Sábado: Day coloca de vez a festa na história
Para finalizar a série de textos sobre o Final de Semana das Estrelas, um relato sobre sábado, o dia do Jogo das Estrelas.
Textos anteriores:
Quinta-feira: Sim, Franca respira basquete.
Sexta-feira: Os deuses do basquete recompensam Franca.
Sábado: Day coloca de vez a festa na história
Ao contrário dos outros dias, o sábado começou bem cedinho para jogadores, torcedores e jornalistas, com o evento marcado para começar às 10 horas da manhã.
E pela primeira vez no final de semana, o público de Franca chegou ao ginásio com antecedência. Já não cabia mais uma mosca no Pedrocão quando o locutor oficial anunciou o início das atividades.
Quando as duas equipes entraram em quadra levei um susto. Fui surpreendido com algo óbvio e que eu já deveria ter observado há muito tempo, mas foi realmente preciso me deparar com a camisa amarela para constatar que o time “NBB Brasil” nada mais era do que a seleção brasileira.
Está certo: havia os desfalques (alguns habituais) dos jogadores da NBA e de Marcelinho Huertas, mas, por outro lado, havia o (raríssimo) reforço de Valtinho. Vejam só, Valtinho, Marcelinho, Alex, Guilherme e Murilo, com Marquinhos, Olivinha, Nezinho e Raulzinho no banco de reservas.
Supresa maior, contudo, veio das arquibancadas, de onde surgiu uma indescritível vibração, aparentemente sem motivo algum. Enquanto isso um sujeito magricela vestido de jeans e camisa social bordô corria sem rumo na quadra. Mal sabia que aquele era Tiago Leifert, sujeito que apareceu na mídia carioca pela primeira vez na época da Copa do Mundo.
O cara é uma verdadeira celebridade em São Paulo. Incrível, parecia que era o Pelé que estava entrando em quadra, tamanho o entusiasmo e a gritaria do público. Vivendo e aprendendo…
Pouco depois, foi a vez de o onipresente técnico da seleção brasileira, Ruben Magnano, aparecer no Pedrocão, acompanhado dos 22 atletas da Pré-seleção de Desenvolvimento que treina na cidade vizinha São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais. Magnano sentou-se durante um bom tempo ao lado do anfitrião da festa, Hélio Rubens.
A bola subiu e parecia que o time brasileiro atropelaria os estrangeiros com lances circenses de Marcelinho Machado e uma atuação sólida de Guilherme Giovannoni.
Foi aí que começou a brilhar Robert Day, um dos nomes menos prováveis para ser a estrela da festa. O jogador do Uberlândia vem evoluindo a cada partida na temporada regular, mas penso que nem ele acreditasse no “estrago” que viria a causar no Pedrocão.
O cara simplesmente acertou os seus 11 primeiros arremessos de 3 pontos, sofrendo uma falta em arremesso do perímetro no meio do caminho. Um absurdo! Vi a indiferença dos francanos se transformar em admiração ao som de palmas a partir do sexto arremesso certeiro consecutivo.
Neste ponto da partida, aliás, o título de MVP já parecia certo para Robert Day, independetemente do resultado da partida. Mas Robert queria mais, e foi buscando a vitória que alcançou os seus 50 pontos.
O novo formato (brasileiros x estrangeiros) tornou o evento muito mais divertido de se assistir, dando-lhe competitividade e trazendo moderação nas firulas. Esse formato acabou sendo coroado com uma plástica enterrada do Larry Taylor nos segundos finais.
Na entrevista realizada na zona mista, aprendi que, além de craque, Robert Day é um jogador extremamente simpático. Estava animadíssimo com o seu jogo e muito entusiasmado com o calor humano de Franca, ao ponto de afirmar “isso não existe nos EUA”. Disse, ainda, que embora já tenha superado a marca de 50 pontos em outras partidas, acertar 11 arremessos de 3 pontos consecutivos somente no treinos. Nunca chegara perto deste feito numa partida.
Em seguida, Robert Day contou que, por jogar no time dos estrangeiros, esperava uma recepção “não muito amistosa” da torcida. Mas não houve nada disso. Franca demonstrou que, mais do que torcer, admira um bom basquete. Por outro lado, Uberlândia parece ter ganhado um ídolo, que pode dar alegrias durante muito tempo à torcida.
E como basquete só acaba quando termina, desembarcando no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, ainda tive oportunidade de ver Paulo Chupeta, agora Coordenador das Categorias de Base do Flamengo, recrutar um garoto de quase 2 metros de altura que tietava o pivô Baby, numa cena para lá de inusitada.
Por fim, a única certeza que eu tenho sobre esse Final de Semana das Estrelas é que a próxima cidade a sediar o evento terá que cortar um dobrado se quiser superar Franca 2011. A cidade está de parabéns!