Votação? Que votação?
Método ruim e sistema falho transformam a votação para o Jogo das Estrelas do NBB 2009 numa verdadeira piada.
A idéia da LNB de fazer um jogo reunindo os melhores jogadores do campeonato foi boa, mas a decisão de copiar (mal) a NBA justamente num de seus pontos mais falhos pode acabar com credibilidade da primeira edição do Jogo das Estrelas do NBB…
Assim como no sistema dos EUA, o NBB organizou uma pré-seleção de jogadores e enviou à votação popular.
O problema do formato e que tem deixado os norte-americanos de cabelo em pé é que algumas torcidas são muito mais numerosas do que as demais, o que causa distorções e injustiças. O maior exemplo é o do chinês Yao Ming. Contando com o apoio dos compatriotas, o pivô costuma encabeçar ano após ano as votações para o All Star Game, ficando à frente de jogadores como Kobe Bryant e Lebron James no número total de votos.
Yao Ming não apenas se elege, como costuma também levantar a votação de seus companheiros de time, já que o Houston Rockets é quase uma unanimidade no país de população superior a 1 bilhão de pessoas (até o Rafer Alston teve mais de meio milhão de votos!).
E mais, o sistema de votação que sempre causou suspeitas sobre a possibilidade de fraudes pelos internautas foi exposto de vez em 2009. O ala Bruce Bowen, de 37 anos e médias de 3 pontos por partida, quase foi empurrado para o time titular do ASG ao receber 1,392,398 de “votos”, pouco mais de 60 mil a menos do que Amare Stoudemire, que, para alívio de David Stern, ficou com a vaga. Bowen ficou à frente de jogadores como Carmelo Anthony, Dirk Nowitzki e Pau Gasol.
Na NBA, ao menos, o estrago é menor, uma vez que o público é responsável apenas pela definição dos quintetos titulares, cabendo aos técnicos a definição das vagas restantes.
No Brasil, o sistema não é ruim, mas sim inaceitável. Como o Flamengo conta com uma legião de mais de 30 milhões de torcedores, basta que um mínimo percentual se interesse pela votação do basquete na internet para que todo seus jogadores liderem a lista. É o que vinha acontecendo…
Só esse fato já seria suficiente para acabar com boa parte da graça do evento. Não que o Flamengo não conte com um excelente elenco, mas não é aceitável que o armador Hélio, por exemplo, fique na frente de Larry Taylor, uma das maiores estrelas individuais do NBB.
No entanto, ainda pior do que a influência da legião rubro-negra é a fúria dos “fraudadores da internet”.
Sim, o sistema de votação lançado pelo site da LNB é tão falho que até um leigo em informática consegue votar milhares de vezes num só dia. Há até roteiros de como fazê-lo espalhados nas diversas comunidades das equipes no Orkut.
O pior é que a assessoria da LNB, sabe-se lá se por cinismo, sabe-se lá se por ingenuidade, publicou nota comemorando o “sucesso de público” da eleição.
Os “fraudadores da internet”, já conseguiram a proeza de afastar, ao menos até aqui, Marcelinho Machado da liderança na posição. O rubro-negro tinha cerca de 40% dos votos contra menos de 20% do segundo colocado, quando uma tsunami de votos para Marquinhos mudou o panorama da votação para ala algumas poucas horas.
Não por outro motivo a eleição de ala contou com mais do triplo do que a média de votação das demais posições.
Historicamente, admitir um erro não é exatamente o forte dos nossos dirigentes de basquete. Eis uma boa oportunidade para os manda-chuvas da liga nos surpreenderem positivamente, anulando essa votação temerária e pensarem numa solução melhor para o Jogo das Estrelas.