Quem é o dono da cidade?
Qual a maior rivalidade da NBA? Se fosse feita uma pesquisa com essa pergunta para os fãs da liga de todas as partes do mundo, não seria surpresa se Celtics X Lakers fossem unanimidade nas respostas. Considerada a segunda maior entre os esportes americanos (só fica atrás de Yankees X Red Sox do beisebol) os confrontos entre os 2 maiores campeões, além de ser a maior e a mais antiga, talvez seja a única rivalidade “eterna” do maior campeonato de basquete do planeta, aquela que independe do momento pelo qual os times estejam passando e a que possui doses de ódio visceral. Porém, a temporada que se inicia nesta 3ª feira, trará 2 disputas que prometem mexer com os 2 principais mercados da liga – Nova York e Los Angeles – e que é tão comum aqui no Brasil: a de times que dividem o mesmo território e às vezes até a mesma casa. Algo raro ou até mesmo inexistente na liga americana.
Para começar, deve-se levar em conta que somente na temporada passada uma 2ª praça (Nova York) começou a abrigar mais de uma franquia. Antes, desde 1984, quando os Clippers saíram de San Diego, somente Los Angeles tinha tal privilégio. E ao longo deste tempo, Clippers e Lakers não passaram nem perto de desenvolver algo que se possa chamar de rivalidade. Mesmo os estados que possuem mais de uma franquia (no caso, além da Califórnia, Texas e Flórida) o sangue não chega a subir quando as equipes se enfrentam. Entre os texanos, que viram suas 3 franquias juntas abocanharem já 7 títulos nos últimos 18 anos, costuma-se dizer que existe uma competição mais acirrada para saber qual a cidade tem a melhor culinária do que a que tem o melhor time de basquete.
Em Nova York, a chegada dos Nets (na verdade, entre idas e vindas a franquia já cruzou o rio Hudson por 4 vezes) na temporada passada vai aos poucos ascendendo a chama de uma antiga disputa. Quando entraram para a NBA na temporada em 1976, vindos da ABA, o então New York Nets foi avisado que teriam que pagar a módica quantia de 4,8 milhões de dólares ao rival de Manhattan, por estar “invadindo seu território”. O imbróglio deixou o caixa vazio e acabou ocasionando a saída da principal estrela dos Nets na época, o formidável Julius “Dr. J” Erving, que foi brilhar na Philadelphia. Dois anos mais tarde, a equipe decidiu arrumar as malas e ir para Nova Jersey. Agora, turbinada pelos dólares de Mikhail Prokhorov, a franquia, depois de uma 1ª temporada razoável em sua nova velha casa, fez um dos movimentos mais ousados da inter-temporada, ao tirar Paul Pierce e Kevin Garnet de Boston, e com isso, além de se colocarem entre os pretendentes ao título, sinalizarem que querem invadir para valer o território dos Knicks.
O time de Brook Lopez e cia pretende invadir ainda o mais o território comandado pelos Knicks de Tyson Chandler.
Na costa oeste, o recém-chegado Doc Rivers, colocou um pouco de pimenta na emergente disputa entre Lakers e Clippers, ao pedir que os banners que fazem referência aos 16 títulos dos amarelinhos fossem cobertos quando seu time estiver mandando os jogos no Staples Center. Banners que já causaram uma pequena desavença em 2012. Ao ser perguntado se os Clippers eram os novos rivais, Derek Fisher respondeu de forma bem prática: “Não, até eles conseguirem um daqueles.” (veja aqui), disse o jogador, apontando para o teto do ginásio. Agora, com os ventos totalmente a favor, os Clippers ameaçam por as mangas de fora e definitivamente querem deixar de ser apenas o “primo pobre” da cidade. Já a torcida dos Lakers, prevendo uma temporada longa e não muito agradável, prefere desdenhar do rival, dizendo que o jogo de basquete entre equipes do estado da Califórnia que mais desperta atenção do público ocorre quando UCLA X USC se enfrentam pelo campeonato universitário. Parece que a “Hallway Rivalry”, como é conhecido o dérbi de LA, vai para dentro das quadras mais ferrenha desta vez.
Será que a cena acima se repetirá com mais frequência ainda entre Lakers X Clippers na temporada 2013/2014?
Nesta terça, na rodada de abertura, os rivais angelinos já cruzam os bigodes. Uma pequena amostra se novas rivalidades serão eternizadas na NBA. À conferir.
