Tijuca e LSB garantem vaga no NBB
Foram definidos hoje os dois finalistas da Super Copa Brasil que são também os dois classificados ao NBB da próxima temporada. Em dois bons jogos, Tijuca (contra São José) e Liga Sorocabana (contra Rio Claro) garantiram as vitórias mais importantes de suas temporadas. Nos outros confrontos do dia, Campo Mourão e Sport Recife venceram Caxias do Sul e São Camilo para brigar pelo quinto lugar. Os dois derrotados disputarão a sétima colocação.
Em relação aos times que não chegaram na fase semifinal, vale destacar a boa participação do Sport Recife. Sem muitos investimentos (o maior talvez tenha sido Mudo), o tradicional clube pernambucano conseguiu fazer bons jogos e fica a sensação que um ou dois reforços estrangeiros poderiam ter colocado o rubro-negro mais longe na competição. Da região Sul, Campo Mourão e Caxias do Sul não tiveram resultados expressivos, a falta de investimento me parece o fator fundamental para esse desempenho. Como destaques individuais, podemos citar o bom trio Mãozão, Douglinhas e Buboltz de Caxias e as ótimas atuações do pivô Thiago Mathias (ex Paulistano) por parte de Campo Mourão. São Camilo que poucos conheciam, teve em Ricardo a sua força. Com médias de 20 pontos por jogo ele lidera o ranking de cestinha do torneio.
Entre os semifinalistas, todos merecem destaque. Primeiro o time de Tijuca que sediou a competição e confirmou todo o favoritismo ao chegar na decisão invicto. Baseando seu time em jogadores experientes (Ricardinho, Olívia, Casé e Rodrigo Bahia) e com outros bons valores (Darlan e Marcellus) o time carioca armou um núcleo forte para a Super Copa. Ricardinho e Marcellus foram determinantes e com isso, o tradicional clube fluminense volta ao maior campeonato de basquete do país.
A Liga Sorocabana também confirmou seu favoritismo ao confirmar a vaga no NBB. Liderado pelo ótimo norte-americano Kenny Dawkins (armador, 1,75m), os paulistas venceram um difícil duelo com Rio Claro pela segunda vaga na final. Dawkins que teve passagem pelo Rio Grande Valley Vippers da D-League e uma trajetória boa por Lamar da NCAA (15 pontos por jogo em uma das suas duas temporadas), foi o grande jogador do time e talvez, o melhor de toda a fase final da competição. Douglas Gorauskas (pivô com passagem pelo basquete da Suíça) também jogou muito na semifinal e fez valer o investimento feito nele. LSB merece a vaga justamente por essa ousadia nos reforços. Buscou um norte-americano de nível elevado, trouxe jogadores de fora e com nomes rodados do cenário brasileiro (Daniel Conti, entre outros) conquistou a tão sonhada vaga na elite do basquete nacional.
Do lado de Rio Claro, fica a decepção pela eliminação no final, entretanto, a equipe também montou um núcleo forte para esse nível de competição. Léo, Atílio e Thiagão ficaram do Campeonato Paulista, Ulisses Lima também se mostrou bem e não fosse Kenny Dawkins, podia ter liderado o time ao NBB.
Por fim, vale destacar a grande campanha de São José. O time do Amapá chegou desconhecido ao torneio e mostrou muita qualidade e ousadia. Primeiro é preciso coragem para trazer dois argentinos (Martina e Gastón) que em alguns momentos mostraram resultado (principalmente Gastón). Depois, formar um núcleo nacional de qualidade com Janjão, Hubner e Gilsinho também surpreendeu, afinal, não se esperava tanta qualidade do time nortista. Contra os favoritos, donos da casa e possivelmente melhor elenco do torneio, o São José jogou a vida na semifinal e só foi derrotado na prorrogação (88×83). A verdade é que a comunidade do basquete nacional se comoveu em torno desse time. Não é por conta de preferências clubísticas, bairrismo ou coisas do gênero. A realidade é que a muito tempo não surgia algo novo no cenário. Um time do Amapá chegou ao Rio de Janeiro e quase conquistou uma vaga no NBB. Agora fica a torcida para que a Liga Nacional olhe com bons olhos projetos como o de São José. Os polos menos tradicionais podem sim montar projetos sérios e qualificados e ouso dizer que esse time de São José deve brigar por uma vaga no NBB. Claro que é preciso ter garantias de investimento, patrocínios entre outras coisas, porém, seria muito importante para o desenvolvimento do basquete nacional que o Amapá e a região Norte tenha uma equipe no NBB. Caso isso seja impossível, fica a certeza que está mais do que na hora de uma segunda divisão chegar em nosso país. Argentina, Uruguai e Espanha são exemplos de países com segundas divisões que funcionam e desenvolvem o esporte. Na vizinha a Argentina, o TNA (segunda divisão) chega a ter jogos com ginásio lotado e televisão. Claro que tudo precisa ser bem estudado, porém, a regionalização e a posterior nacionalização da competição pode ser uma solução qualificada para finalmente termos uma competição nacional entre os times menores. E vale lembrar, divisões menores ajudarão os jovens a desenvolver seu basquete. O Draft Brasil está preparando um artigo especialmente sobre uma possível série B, porém, de antemão fica o desejo que a Liga olhe com bons olhos os trabalhos feitos em cidades com menos tradição no basquete.
Raoni Moretto
raoni@draftbrasil.net
Foto: CBB