Quinta-feira: Sim, Franca respira basquete.
Quando Franca foi escolhida para ser sede do III Jogo das Estrelas do NBB, todos já sabiam que o evento seria especial. Contudo, uma série de acontecimentos favoráveis fez com que o final de semana entrasse para a história do basquete brasileiro.
O Draft Brasil, que esteve em Franca a convite da LNB, tentará reproduzir em 3 capítulos o roteiro dessa história.
Quinta-feira: Sim, Franca respira basquete.
Voar do Rio de Janeiro para Ribeirão Preto é uma tarefa muito mais simples do que eu poderia imaginar. Existem pelo menos 2 opções de companhias aéreas com voos diretos e o percusso não dura mais de 1 hora.
No trajeto seguinte, entre Ribeirão Preto e Franca, feito de ônibus, pude entender o porquê de tanta rivalidade entre a extinta equipe COC/Ribeirão Preto e o basquete francano. Afinal, são apenas 50 minutos de viagem numa estrada excelente e com poucas curvas. Além disso, é claro, as duas equipes conquistaram os 8 primeiros títulos estaduais da década 00 (5 para Ribeirão Preto e 3 para Franca) e, no nacional 2006, disputaram a famosa final que nunca terminou.
Enfim em Franca. É óbvio que um dos principais hotéis da cidade tinha que ficar colado ao Pedrocão. Também não poderia faltar na área de lazer do hotel uma quadra de basquete.
Mas a verdade é que eu não queria perder tempo no hotel. Aproveitei que o Flamengo faria o reconhecimento de quadra para finalmente conhecer o lendário Pedrocão.
Para um basqueteiro fanático, é impossível não ficar contagiado com a energia do Pedrocão, mesmo quando as suas arquibancadas estão vazias. O lugar transpira história do basquete brasileiro. Quantas finais e momentos épicos da nossa modalidade não ocorreram naquele ginásio?
O Pedrocão é um ginásio antigo, de estrutura acanhada, e que poderia melhorar substancialmente com algumas reformas pontuais. Um exemplo, é que a quadra possui uma única saída para jogadores. Essa passagem é tão estreita que é difícil imaginar como as tabelas foram colocadas na quadra. Um dirigente da LNB chegou a brincar “acho que o ginásio foi construído já com as tabelas ali”. Faz sentido.
Por outro lado, o ginásio possui o tamanho perfeito para uma Arena no Brasil. Acredito que a sua capacidade seja um pouco menor do que a anunciada oficialmente (8 mil pessoas), mas o aproveitamento de espaço é excepcional. O formato compacto cria a atmosfera ideal para uma panela de pressão. Há ainda uma bela vitrine de troféus posicionada no meio das arquibancadas, através da qual Franca busca intimidar os seus adversários com sua rica história.
Gatos escaldados, os jogadores do Flamengo já sabiam que enfrentariam mais do que o time francano naquela noite, teriam de derrotar a própria cidade.
Antes da partida, contudo, tive a oportunidade de almoçar no famoso restaurante Barão, localizado no centro de Franca. Além da refeição de porção e preço extremamente generosos, pude apreciar as paredes do local, onde estão penduradas fotos históricas do time de Franca (a mais antiga data 1923) e pôsteres antiguíssimos de estrelas da NBA.
Contudo, às 19 horas da quinta-feira é que finalmentefui apresentado ao que Franca tem de melhor. Assistir duas das equipes mais tradicionais do nosso basquete duelaram no Pedrocão é uma experiência única.
Para meu deleite, Franca e Flamengo disputaram uma partida tensa sob o intenso barulho da torcida francana, que só foi interrompido pela ponte-aérea Marcelinho/Teichmann (não me lembro de ter “ouvido” um silêncio como aquele numa arena lotada), mas reestabelecido em definitivo com a resposta imediata nas mãos certeiras de Vitor Benite, jovem armador que conduziu a vitória do time da casa.
O sucesso contra o Flamengo afastou por completo a desconfiança dos torcedores francanos sobre a equipe local e foi o ingrediente perfeito para que Franca abraçasse de vez o Final de Semana das Estrelas.