Uma atuação exuberante
Com um link salvador transmitido em letão, o Draft Brasil acompanhou o jogo da Seleção Sub-19 contra os anfitriões do torneio mundial juvenil. O Brasil venceu a partida por 88 x 73, mas isso nem de longe se tornou o fato mais importante deste começo de tarde. Nossa seleção jogou bem! Claro, vencer é importante e vencer os donos das casa ainda mais, porém nosso selecionado juvenil conseguiu realizar algo que há muito tempo não conseguimos assistir quando alguma equipe nacional se reunia: Atuar de forma convincente durante um jogo inteiro.
A equipe brasileira sub-19 roda a bola, trabalha os ataques, movimenta sem a bola, sempre procura o melhor companheiro para uma tentativa livre, os pivôs são envolvidos nos movimentos e não são apenas espectadores de luxo e o trabalho de todos em quadra fica mais fácil, provavelmente menos cansativo e mais divertido. Não existiu, na partida de hoje, atletas esperando passes parados, olhando para o nada, perdidos e correndo sem direção. Não, o basquetebol que o Brasil praticou hoje foi o basquetebol que estamos acostumados a ver nos outros times que tantos elogiamos.
Por momentos, o Brasil teve em quadra Davi e Raulzinho, dois armadores de um nível técnico acima da média. O atleta do Pinheiros consegue aliar velocidade na transição com boas decisões nos passes. Tem fintas corporais e infiltra com facilidade porém não é um armador que joga para ele. Ele faz o time melhor com sua presença em quadra. Raulzinho, se não fosse pelo excesso de faltas no torneio, poderia sonhar tranquilamente com o título de MVP do torneio. Não que isso seja o mais importante, pois não é, porém demonstra para todos o potencial que este atleta tem e a performance que ele vem apresentando em seus jogos. Joga para o time, procura os companheiros, define quando é necessário. Tudo feito com muita consciência dos momentos para realizar cada tarefa.
Bruno teve uma atuação de gala. Explorou os espaços para realizar bandeijas, bem como foi eficaz nos contra-ataques e rendeu muito bem nos arremessos. E isso tudo sem ser fominha ou querer definir todas as jogadas. Jogou conforme o time precisava,
Se o ataque tem sido de uma felicidade ímpar, a defesa massacrou as ações da Letônia. Variedade defensiva brasileira ficou claro desde princípio, quando alternamos as defesas e em especial uma pressão quadra toda que deixou os adversários completamente perdidos durante a transição. Além disso, Cristiano e Gabriel Aguirre, tiveram um dia muito feliz, evitando cestas e capturando rebotes (na defesa e no ataque), dominando de fato o garrafão defensivo, não dando espaço para os adversários.
De negativo, deve-se destacar o fato de Lucas Nogueira conseguir apenas 11 minutos de atuação pois exagerou nas faltas (no jogo, tivemos a marcação de quatro, na transmissão ainda marcou isso, porém no box da partida, apenas três estão creditadas para ele), mesmo problema de Raulzinho (19 minutos e 19 pontos) que fez novamente quatro faltas e se ausentou de mais de 50% da partida.
O fato de ficarmos sem dois dos nossos atletas mais capacitados nesta tensa partida, só demonstra que o time é de verdade um grupo, que o coletivo é mesmo a maior força que podemos ter. Não é o time do Raulzinho ou o time do Lucas. É o time do Davi, dos Felipes, do Bruno, do Aguirre, do Cristiano, do Erick, do Leonardo, do Durval e do Arthur.
Esta tem sido nossa maior conquista neste Mundial até aqui. Jogarmos como equipe, com conceitos que o mundo inteiro aplica faz tempo e dão certo, mas que nós insistíamos em fechar os olhos e não aceitarmos. Hoje, demos aula de basquetebol para quem pôde assistir. Hoje deu orgulho de ver o basquetebol de uma seleção, orgulho que estava adormecido faz tempo. Parabéns Brasil, que siga atuando em excelente nível neste torneio ! Temos o direito de sonhar junto com estes garotos !
