“O verdadeiro candidato à CBB”, por Chiaretto Costa
Vem se desenhando uma candidatura à presidência da CBB há algum tempo e esse sim já desponta como favorito na corrida presidencial do basquete brasileiro para 2009. Trata-se de Carlos Nunes. O presidente da federação gaúcha. E ao contrário do Toni Chakmati, Nunes faz a campanha certa e conta com 13 presidentes de federação fechados com ele e já negocia com outros quatro indecisos, segundo fontes bem próximas ao mesmo.
Apesar de rumores de que é uma chapa de situação, pessoas ligadas ao marketing de Nunes, são desafetos dos mais opostos ao Grego e alguns dos presidentes que andam com o gestor maior para todos os lados, três ou quatro, os chamados “papagaios de pirata” não estão juntos na idéia, ainda acalentam um sonho quase impossível de um novo êxito do Grego, ou aguardam a hora de pular em outro barco.
Outro motivo que poderia depor contra Nunes na sua candidatura oposicionista é o mesmo que dá lhe a força que deve passar por cima de qualquer outro candidato, inclusive o próprio Grego, como um rolo compressor: Assessor Especial da Presidência da CBB, nas duas gestões Grego, ou melhor, ter sido.
Ele renunciou há aproximadamente um mês ao cargo, num claro gesto de lançamento de candidatura própria, só percebido por presidentes de federações. Mas engana-se quem pensa que foi uma ação tresloucada. A montagem da candidatura foi feita em acordo com 12 presidentes, que na verdade foram os que conseguiram convencê-lo de que era a hora de se candidatar.
Não que Nunes não quisesse, mas o receio da máquina o fazia hesitar.
Carlos Nunes, o Carlinhos, como é tratado carinhosamente pelos presidentes, tem o que nem Grego, nem Chakmati tem, carisma. Ele foi o único vínculo que existiu entre a maioria dos presidentes e a CBB durante a oligarquia que se apoderou da entidade, citada pelo Chakmati em entrevista ao Balassiano (www.balanacesta.blogspot.com).
O único que pensava nos periféricos por um motivo muito simples, ele é periférico. Mesmo se dirige uma federação da “rica” região sul e não do “pobre norte-nordeste”, como disse o Chakmati, Nunes teve sanções estruturais seríssimas no basquete do seu estado, pelos mesmos motivos que fazem o norte-nordeste não se estabelecerem no cenário nacional.
A falta de políticas profissionais que dêem um suporte de marketing aos clubes que disputam competições nacionais e a falta de fomento para que surjam novas equipes, e pude perceber isso quando disputei a NLB pelo CB Teresinense, quando ouvi comentários de clubes que se recusaram a jogar a NLB porque teriam que ir às longínquas Belém e Teresina.
O meu time fechou e o Paysandu não tem competição para jogar. Nas categorias de base, o aliciamento dos times paulistas aos atletas de todo o País (o que é justificável por possuírem times adultos) e a conseqüente utilização dos mesmos nas seleções paulistas (aí mora o perigo).
Na época que fui vice-presidente da federação piauiense, participei com o Carlinhos de um grupo de estudo que queria mudar tais regras, contudo a iniciativa foi abortada para não desagradar São Paulo.
Mas as diferenças ideológicas na forma de fazer o basquete se expandir pelo Brasil, não são as únicas entre as campanhas Nunes x Chakmati x Grego, enquanto Nunes tem cabos eleitorais que são os próprios presidentes em todas as regiões, já chegando a números espetaculares de 13 presidentes na base de apoio há quase seis meses antes da eleição e faltando apenas um para se sagrar vencedor, Chakmati, possui apenas um interlocutor no nordeste que não é presidente de federação, mas faz um bom trabalho por lá e outro no norte, que apóia uma federação importante enquanto Grego conta com 2 ou 3 presidentes fortes e os “papagaios” mencionados anteriormente, contabilizando uns 7 ou 8 a seu favor.
O quadro surpreendente a favor de Carlos Nunes justifica-se pelo caminho que resolveu tomar montando um grupo representando vários estados e todas as regiões, conversar e estabelecer diálogo, coisa que o Chakmati nunca o fez, preferindo se lançar através de textos apócrifos e tentando convencer a opinião pública de que tem a solução, numa tentativa de se distanciar da imagem do Grego como advertiu Paulo Murilo em seu blog Basquete Brasil (blog.paulomurilo.com), mas deve remar só. Grego pode incomodar um pouco, pois o mesmo ainda conta com alguns presidentes influentes no apoio, mas deve repetir os nove votos que a oposição obteve na eleição passada.
Ainda que os cinco meses da data da eleição não permitam prognósticos exatos sobre o resultado, surge no horizonte uma força diferente e quase imbatível para o próximo pleito da CBB. Eu diria que o Carlos Nunes está treinando em dois turnos para a competição e tem um bom time e os demais candidatos estão confiando somente na experiência. Quem treina bem no basquete e tem bons jogadores, ganha.
Chiaretto Costa é colunista do DraftBrasil.