Sucessão Familiar

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Publicado em: 11/09/2013

Este post vai para 2 categorias de pessoas que geralmente são oprimidas pela sociedade: os gordinhos, que querem praticar algum esporte e são esculhambados sem piedade, e para aqueles irmãos mais novos, que tem um irmão mais velho que é o tipo de pessoa que faz tudo milimetricamente certo, nunca erra e se torna referência de comparação para os pais (e como no caso a seguir, se torna exemplo para o país).

Pois bem, Marc Gasol foi um cara que encarou tudo isso. Gordinho quando jogava no High School americano e sempre a sombra do irmão bom de bola no restante da carreira. Aqui no Brasil já teve locutor se referindo a ele como “Gasolzinho”.

marc-gasol-lausanneEm 2001, quando Pau se mudou para Memphis, foi acompanhado por toda sua família. Marc, ainda cursando o colegial, foi jogar basquete na Lousanne School, a qual defendeu por 3 anos.  Lá, além de receber o apelido de “Big Burrito” (pela foto, pode-se deduzir que ele não era um dos mais leves) ajudou a equipe a chegar a um vice-campeonato estadual da 2ª divisão do estado do Tennessee. Suas médias foram impressionantes: 26 pontos, 13 rebotes e 6 tocos por jogo. Tudo isso e mais o fato de ser o primeiro e único atleta da escola a chegar a NBA lhe renderam um pequeno feito: em 2008 (ano de sua estreia na liga americana) sua camisa foi aposentada do time de Lousanne. Ironicamente, foi o primeiro Gasol a ter tal honraria (uma camisa retirada) em Memphis.

Após a formatura, Marc retornou a Espanha, para defender o Barcelona, clube que revelou o irmão.  Em 3 temporadas no time catalão, a que ele mais jogou foi à última (2005/2006), mesmo assim com números modestos: média de 10 minutos e 3 pontos por jogo – é bom não esquecer que ele só tinha 20 anos.

Foi quando aquele famoso clichê “lugar certo na hora certa” resolveu dar as caras. Junto com outros 2 jovens (Eduardo Sonceca e Jordi Trias), Marc foi convidado a participar dos treinos da seleção espanhola que se preparava para o Mundial do Japão. Os 12 jogadores que iriam para a Ásia já estavam definidos, quando Fran Vasquez, pivô que já chegou a ser considerado o melhor fora da NBA (foi o mais votado naquela famosa eleição entre os donos de franquias da NBA) sofreu uma contusão. Como Marc já estava ali mesmo…

Primeira participação com a seleção, primeiro título. Além do peso gigante que o Mundial representou, houve a quebra de um tabu que incomodava a Espanha: foi a 1ª vez na história que a “Roja” voltava com uma medalha desta competição. Nunca havia conseguido mais que um 5º lugar.

A partir daí, a carreira começou a deslanchar, mas ainda ofuscada pelo brilho do irmão. Na liga ACB, logo após o triunfo com a seleção, Marc se transferiu para o Girona (equipe atualmente extinta) onde ganhou mais tempo de jogo e seus números começaram a subir. Em 2007, foi escolhido pelos Lakers na 2ª rodada (48ª posição) do Draft, mas continuou jogando na Espanha.  Na temporada 2007/2008, um desempenho de 16,2 pontos, 8,3 rebotes e 1,8 tocos em 33 minutos por jogo lhe renderam o prêmio de jogador mais valioso da liga espanhola.  Ainda em 2008, mas no início do ano, seu caminho e o do seu irmão voltariam a se cruzar. Seus direitos da NBA foram envolvidos na troca que levou Pau para Los Angeles e ele acabou repassado aos Grizzlies. Os fãs – claro – a princípio torceram o nariz, mas o futuro mostraria que a cidade de Memphis continuaria tendo um Gasol como ídolo.

120608_1on1_photo1Em sua temporada de novato, um desempenho bem sólido. Participou de todos os 82 jogos, sendo 75 como titular com médias de 11,6 pontos e 7,4 rebotes o que lhe valeu um lugar no 2º time dos calouros e com uma porcentagem de arremessos de quadra (% FG) maior que o de Pau em sua temporada de estreia: 53,0% contra 51,8%, que poderia até ser relevante, se o mano mais velho não tivesse sido escolhido o calouro do ano. Marc continuou evoluindo mental e fisicamente, mesmo longe das marcas do irmão. Quando pisou pela 1ª vez na quadra para disputar um jogo dos playoffs em 2010, Pau já tinha ganhado 2 anéis de campeão da NBA.

Nesta última temporada, surgiram indícios que o bastão começou a ser passado e que em breve o principal Gasol da NBA será outro. Pela 1ª vez, Marc teve uma média de pontos maior (14,3 contra 13,7), terminando a temporada em alta e sendo o 1º estrangeiro a ser reconhecido como o melhor defensor da liga. Pau, por sua vez, limitado a 49 jogos na temporada regular devido a lesões, mergulhou no inferno dos Lakers.

Na seleção espanhola, onde Marc sempre foi o Gasol coadjuvante, há grandes possibilidades de que a condição de estrela principal já comece a ser compartilhada, ainda mais se ele guiar a equipe ao tricampeonato do EuroBasket, competição que está sendo disputada na Eslovênia e na qual Marc chega com status de principal homem de garrafão, como diz o artigo do ex-jogador e pivô George Zidek, tcheco que jogou pelo Charlotte Hornets nos anos 90.

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Na Espanha dizem que existe uma santíssima trindade do esporte, formada por Rafael Nadal, Fernando Alonzo e Pau Gasol.  Marc ainda não tem o peso dos 3 e é provável que nunca tenha. Mas não resta dúvida de que o Gasol mais famoso já tem um ótimo sucessor.

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