – o 1º por 70X59 e o 2º por 76X63) pelo torneio da Oceania. A competição, que segue o regulamento que o NBB pretende adotar (2 jogos e quem tiver o melhor saldo leva) dá 2 vagas para o Mundial da Espanha e tem, olhem só, 2 participantes! (uma pausa para aplausos aos envolvidos).

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O australiano Patrick Mills foi o grande destaque da “classificação” da sua seleção para o Mundial da Espanha em 2014.

Antes que o prato principal seja servido (Copa América e o Eurobasket), teremos na Costa do Marfim, iniciando-se na próxima 3ª feira, dia 20/08, o Afrobasket, torneio que mais nos faz usar a conjunção subordinativa condicional (estava no Google!) “se”. Afinal, e se Ibaka jogasse pelo Congo? E se Biyombo jogasse pela República Democrática do Congo? E se Luol Deng jogasse pelo Sudão? E se Ezeli jogasse pela Nigéria? Isso, só considerando jogadores da NBA. Atualmente, existem centenas de atletas de origem africana atuando na Europa e na NCAA. Até no NBB, eles estão presentes (Jeff Agba, novo reforço do Minas, tem nacionalidade nigeriana). A maioria, não pretende gastar as férias defendendo o seu país, o que nos faz perguntar: como seria se todas as seleções jogassem completas?

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O continente africano já forneceu grandes jogadores – literalmente – ao mundo do basquete, como Hakeem Olajuwon (Nigéria) e Dikembe Mutombo (Congo).

Um dos locais do planeta com o maior potencial físico disponível, o continente africano já forneceu ao mundo jogadores como o nigeriano Hakeen Olajuwon e o congolês Dikembe Mutombo e até já teve uma 1ª escolha no Draft (o nigeriano Michael Olowokandi, escolhido pelos Clippers em 1999), porém esta quantidade de talento nunca foi transformada em feitos relevantes de suas seleções, limitados a alguns brilharecos de Angola e Nigéria. Claro, não se pode esquecer-se da influência do cenário tétrico das rotineiras guerras civis que assolam a região há tempos.

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Os incansáveis Gomes, Cipriano, Mingas e Joaquim Morais ainda são a espinha dorsal da equipe angolana.

Quanto ao torneio em si, os favoritos a beliscarem as 3 vagas para o Mundial são Angola, Tunísia e a Nigéria. A dona da casa, Costa do Marfim, e a seleção de Camarões também devem chegar junto na briga. Os angolanos, maiores campeões da história do torneio, tentarão conquistar o 11º título continental com um time bem conhecido de quem acompanha as competições de seleções: os infindáveis Gomes, Cipriano, Mingas e Joaquim Morais ainda são a espinha dorsal da equipe que tentará recuperar a hegemonia continental, que depois de 6 de títulos consecutivos foi quebrada pela Tunísia em 2011. Os tunisianos, aliás, possuem o jogador mais (e aqui vou pegar um termo utilizado por Giancarlo Giampetro do blog Vinte Um) “cult” do torneio, o pivozão Salah Mejri. Com 2,17m, depois de passar os 4 primeiros anos da carreira no clube onde começou a jogar, o tradicional tunisiano Etoile du Sahel, Mejri migrou para a liga belga onde defendeu o Giants de Antuérpia. Com uma boa mobilidade e bons números apresentados, principalmente pela seleção da Tunísia – foi MVP do Afrobasket em 2013 e um duplo-duplo de média nos Jogos Olímpicos (10 pontos/partida, 10,4 rebotes/partida, além de 3,4 tocos/jogo) chamou a atenção do espanhol Obradoiro que o trouxe para a temporada 2012/2013. Tendo como companheiro de time o brasileiro Rafael Luz, em seu debute na liga ACB, foi eleito o jogador revelação da temporada, superando na votação Lucas “Bebê” Nogueira. Uma temporada boa assim, evidentemente chamaria a atenção de um clube mais forte. E foi o que aconteceu. Mejri acabou virando um dos reforços do Real Madrid. Curiosamente, ocupará o lugar de outro brasileiro: Rafael Hettsheimeier.

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O gigante tunisiano Salah Mejri foi o MVP do Afrobasket em 2013 e chamou a atenção dos olheiros nos Jogos Olímpicos de Londres no ano passado.

Os nigerianos, ao eliminarem a anfitriã Venezuela e a Grécia no Pré-Olímpico Mundial de Caracas no ano passado, são os detentores da maior façanha do basquetebol africano. Este ano, os “D’Tigers”, como são conhecidos, continuam com sua legião estrangeira, com jogadores de todos os cantos do mundo (teremos representantes da NCAA e das ligas nigeriana, porto-riquenha, grega, italiana, venezuelana, eslovaca e até japonesa). Al-Farouq Aminu, do New Orleans Pelicans será o principal destaque. Na fase de preparação, a Nigéria enfrentou a Venezuela por 3 vezes em Miami e sofreu 3 derrotas. Nada demais, se enquanto isso, o campeonato local não estivesse a pleno vapor, definindo seus semifinalistas (as finais vão ser disputadas em setembro). E você aí reclamando do Campeonato Paulista…

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O ala do New Orleans Pelicans, Al-Farouq Aminu, será a principal estrela da equipe nigeriana do Afrobasket de 2013.

Difícil de achar: Garimpar informações sobre os selecionados africanos é tarefa árdua até mesmo para o Google. O site oficial da competição ainda não divulgou a lista definitiva dos selecionados, mas Romain Sato, jogador que costuma circular entre os grandes clubes europeus (acertou com o Valência) e Patrick O’Bryant (9ª escolha do Draft de 2006 pelos Warriors), que defende o Lietuvos Rytas da Lituânia, constam na relação inicial da seleção da República Centro Africana.

Todo mundo falando a mesma língua: Ou melhor, quase todos. No grupo C, somente a República Centro Africana não fala o português. Os demais participantes- Angola, Cabo Verde e Moçambique tem o idioma de Camões como língua oficial. Algo singular no mundo dos esportes.

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