Várzea das Américas
Começa no dia primeiro de fevereiro mais uma edição da Liga das Américas, com grandes chances do troféu ficar na mão de um representante brasileiro. Brasília é o único time do país a ostentar um exemplar do mesmo, quando abocanhou o título em sua segunda edição (2009).
Como é destacado no (péssimo) site da FIBA Américas, “o torneio de basquete mais importante do continente”. Claro, que continente neste caso, se refere a todos os países abaixo dos EUA.
Porém, o órgão máximo do basquete das Américas parece não cuidar deste campeonato com o devido carinho. Arrisco a escrever que consegue mal-trata-lo mais que a Abasu faz com a liga sul-americana.
Criada em 2008, com o objetivo de por frente a frente às melhores equipes latino americanas e assim preencher a lacuna da falta de um grande torneio continental, esperava-se que na sua sexta-edição, a competição apresenta-se níveis de organização melhor, uma fórmula de disputa mais atraente e que desperte nos clubes alguma obsessão pela sua conquista. Atualmente não consegue atender a nada.
A fórmula de disputa é idêntica à liga sul-americana, com quadrangulares em uma sede fixa, e aqui no Brasil, o efeito que ela causará também será o mesmo que sua similar subcontinental. Atropelo do nosso calendário, partidas adiadas, posterior maratona de jogos das equipes participantes, desgaste e reclamações. Tudo como sempre vem acontecendo ano após ano. Tudo isso tem transformado a Liga das Américas em um empecilho do meio da temporada em vez de ser um dos principais objetivos a ser alcançado dentro da mesma. Prova disso é que, além a deserção de quatro equipes argentinas (o Lanus foi o único sobrevivente), México e Porto Rico não serão representados por seus campeões. A aberração aqui é a presença do Osos de Guadalajara, time que em dezembro terminou a fase regular na modesta décima quarta colocação na liga Mexicana (são 16 equipes). Aqui vai o detalhe interessante: a equipe fez sua temporada de estreia no principal campeonato do país, portanto não participando da temporada passada, que na teoria seria a que classificaria para a edição deste ano da Liga das Américas. Então, qual o critério de qualificação que “o torneio de basquete mais importante do continente” usa?
A Venezuela já definiu seus dois representantes, Estrellas Orientales e Estrellas Occidentales (conforme publicou nosso parceiro Fibasquete.com.br), a participação do insosso Marvot do Equador (aquele mesmo da liga sul-americana) e não ter a presença de nenhum representante de Uruguai, República Dominicana e Panamá, países que tem certa tradição no basquete do continente, completam o cardápio do anêmico torneio.
A Liga das Américas do jeito que está, parece fadada a extinção. Um torneio que tinha tudo para servir de impulso para que o basquete da região, no território de clubes, conseguisse encurtar a distancia abissal que o separa do primeiro mundo da modalidade.
Grandes distancias e orçamentos não muito abastados são os principais impedimentos para se realizar uma competição mais longa, é verdade. Mas daria para organizar um campeonato mais atraente, não?
A solução talvez resida em realizar um ato que os clubes já fizeram em território nacional, ou seja, organizarem eles mesmos o campeonato, afinal os países nos quais o basquete é mais desenvolvido no continente possuem ligas independentes de suas federações locais.
Chegou a hora de se pensar em cruzar as fronteiras.