Sem receber, jogadores do Flamengo ameaçam até não entrar em quadra
O problema está longe de ser novo.
Aliás, esse involuntário “franciscanismo” dos jogadores do Flamengo abrilhantou, de certa maneira, o lendário título sulamericano da temporada passada.
João Areias chegou, deu uma acertada nas contas, a torcida comprou o orgulho do time e o resultado que se viu foram ginásios lotados nas finais do NBB e título nacional, com os compromissos se não todos sanados, pelo menos em vias de. Se não houvesse esse quadro, por qual motivo teriam renovado todos os jogadores do grupo com exceção de Baby? (que diga-se, não renovou porque o Flamengo foi quem rejeitou a sua proposta inicial).
Areias se foi, engolido pelas próprias pretensões de se tornar presidente do Flamengo. O ano recomeçou nada animador com um time visivelmente desequilibado em quadra, dando vexame em Joinville (em relação ao aspecto emocional) e na Argentina (que uniu a tragédia técnica ao já conturbado ambiente psicológico). Pra piorar, a estréia no NBB, em que se pese a tranquila vitória contra o fraco Cetaf, foi acompanhada por pouco mais de 100 pagantes, dinamitando qualquer expectativa de sucesso na troca de casa para a fase primeira da competição (substituindo os feios porém acessíveis Maracanãzinho e Tijuca pela bela porém cara e distante HSBC Arena).
Pra completar o tenebroso cenário, eis que às vésperas da segunda rodada do NBB, com jogo da TV marcado para às 19h de hoje, contra o Saldanha da Gama, aparece uma entrevista de Marcelinho Machado cobrando com razão os direitos seus e de seus companheiros e fazendo uma severa ameaça: a gente pode até não entrar em quadra.
No link abaixo, no SportvNews:
A LNB, que mereceu todos os elogios deste site às vésperas do lançamento da segunda edição deste campeonato, precisa tomar partido. Há informações confirmadas de que o Saldanha da Gama ainda não acertou as contas do ano passado com boa parte de seus profissionais. O Flamengo, e já pela segunda vez em menos de um ano, ameaça a credibilidade da liga. Alguém imagina os efeitos adversos que a equipe não entrar em quadra – e em jogo da TV – trariam ao nome NBB?
É necessário pensar punição objetiva das equipes que não cumpram com seus compromissos com profisisonais do basquete. A LNB não pode fingir que não está vendo isso acontecer. Desde já, a sugestão que fica é uma cláusula de exceção que permita a transferência de jogadores que já tenham atuado por uma equipe no NBB se esta nao arcar com os salários em dia. Isso, porém, ainda é muito pouco. Enquanto houver o espírito de impunidade, os clubes continuarão a tratar seus atletas como bem entenderem.
E o tal sindicato/associação dos atletas, onde está em um momento como esse? Uma classe organizada não só permitiria que o Flamengo não entrasse em quadra mas se uniria para parar toda a rodada. A última informação que recebemos foi que o próprio Marcelinho e o ex-armador Ratto estavam no comando dessa organização. Onde está tal organização e a coesão em um momento importante como esse, como um incrível e necessário instrumento para o poder de barganha?
Se não há união e respaldo de uma organização maior como seria o caso do sindicato dos basqueteiros, a ameaça de não entrar em quadra feita por Marcelinho parece outra vez um simples blefe. Os atletas do clube tem (mais) uma promessa da diretoria para que possam entrar em quadra logo mais. Você acreditaria no patrão tão pouco confiável? E do ponto de vista dos dirigentes da Gávea, por qual motivo mudariam sua maneira de lidar com isso? Os jogadores ameaçam mas não conseguem organizar um boicote, a diretoria da liga não toma ações mais agressivas e as coisas seguem como sempre, com o time inclusive conseguindo ser vitorioso.
A sexta-feira ameaça, de novo, nada acontecer. Às 19h, no Sportv, parceiro do NBB mas que não escondeu os problemas de seus sócios (contrariando, aliás, um costume tão tradicional das Organizações Globo),as cenas deste triste e repetitivo capítulo.