Visita à realidade
Numa segunda-feira chuvosa, estive no ginásio do Club Municipal para assistir Flamengo 114 x 56 Riachuelo, em partida válida pelo Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.
Para quem não conhece, o Club Municipal é um tradicional clube fundado por servidores públicos no ano de 1932. Sua sede fica situada numa área da Tijuca que tangencia o Centro do Rio de Janeiro. Como na maior parte dos clubes cariocas, a época de maior glamour do Municipal já se encontra num remoto passado. Apesar de ser um dos raros points de trabalho sério nas divisões de base do basquete carioca, atualmente, as instalações do clube se notabilizam mais por abrigar a prática do Arco e Flecha.
Novamente seguindo o roteiro comum de todos os clubes da cidade, o Municipal possui um ginásio largado ao tempo. Num espaço em que poderia perfeitamente se encaixar um “caldeirão moderno”, como ocorre nas pequenas arenas Argentina, o que se vê é uma total falta de estrutura e conforto, tanto para os jogadores quanto para a torcida. A quadra, por exemplo, é cercada por uma grade de ferro que fica suficientemente perto para fazer com que os jogadores pisem no freio na hora da bandeja.
Enfim, neste cenário que representa perfeitamente o atual estágio do outrora rico basquete carioca enfrentaram-se dois times de opostos: de um lado, a equipe mais cara do basquete brasileiro, do outro, uma equipe formada por apenas 6 jogadores (o sexto jogador, para alívio geral, chegou momentos antes de a partida começar).
Bem, um desavisado poderia pensar que, ao menos, a equipe do Riachuelo Tênis Clube é formada por jogadores jovens, o que contribuiria para o desenvolvimento da modalidade no Estado. Infelizmente, não é o caso. Basicamente, a equipe é formada por veteranos que jogam por amor ao esporte. É ou não é pertubador o fato de sobrarem vagas e, ainda assim, não haver jovens nos elencos dos clubes cariocas?
Foi com espanto que reconheci prontamente um desses veteranos. Pudera, ele estava na tela da minha televisão um dia antes, no domingo pela manhã, quando o Sportv transmitia a final de um campeonato de basquete de rua (Liibra). Era “Banana”, principal destaque da equipe campeã, o Falcons de Jacarepaguá.
É isso mesmo! Depois de encarar 4 partidas de basquete de rua na quadra situada embaixo do Viaduto de Madureira durante o final de segunda, Banana já estava ali bravamente enfrentando nada menos que o Flamengo.
Em suma, do meu fascínio pela modalidade arranjo prazer para assistir qualquer partida de basquete. Contudo, um Flamengo x Riachuelo pelo Campeonato Estadual do Rio de Janeiro deveria ser um programa obrigatório para aqueles que insistem em pensar que o nosso basquete tinha a obrigação de vencer Estados Unidos, Argentina ou a Eslovênia. No confronto direto contra o bravo, mas já ofegante Banana, estava Marcelinho Machado, um dos destaques da nossa seleção no Mundial, e cestinha da partida com 34 pontos. Viva a nossa realidade…