Primeiras observações da preparação argentina para a Copa América

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Publicado em: 31/07/2009

Quando Sergio Hernández tornou pública a lista dos 20 jogadores pré-convocados para a seleção argentina que disputará a Copa América, o Draft Brasil armou uma super análise para facilitar ao leitor a compreensão de quem estaria na lista final (12 jogadores). Naquele artigo conseguimos analisar os argentinos posição por posição e até citar quem teria a vantagem de largar na frente pelas vagas na competição em Porto Rico. Hoje, os argentinos disputaram o seu primeiro amistoso nessa preparação para o Pré-Mundial contra a Austrália em Bahía Blanca. Além do jogo, podemos ressaltar o ginásio lotado (3500 pessoas mesmo em um jogo preparatório) e as emocionantes homenagens aos jogadores da “geração dourada” da Argentina. Alejandro Montecchia e Pepe Sanchez (dupla de armadores daquele time de 2002 e 2004) mostraram-se muito emocionados ao assistirem do meio da quadra ao vídeo de recordação com direito a performace de We Are The Champions ao vivo por uma cantora local. Ainda na homenagem, Montecchia falou exclusivamente com a equipe de transmissão da TyC Sports e revelou que era um prazer jogar naquele time, afinal, todos os jogadores se doavam de maneira única para a seleção. Juan Espil também foi homenagiado na cerimônia. Das tribunas, Emanuel Ginóbili assistiu ao jogo.

Em relação ao jogo, tivemos a chance de observar alguns pontos interessantes desse início da preparação argentina. Partindo do princípio que o quinteto inicial sonhado por Sergio Hernández quando convocou esse time era Prigioni, Delfino, Kammerichs (Leo Gutiérrez), Scola, Román González e que as ausências de Prigioni (ainda pode se juntar ao selecionado argentino) e Delfino (praticamente fora) mudem os planos do treinador, notamos que Paolo Quinteros realmente fará o papel de Delfino – atuando como um escolta que aparece muito para o jogo e tem inúmeras bolas para chutar. Quinteros anotou 26 pontos e converteu quatro bolas do perímetro. Com a lesão de Matias Nocedal, Diego García aparantemente já está garantido como escolta reserva na Copa América e mostrou seu valor hoje (16 pontos).

Além disso, Juan Pablo Cantero e Juan Pablo Figueroa brigam muito pela vaga de segundo armador (primeiro no caso da ausência de Pablo Prigioni). Na partida de hoje, Figueroa jogou muito melhor que Cantero (titular) e pode começar a ganhar a confiança de Hernández, afinal, durante o seu tempo em quadra, foi um verdadeiro armador (passando, infiltrando e dando ritmo ao jogo). Do outro lado, Cantero fugiu do estilo dos últimos armadores argentinos (Pepe Sanchez, Montecchia, Prigioni) que preferencialmente passam em vez de arremessar. O jogador de 26 anos se mostrou bastante individualista e forçando algumas bolas do perímetro (sem sucesso). É evidente que a partida de hoje não dará um ponto final à disputa, entretanto, Cantero não pode voltar a cometer os erros de hoje. O garoto Juan Manuel Fernandez não foi relacionado para o jogo com uma lesão e aparentemente perde terreno na briga por um lugar na equipe final.

Outra observação interessante é a do posicionamento de Federico Kammerichs. O ala de 2,04m foi titular e utilizado por bastante tempo na rotação de Hernández. De uma maneira mais ofensiva que o normal (Kammerichs é famoso por seu poder defensivo), o ala argentino apareceu inúmeras vezes embaixo da cesta para definir os ataques. Leo Gutiérrez atuou pouco tempo e não foi possível notar alguma movimentação especial do campeão olímpico em 2004. Outro fato interessante foi a ausência de Matias Sandes na relação do jogo (nome certo na lista final para a maioria da imprensa, inclusive para mim). Axel Weigand e Fabricio Vay tiveram os minutos que pareciam reservados para Sandes e mostraram alguma qualidade.

No garrafão, Scola e Roman González foram titulares (Cantero, Quinteros, Kammerichs, Scola, González) e fizeram 10 pontos cada. Juan Gutiérrez (terceiro pivô em Pequim) mostrou mais uma vez seu poder defensivo e contribuiu com 5 pontos e 5 rebotes. São esses três jogadores que irão repartir o maior número de minutos lá embaixo durante a Copa América – apararentemente os argentinos estão bem servidos de garrafão. Um dos jogadores que briga por uma das últimas vagas do elenco é Andrés Pelussi. O jogador foi utilizado em alguns momentos e mostrou mais uma vez que é um jogador de muita vontade e boa defesa. Mainoldi (que deve brigar pela vaga com Pelussi) não foi relacionado, assim como Federico Aguerre e Sebastian Vega (dois jovens que estão mesmo ganhando experiência com a seleção adulta).

Dois armadores, dois escoltas, três alas, três alas-pivô e dois pivôs. É isso que está sendo falado nas bandas argentinas. Tirando Delfino e colocando como figuras certas Scola, Leo Gutierrez, Kammerichs, Román González, Juan Gutiérrez, Paolo Quinteros e Diego García restariam cinco vagas. As duas na armação que serão de Cantero e Figueroa caso Prigioni não se apresente ou Prigioni e mais um. Sobrariam mais três vagas (um ala-pivô e dois alas). Nessa disputa entre os alas-pivô o grande embate é entre Pelussi e Mainoldi (citada no artigo anterior). Entre os alas, Sandes era nome certo, entretanto sua ausência hoje não foi por motivo de lesão e ficamos em dúvida. Caso Sandes esteja realmente confirmado na cabeça de Hernández, Vay e Weigand brigariam por somente uma vaga (caso Sandes tenha perdido espaço, são três jogadores para duas vagas).

Após as primeiras impressões da preparação argentina, terminaremos com uma pequena narração do jogo.

Os argentinos saíram massacrando os australianos com inúmeras cestas de Paolo Quinteros. Scola e González também foram importantes para um primeiro período arrasador dos “hermanos” (29×15). Mantendo o ritmo e a boa organização tática, a seleção argentina teve o controle total do segundo quarto e finalizou o primeiro tempo com 55×32 no placar. O terceiro período foi o melhor para a Austrália, afinal, Joe Ingles esteve bem nos arremessos e comandou uma pequena reação. O jogador Nathan Jawaii também foi importante no garrafão ofensivo dos australianos que venceram o terceiro quarto por 27×21. É necessário citar que as bolas de três de Paolo Quinteros sempre foram a válvula de escape da Argentina que manteve o jogo em suas mãos mesmo durante a reação australiana. No fim, um último período de muitos testes e mais superiodade argentina para finalizar a partida em 98×78. Ambas as equipes voltam a se enfrentar no Super4 em Rosário (jogos no ginásio do Newell’s Old Boys).

Raoni Moretto
raokiller@hotmail.com

Foto: CABB (Confederación Argentina de Básquetbol)

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