Os motivos que levaram Limeira à surpreendente e brilhante conquista estadual
Mais uma vez estive presente no ginásio Vô Lucato em Limeira para acompanhar a final do paulista de basquete.
Os preparativos foram os mesmos, torcida cheia bem antes da partida, animação durante o aquecimento e na entrada dos jogadores e vaias contra o adversário. A derrota no jogo 3 não desanimou em nada o torcedor limeirense.
No relato do jogo 3, comentei os aspectos táticos que fizeram a diferença para a vitória do Pinheiros. No jogo do título, falar apenas desse lado seria fechar os olhos para o ponto mais forte do bi-campeão paulista e levaria a pensarmos que o título foi perdido pelo time da capital e, não ganho por Limeira.
Claro que taticamente essa equipe teve seus méritos. A começar pela estratégia defensiva, Figueroa havia sido o melhor jogador na partida 3 da série, nessa ele foi marcado muito bem por Eric Tatu e não conseguiu repetir o estrago feito no jogo passado. Bloquear o cérebro da equipe adversária fez com que o ataque meia-quadra do Pinheiros voltasse a se desorganizar, Shammell e Marquinhos não conseguiam desequilibrar a partida com suas individualidades; e Olivinha, que foi o melhor jogador do time, era pouco acionado. Ofensivamente, o time foi organizado. Os apagões no ataque se devem muito mais a inconstâncias de seus jogadores que da estratégia adotada.
Também é óbvio, que no aspecto tático o Pinheiros deixou muito a desejar. Basta assistir uma partida da final que veremos isso. Só não vale o segundo tempo do jogo 3. Em suma o time era baseado na individualidade de Shammell e Marquinhos que monopolizavam demais a bola e pouco produziam. Olivinha, que estava sendo marcado por um jogador mais baixo (Jhonatan), não recebia bola em baixo do garrafão. E não sei ainda o motivo, mas, Bruno Fiorotto ficou no banco o último quarto inteiro.
Entretanto, apenas a desorganização do Pinheiros não justifica o título de Limeira. A diferença tática é consequência de uma série de fatores, que listarei a seguir:
• Esse era um grupo que acreditava nas palavras do técnico (quem assistiu pela televisão pode reparar a postura focada dos atletas nas orientações dadas). Não sou insider da equipe, mas aposto que o comprometimento veio através de trabalho.
• Uma vez com o grupo nas mãos, Demétrius conseguiu colocar na cabeça dos jogadores que o time ganharia o jogo na defesa e não trocando pontos contra o adversário.
• Demétrius evidenciou que na Winner/Limeira não havia lugar para egocentrismo (Diego ao seu modo quis explicar isso em entrevista no final do jogo 2), todos sabiam que precisavam contar com todos e não havia um herói no time (prova disso é que o cestinha do time fez 12,9 pontos por jogo campeonato).
• Esse time entrou com um espírito fortíssimo na final. Acompanhei o jogo da arquibancada e pude ver a importância que os jogadores davam a essa partida. Com certeza foi A partida da vida de alguns, caso não seja foi encarada como tal.
• Limeira tem uma torcida fanática e sensacional. Grita o tempo todo, vaia o adversário e que respira o time. Pude ver a expressão de torcedores que estavam ao meu lado. É de arrepiar como soltaram o grito de campeão após a cesta de André Bambú.
Com todos esses ingredientes, Limeira venceu o título paulista. E como disse Demétrius, em entrevista, não poderia haver uma volta melhor para o time. Demétrius, Cássio Roque (dono da equipe), os jogadores e a fanática torcida mereceram o título.
Parabéns Limeira, bi-campeã paulista.
Felipe Iwagaki Braga Ogando
Felipe foi testemunha ocular de uma das maiores conquistas do basquete brasileiro dos últimos tempos e trouxe para nossos leitores suas impressões.
Fotos: Maurício Martins – Divulgação