O efeito do tempo
Jogador A 20.1 pontos (17.9 arremessos tentados com 5.9 lances livres), 10.1 rebotes (25% dos defensivos disponíveis), PER 21.1, time sofre 93 pontos por 100 posses com ele em quadra (4 a menos que a média total)
Jogador B 13.8 pontos (10.8 arremessos com 3.3 lances livres), 7.2 rebotes (21.6%), PER 17.8, time sofre 103 pontos p/100 posses (1.5 a menos que a média)
Jogador C 28.3 pontos (19.1 arremessos com 11.4 lances livres), 11.4 rebotes (24%), PER 28.8, time sofre 101 pontos p/100 posses (2.5 a menos que a média)
Jogador D 24.1 pontos (15 arremessos com 10.5 lances livres), 11.0 rebotes (22,8%), PER 27.0, time sofre 100 pontos p/100 posses (3 a menos que a média).
Jogador A é no auge da forma Jermaine O’Neal aos 25 anos, jogador B é o veterano Jermaine O’Neal este ano. Jogador C é Shaquille O’Neal aos 25 anos, jogador D é Shaq na sua primeira temporada em Miami aos 32 anos. Porque comparo o Shaq logo após sua chegada a Miami com Jermaine hoje e não o Shaq que está agora de Cleveland? Porque Jermaine O’Neal, o sidekick veterano de Dwayne Wade que se arrasta em quadra pelo Miami Heat tem 31 anos de idade.
Shaq um ano após chegar em Miami assinou aos 33 um contrato milionário que ainda lhe paga 20 milhões/ano até esta temporada, Jermaine precisará de um contrato novo após sua primeira temporada completa em Miami e provavelmente não receberá uma oferta melhor que o Shaq de 39 anos caso este decida continuar jogando (alguns fãs do Knicks até alimentam o sonho de que ele assinaria pelo mínimo para jogar com Lebron ano que vem, provavelmente confundindo a idade de O’Neal com a do Marcus Camby).
Claro que Jermaine O’Neal nunca foi Shaquille O’Neal, mas sua decadência física não é uma exceção. Num artigo recente para a revista da ESPN americana, Chris Boussard levantou um dado impressionante entre todos os garotos que como Jermaine O’Neal entraram na NBA direta do colegial na segunda metade dos anos 90 somente Kobe Bryant e Al Harrington não viram sua produção declinar rapidamente após os 30 anos (e sejamos francos Harrington não conta).
Esta foi uma questão levantada na época que estes garotos começaram a chegar a liga e agora que primeira geração deles chegou a parte final das suas carreiras, o saldo não é nada positivo, com excesso de contusões graves (pensemos num T-Mac) e decadências rápidas com excesso de atletas de jogadores que começam a ter aos 27/28 o tipo de problemasque esperamos de jogadores de 33/34). Muito se questionou sobre as altas votações de Allan Iverson e Tracy McGrady para o All Star Game deste ano, mas Kevin Garnett só participou do jogo graças ao seu nome famoso também. Garnett permanece uma presença na defesa quando saudável, mas seu jogo ofensivo começou a decair já na última temporada em Minessota. Garnett e seu duplo Tim Duncan tem cerca da mesma idade, mas é inegável que Duncan envelheceu muito melhor. Seus anos na faculdade certamente contribuíram para isso. Devemos lembrar que nenhuma liga esportiva profissional tem um calendário tão cruel para com seus atletas quanto a NBA. Enquanto Garnett jogava 4 vezes por semana em Minessota, Duncan era muito menos exigido em Wake Forrest, alem disso era tratado por preparadores físicos que partiam do principio que o corpo dele ainda estava no processo de ganhar massa física. Não é a surpresa qual par de joelhos começou a ceder primeiro. Garnett disputou quase 200 jogos profissionais a mais que Duncan uma eternidade quando se considera que jogadores tendem a declinar quando rompem a barreira dos mil jogos.
Tudo isto é muito curioso quando pensamos que os 2 mais populares jogadores da NBA vieram direto do colegial. Senso comum diz que Kobe Bryant, 31, ainda teria 4-5 anos em alto nível e que Lebron James, 25, tem tempo para bater quase todos os recordes, mas o relógio físico dele pode estar bem mais adiantado do que se imagina. Kobe nunca foi tamanho assassino no clutch (vem convertendo espetaculares 60% dos arremessos nos 24 segundos finais de jogos com diferença de uma posse), o que mascara esta ser sua pior temporada estatística desde a primeira pós divórcio com Shaq e a quantidade impressionante de problemas físicos que interferiram com seu jogo ao longo do ano. Claro que sempre haverá exceções (e a NBA tem seus casos de atletas de longevidade anormal como Kareem Abdul-Jabbar e Karl Malone), mas a história recente sugere que os benefícios de uma ou duas temporadas no basquete universitário vão além de simplesmente ajudar os garotos a desenvolver melhor os fundamentos do jogo.