Quem manda na Europa?
Os playoffs da NBA estão a todo vapor, mas para quem é fã da bola laranja, esta sexta e o domingo merecem uma reserva na agenda. Nestes dias ocorrerão em Londres, as semifinais e a grande final da Euroliga, o 2º melhor campeonato de basquete do mundo. E a disputa para ver quem manda no velho continente promete aquecer à nublada e gélida capital britânica. Então confira a seguir, um breve resumo das semifinais e os palpites do vencedor de cada partida.
CSKA Moscow X Olympiacos Piraeus – 13:00 (horário de Brasília)
O jogo que abre o Final Four será a repetição da última final, quando de forma espetacular os gregos conseguiram virar uma partida em que entraram o último quarto com uma desvantagem de 19 pontos. O jogo, que ficou conhecido como o “Milagre de Istambul”, foi decidido na última bola (veja no vídeo abaixo) e até hoje causa pesadelos aos jogadores do time russo.
“Fiquei sem conseguir dormir durante noites”, afirmou Milos Teodosic, o armador sérvio que terá a missão de guiar os moscovitas ao seu 7º título continental e que travará com o grego Vassilis Spanoulis (eleito o MVP da temporada) um duelo envolvendo os 2 melhores armadores em solo europeu.
O armador sérvio do CSKA Moscow, Milos Teodosic, terá a missão de guiar sua equipe ao seu 7º título continental.
Duelo cujo vencedor tem grande probabilidade de definir qual time avança para a final. Teodosic tem um temperamento explosivo proporcional a sua genialidade (na última rodada do campeonato russo foi expulso após tentar agredir um dos árbitros) e quando desconcentrado tende a ser uma verdadeira máquina de erros e arrastar o time ladeira abaixo. Do outro lado, o Olympiacos vive quase uma “Spanoulisdependência” e a série contra o Anadolu Efes serve como prova. Nas 3 vitórias, médias de 14,3 pontos e 7,7 assistências por partida. Nas 2 derrotas, foram 4,5 pontos (nos 2 jogos combinados, em 8 tentativas de arremessos acertou só um deles) e 6,0 assistências.
Outro confronto que promete ser interessante será entre o experiente Viktor Khryapa, uma espécie de motor do CSKA (médias de 10 pontos, 7,5 rebotes, 3,8 assistências e 17,1 de eficiência) e o jovem Kostas Papanikolaou (médias de 9,0 pontos e 4,5 rebotes), eleito o melhor jogador jovem desta edição da competição.
No restante, o time russo, detentor do ataque mais eficiente do torneio com 112,6 pontos a cada 100 posses de bola, conta com um elenco mais gabaritado que os helênicos, com destaque para Sasha Kaun, Sony Weems, Nenad Kristic (quase sempre o alvo das assistências de Teodosic), Aaron Jackson e Theo Papaloukas, além de contar com Ettore Messina, técnico que já ganhou a Euroliga por 4 vezes (as 2 últimas com o CSKA em 2006 e 2008).
O ala grego do Olympiacos Piraues, Georgios Printezis, foi o protagonista do “Milagre de Istambul” na última final da Euroliga.
Já o Olympiacos, que este ano não terá o fator surpresa ao seu lado, manteve a base campeã, com Georgios Printezis (o cara que matou a última bola no vídeo acima), Kyle Hines, Pero Antic, Acie Law e Kostas Sloukas, porém ocorreram 3 perdas significativas: o técnico Dusan Ivkovic, que decidiu se dedicar somente à seleção sérvia, o pivô Richard Dorsey, que se transferiu para o basquete turco e o ala Evangelos Mantzaris, considerado um dos melhores defensores de perímetro da Europa, que sofreu uma lesão nos ligamentos cruzados.
Palpite: CSKA Moscow. Os russos são favoritos, mas será uma partida que exigirá um controle mental imenso.
FC Barcelona Regal X Real Madrid – 16:00 (horário de Brasília)
“El Classico” será disputado pela 1ª vez em um Final Four, assim como será inédito o duelo de 2 brasileiros nesta fase do torneio (Rafael Hettsheimeir pelos merengues e Marcelinho Huertas pelos catalães) e promete entregar o que sempre se espera quando os 2 gigantes espanhóis se enfrentam: um jogo com os nervos à flor da pele com um nível técnico altíssimo.
Este ano já foram 4 confrontos, com 2 vitórias para cada lado. As vitórias do Barça foram mais apertadas: 96X89 no 1º turno da liga ACB e um épico 111X108 com direito a 2 prorrogações pela Copa do Rei. Já o Real, se impôs com mais autoridade, vencendo por 95X84 na final da Supercopa da Espanha e por 78X65 no jogo de volta da liga espanhola. E o que houve em comum nas 2 vitórias do Real? Juan Carlos Navarro não estava presente, o que não ocorrerá nesta semifinal.
Nas 2 derrotas frente ao arqui-rival espanhol nesta temporada, o armador do FC Barcelona Regal, Juan Carlos Navarro não esteve presente.
Porém, os problemas que o Barcelona terá que solucionar não são tão simples: o norte-americano Pete Mickael, um dos pilares da forte defesa do técnico Xavi Pascual, foi diagnosticado com embolia pulmonar e decidiu encerrar a carreira para se tratar. O pivô australiano Nathan Jawai teve uma ruptura parcial do tendão do perônio e é dúvida, o que pode comprometer o jogo interno. Navarro, C.J. Wallace e Victor Sada chegam a Londres sem suas melhores condições físicas e Erazen Lorbek fez uma péssima série contra o Panathinaikos. Resta ao Barcelona ancorar-se na ótima fase do brasileiro Huertas (médias de 7,9 pontos e 3,4 assistências), torcer para que o pivô Anton Tomic esteja acordado (11,5 pontos de média, quase o dobro da temporada passada) e apostar em sua defesa, a mais eficiente do torneio (limitando os adversários a 94,3 pontos a cada 100 posses).
O armador espanhol Sergio Llull faz do jogo de transição do Real Madrid uma arma letal contra os oponentes.
Do lado merengue, o ambiente parece estar mais calmo. Depois de certo desequilíbrio no mês de março, quando o retrospecto entre a liga doméstica e a competição europeia foi de 5 vitórias e 5 derrotas, o “gigante branco”, maior vencedor da competição com 8 títulos, fez um série contra o Maccabi Tel Aviv que beirou a perfeição, batendo os israelenses em 3 jogos (foi o único time a “varrer” o adversário nos playoffs). O vigor físico e a velocidade de Sergio Llull, Rudy Fernandez, Sergio Rodriguez e Jayce Carrol fazem do jogo de transição imposto pelo técnico Pablo Laso uma arma letal para enfrentar o combalido Barça. No meio desta correria toda, Nikola Mirotic e Felipe Reyes dão o toque técnico para um time que parece ter chegado a seu ápice.
Palpite: Real Madrid. Mais inteiro fisicamente, os merengues são favoritos. Mas o Barcelona conta com jogadores habituados a disputarem esta fase da competição (como Navarro e Jasikevicius) e não se entregará facilmente.
Palpite da final – 16:00 (horário de Brasília): Real Madrid X CSKA Moscow. Os espanhóis vencem os russos na final de domingo. Apenas ressalvando que qualquer outro resultado não será surpresa, pois não existe um favorito destacado.
Então nesta 6ª feira e no próximo domingo, faça um esforço e dê uma pequena pausa na NBA (são só algumas horas!). Garanto que não haverá arrependimento.
