Pinheiros no NBB: por um banco que funcione

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Publicado em: 19/04/2010

Não há dúvidas que os cinco melhores jogadores do Esporte Clube Pinheiros são Jamison Brewer, Shamell, Diego, Olivinha e Morro. Do banco, dois jogadores conseguem colaborar efetivamente quando entram: Gustavinho e Luis Fernando. Além deles, Thiaguinho (o campeão do torneio de 3 pts do Jogo das Estrelas do NBB) e Thomas podem dar uma força – ou até, em momentos bem específicos para explorar o bom aproveitamento da linha dos 3, Bruno Mortari. A rotação com 8, ou 9 jogadores não chega a ser um problema no alto nível do basquete mundial. É o que a maior parte das equipes de ponta utiliza nos principais jogos do ano, sejam elas da NBA, da Europa ou de nosso continente.

Ao meu ver, o problema do Pinheiros está na baixa capacidade técnica que tem vindo do seu banco. É impossível chegar a algum lugar mais ousado com reservas que somados não conseguem colaborar com 10 pontos por partida ou que, e aqui um dado fundamental, não ficam em quadra por mais que um quarto de tempo de uma partida.

Dentro do núcleo principal do time da capital paulista, acima mencionado, há ainda uma pequena subdivisão. Acredito que, se Mortari explorar isso com mais vigor, o time pode dar o salto de qualidade necessário pra se igualar a equipes com um banco mais efetivo. Não é nenhuma revolução técnico-tática ou coisa que o valha, mas uma melhor compreensão do elenco e das situações do jogo. Pois vejamos: Shamell, Olivinha e Brewer jogam perto de 35 minutos por jogo. São, de longe, o núcleo duro que mantém o Pinheiros vivo no NBB. Se a alta produção desses atletas garantiu que a equipe tenha chegado entre os oito melhores times da competição, ela é também o seu calcanhar de Aquiles para a próxima fase. Isso porque Franca, comandada por um dos melhores treinadores brasileiros em atividade, não deixará isso passar barato, como fez o Paulistano do perdido João Marcelo. Hélio Rubens, mesmo tendo desfalques relevantes no perímetro, irá explorar essa deficiência de elenco e buscará não só cavar faltas destes três jogadores, como imprimir um ritmo que em dias de jogos consecutivos levará o quinteto à estafa.

Como fugir disso? A chave da resposta para essa pergunta é entender, na verdade, o seu contrário dela. É fundamental, portanto, compreender que se poupar das faltas não é uma opção! A fraca arbitragem brasileira já pune demais o contato físico. Se um time entrar em quadra na tentativa de se evitar jogadas mais ríspidas, certamente a defesa será muito comprometida. E no final das contas, uma série de playoff é sempre decidida na defesa.

E aqui chegamos a nossa sugestão, que é mais uma opinião, um palpite, do que uma regra geral das quadras de basquete: talvez a chave para a vitória esteja nos outros dois principais jogadores do elenco: Morro e Diego. Ambos jogam, em média, 25 minutos – nos playoffs os números são superiores. São eles os primeiros substituídos para a entrada do fraco e inefetivo banco de reserva. Pois talvez esteja numa saída simples e ousada a melhor solução para os problemas: reforce o banco, enfraquecendo a linha titular. Não trata-se de uma estratégia kamikaze. É expediente bastante usado ao redor do mundo. Não está nas regras do jogo que você precisa sair jogando com o que tem de melhor.

Uma linha titular com Gustavinho, Brewer, Shamell, Olivinha e Luis Fernando ainda seria respeitável. O estilo de jogo de Shamell não precisa de Diego o tempo todo ao seu lado. Como escape fundamental em quadra, tendo ainda Olivinha como parceiro nas decisões de jogada e o ótimo armador Brewer na condução das jogadas no setor ofensivo, é capaz que o americano ainda melhore sua qualidade técnica. No garrafão, Olivinha e Luis Fernando formarão uma dupla de respeito, ainda que o último não tenha a mobilidade e a explosão de Morro, ele pode ajudar fortalecendo o rebote e o trabalho físico dos dois lados da quadra. O ponto positivo, porém, estaria na defesa: Gustavinho poderá imprimir seu ritmo alucinado – na defesa, por favor – desde o início da partida (podendo ser substituído por Thiaguinho havendo algo que é costumeiro em seu caso, problemas de falta). Com definidores suficientemente capacitados ao seu redor, não veremos inúmeros erros como apareceram algumas vezes ao longo da temporada, quando a falta de banco obrigava que ele fosse decisivo.

A segunda rotação, poderia dar um tempo de descanso a Olivinha e Shamell, sem perder muito, com a entrada de Diego e Morro. Ambos são jogadores explosivos, rápidos que podem mudar a configuração de uma partida com sua entrada, mantendo um nível forte em quadra mesmo quando estão em quadra os jogadores da segunda rotação. Eles ainda conseguirão enfrentar adversários mais fracos que o time titular adversário, podendo levar vantagem em situações bastante específicas. Diego fazia algo parecido com isso quando jogava para Lula no Universo, no ano passado.

De acordo com o rendimento destes jogadores, Mortari poderá encontrar um bom time para os finais de segundo e terceiro período, descansá-los no início do quarto e voltar, para os cinco minutos finais de jogo, aí sim, com o que tem de melhor. Brewer, Shamell, Diego, Olivinha e Morro, em quadra, juntos, nos minutos finais, provavelmente pela primeira vez na partida, pode ser o fator decisivo que aterrorizará a defesa francana. E o principal: descansados e livres de problemas com faltas, o que lhes permitiria jogar em altíssima intensidade nos momentos decisivos da partida.

Enfim, como eu disse: trata-se apenas de um palpite. O Mortari tem vivência e experiência o suficiente no basquete para tomar suas decisões. Mas se me cabe aqui dar a opinião, aproveito pra dizer que vejo que com um plano de jogo possibilitando uma melhor utilização do banco, é possível até mesmo fazer o time do Pinheiros chegar ao título. É essa – a falta de um banco que decida partidas, ao meu ver, a principal diferença entre o Pinheiros e equipes que brigam pelo caneco: Universo, Flamengo e Franca.

Foto: LNB

Guilherme de Paula
guilhermetadeudepaula@gmail.com

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