Qual o seu problema, Federação Paulista?
“Estas datas são definitivas e não serão modificadas. Não serão atendidas solicitações de mudanças, aceitamos somente mudanças de horários. Estas datas poderão sofrer alteração caso as séries terminem em menos de cinco partidas. Fica a critério da Federação. Esperamos a cooperação de todos para terminar o melhor campeonato que se faz no Brasil.”
Com a nota acima, de uma arrogância tremenda e de uma delicadeza semelhante a um mamute em uma loja de cristais, a Federação Paulista de Basketball (FPB) anunciou as datas dos playoffs de seu quase clandestino e opaco campeonato. E mais uma vez, a entidade que já foi sinônimo de basquete no Brasil, consegue transformar a fase mais aguardada de uma competição de basquete, os playoffs, em uma antítese do que ela deveria ser. Em vez de se desejar seu inicio e seu prolongamento o máximo possível, há quase uma súplica para que ela passe bem depressa. E não é a primeira vez e, pelo visto nem será a última.
O primeiro, como sempre, a sentir o efeito do Campeonato Paulista é o NBB. Este ano, onde a Liga Nacional fez quase tudo direito (explico o “quase” mais tarde) para a abertura do seu campeonato, a FPB fez questão de marcar um jogo de uma das séries semifinais no mesmo dia da partida que dá a largada ao NBB 6, entre Flamengo e Brasília, na Arena HSBC, dia 9 de novembro, além de jogos nos dias vizinhos – dias 08 e 10 também há partidas das semifinais agendadas. Volto a dizer, abertura de campeonato tem que ser com pompa e circunstância, uma data que gere expectativa (a FPB definitivamente não sabe o que é isso), ainda mais, da principal competição do país.
O finado COC/Ribeirão Preto foi a última equipe paulista a vencer um campeonato nacional.
Opa, principal competição do país? Esqueci-me da nota lá do inicio texto. Se voltarmos lá, mais especificamente nas últimas duas linhas, podemos ler: “…. Esperamos a cooperação de todos para terminar o melhor campeonato que se faz no Brasil”, o que nos leva a concluir que a federação paulista ainda acha que devemos estar em algum momento da década de 80. Para trazer a entidade de volta a realidade, basta lembrarmos que o último clube paulista a levantar o caneco de uma competição brasileira, foi o finado COC de Ribeirão Preto, em 2003. Nas cinco edições anteriores do NBB, nenhum paulista foi campeão e em apenas duas oportunidades (2011 e 2012) chegaram às finais.
Outro indício de que a FPB não sabe o ano em que estamos é que a entidade cedeu, muito cordialmente, uma semana de seu precioso calendário para a disputa dos também fantasmagóricos Jogos Abertos do Interior, competição que teve seu glamour até o inicio dos anos 2000 (foi apelidada merecidamente de olimpíadas caipiras e revelou muita gente boa), mas que hoje enfrenta o ostracismo. Pelo menos, algumas cabeças boas, como o técnico de Franca, Lula Ferreira começam a questionar, mesmo que de leve, qual o propósito de ainda se jogar uma competição como essa.
Ainda analisando a nota, podemos desconfiar que a turma da FPB andou matando aulas na época do colégio. Quando bate no peito e diz que não existe hipótese alguma de se alterar datas, ela esquece que Bauru e São José estão envolvidos na Liga Sul-Americana, que marcou jogos para os dias 5, 6, 7, 10, 11 e 12 de novembro, sem contar que dia 14 haverá rodada cheia do NBB. Lembra daquele principio que se aprende nas aulas de Física “um mesmo corpo não ocupa dois lugares ao mesmo tempo”? Pois é.
Quase.
Muito bom que a LNB marque o início do NBB em um jogo isolado, entre as duas equipes mais fortes do país e com transmissão pela TV aberta. Mas ainda falha na escolha do horário: 10 horas da manhã de sábado (que é dia útil para muita gente e será também o horário do jogo final) é um horário terrível. Esse comportamento de se contentar com as migalhas da emissora que transmite o campeonato já deixou de ser irritante. É lamentável.
