Top 5: Melhores Técnicos
Seguindo o momento dos nossos tops, ainda atendendo sugestões que apareceram em nosso twitter, falaremos agora dos comandantes que estarão na Turquia. Não seguiremos o tradicional ditado que tanto repetem os professores de que “o treinador é tão bom quanto seu último resultado”. Aqui, mais importante que as conquistas recentes, é olhar a carreira a longo prazo e ver quais computam maiores façanhas no currículo.
1) Dusan Ivkovic (Sérvia)
A nota de corte para estar numa posição como essa em tão importante ranking às vésperas do Mundial da Turquia, deveria ser, naturalmente, o título olímpico, que os dois próximos dessa lista enumeram em seu currículo. Mas a trajetória de Ivkovic é tão imponente, e seu papel no ressurgimento da Sérvia é tão expressivo que para a competição que se avizinha, sacaremos do bolso o expediente do fura fila para colocá-lo no topo dessa lista. Este senhor de 67 anos liderou o jovem grupo de conterrâneos ao inesperado vice-campeonato europeu na Polônia, no mês passado, juntando a prata aos outros três ouros que conquistou ao vencer o continente, em 1989, 1991 e 1995, quando a Iugoslávia ainda não havia sido dividida.
Ivkovic, em sua carreira de seleção, ainda contabiliza, sempre como chefe maior, o ouro no Mundial de 90 e a Prata nas Olimpíadas de Seul, em 88. Quando somamos às suas marcas, sua carreira como assistente técnico (prata em Atlanta 96, bronze no Mundial de 86 e Europeu de 87), o currículo fica ainda mais recheado. Tudo isso parece pouco, porém, se nos atentarmos para sua gestão em clubes do Velho Continente. Com o Olympiacos, conquistou a tríplice coroa em 97, Euroliga, Grego e Copa da Grécia. Conquistou também continentais de menor expressão com Dínamo, AEK e Partizan Belgrado. Foi campeão nacional iugoslavo (com o Partizan), grego (com o PAOK e o Olympiacos, já citado) e russo (com o CSKA), além de copas nacionais com os já citados AEK, Partizan, Olympiacos e CSKA.
Em busca do seu segundo título mundial, Ivkovic sabe que seu principal trabalho é dar uma cara ao basquete sérvio, que depois de tantas glórias demorou para encontrar o melhor caminho, já percorrido ano passado na Polônia. A hora é de colher os louros e mostrar que além de bola e união para entrar na briga (como a lamentável contenda que ontem acompanhamos), o time sérvio pode também surpreender e até lutar pelo título na Turquia. No banco, eles vão munidos do melhor treinador da competição.
2 – Ruben Magnano (Brasil)
Tirando o imbatível arsenal de conquistas de Ivkovic, o treinador dono da maior façanha que se esgoelará à beira da quadra turca é o argentino técnico da seleção brasileira, Ruben Magnano. É inexplicável o quão assustador é saber que nosso comandante conduziu os vizinhos a um título olímpico. Fora do eixo do poder do basquete, Iugoslávia, URSS e EUA, apenas um homem liderou uma seleção ao pódio olímpico mais alto e hoje ele está do nosso lado.
Com estilo disciplinador, devoto declarado da defesa e adepto de um jogo controlado, fã da escola européia de basquete, Ruben chega na desgastada seleção brasileira com a certeza de que, se fizer um trabalho ruim na Turquia, ainda ficará na frente do resultado da última comissão técnica, liderada por Lula Ferreira. Magnano tem a vantagem de pegar carona no ótimo trabalho de Moncho Monsalve, que deu ao time nova cara e um título da Copa América.
A chegada no país supostamente hostil não poderia ser mais tranquila para Ruben. Habilidoso no trato com os técnicos e dirigentes, o argentino não se deixou manipular e dominou as principais decisões referentes à preparação e convocação do time que levará para o campeonato. Foi também brilhante na tarefa de motivar e garantir a apresentação dos ricos e bem sucedidos talentos brasileiros espalhados pelo mundo.
3 – Mike Kriszewski (EUA)
Segundo campeão olímpico desta lista, o Coach K foi o principal nome fora de quadra da chamada “redenção” estadunidense para o basquete. Extremamente trabalhador, formador de talentos com longa trajetória de sucessos em Duke, traz a responsabilidade eterna de ser sempre favorito comandando os Estados Unidos.
Com um elenco muito jovem na mão, poderá guiar seus rapazes no melhor estilo que adota na NCAA: pulso firme, alto grau de estudos, pouca liberdade criativa, grande capacidade de defesa, dois armadores, uma linha poderosa de tiros de 3 e uma bem treinada linha ofensiva contra defesas por zona, que há tanto tempo incomoda os inventores da modalidade.
Depois de naufragar em outras competições com treinadores famosos da liga profissional, os EUA encontraram nesse professor o melhor jeito de lidar com os egos sempre em polvorosa, e, apesar de um começo tortuoso, o saldo caminha num sentido positivo. Na Turquia, sem Kobe, com o ambiente hostil e recheado de puberdade, Coach K tentará salvar a honra do basquete mais poderoso do mundo.
4 – Bodgan Tanjevic (Turquia)
Mais um sérvio para essa importante lista. Os donos da casa terão em seu banco um homem já identificado com o país. Desde 2007 dominando as competições nacionais sob comando do sempre favorito Fenerbahçe, Tanjevic é outro treinador que acumula título continental de clube e seleção, além de uma porção de conquistas nacionais.
No europeu de 81, levou a Iugoslávia à medalha de prata, e, 18 anos depois, conquistou o lendário título da mesma competição com a Itália, quando o excepcional Gregor Fucka foi eleito MVP. Entre clubes, levou o Bosan Sarajevo no longínquo 1979 ao título continental.
O problema será dar alguma consistência a essa esquisita geração turca que, além de contar com jogadores que não se apresentam à seleção (caso de Okur dessa vez), ainda padece do problema de ver seus astros não repetirem as atuações formidáveis dos clubes vestindo a seleção nacional – o caso óbvio para se lembrar é Turkoglu. Desafio abastecido por uma torcida fanática que não deixará de apoiar a seleção enquanto ela lute.
5 – David Blatt (Rússia)
O judaico-estadunidense David Blatt partirá em busca de mais uma façanha memorável. Sua estréia na seleção russa foi nada além de formidável. Conquistar o título europeu contra na Espanha, nos segundos finais, dentro da casa dos adversários, era muito mais do que qualquer estreante poderia querer, ainda mais contestado por toda uma tradicional escola de treinadores por ser de uma nação que representa basicamente a antítese do que por anos o basquete soviético construiu.
O sonho durou pouco e a fraca participação olímpica, somada à desastrosa exibição no europeu polonês voltaram a colocar o nome deste talentoso treinador na berlinda. Tendo no currículo grande colaboração na formação do lendário time de Maccabi da virada do século, e títulos na Itália e na Rússia, o jovem treinador lutará pelo seu emprego na Turquia. Em nossa lista, superou nomes como o ousado Tad Baldwin, Sergio Hernandez e Sergio Scariolo para ocupar o quinto e último posto de nosso top.
Por Guilherme Tadeu