Xavi Pascual, o dono do Barça, campeão da Europa
Sem máscara, sem individualismo. Com um elenco extremamente poderoso e um treinador que, ainda que no início da carreira, não se rendeu às facilidades de privilegiar os mais caros e lhes jogar nas costas a responsabilidade. Se alguém quiser contar a saga que conduziu ao título de bicampeão do Barcelona terá que passar necessariamente por esses fatores.
Porque ainda que tenha mantido uma base e reforçado em setores considerados chave, o Barcelona remontou um esquadrão bem como seu principal rival. Diferente dos de Madrid, porém, o time catalão não foi buscar um genial estabelecido para liderar, como Ettore Messina. Manteve em Xavi Pascual uma corajosa seneridade.
Campeão de tudo que disputou (e total favorito ao título espanhol que ainda se decidirá), o principal já foi conquistado. Ser campeão da Euroliga é o título máximo do basquete de clubes mundial. A NBA é outra coisa.
Poucos treinadores do mundo têm a moral de manter uma rotação tão longa, ainda que incluísse peças aparentemente tão distantes do ponto de vista técnico. Porque convenhamos, se comparado com o talento de Ricky Rubio e Lakovic, Victor Sada é um simples e esforçado marcador. Pois foi ele uma das chaves do título no jogo final contra o Olympiacos.
Ou após manter Ndong por boa parte dos jogos importantes do ano no banco e trazê-lo ao time principal justamente no jogo maior da temporada. Poucos treinadores teriam a moral de manter ao mesmo tempo em quadra três jogadores tão ágeis, fortes e altos como Terrence Morris, Erazem Lorbek e Pete Mickael. Um imbecil que repete padrões estadunidocêntricos considerará tal formação redundante. A escalação com os pivôs móveis e com fundamento para execução de várias funções é, porém, o que há de mais novo no basquete mundial, para a alegria do sempre brilhante Paulo Murilo.
Ainda que Navarro tenha sido, com méritos, o principal nome do torneio, e da temporada, imparável como sempre, o escolta sabe que não conseguiria sem o elenco primoroso que tem ao lado. Ainda que Ricky Rubio, pela terceira vez considerado o melhor jovem europeu, tenha sido alçado, ao longo do ano, a um dos aspirantes ao honroso título de melhor defensor da Europa (o premiado foi o ala-pivô Kryahpa, do CSKA), ele sabe que sem a longa rotação e o seu reduzido tempo em quadra, seria impossível manter tal intensidade. Ainda que o capitão Grimau emocione, levantando a taça, ele sabe que sem abrir mão de egos e jogar quase menos que um quarto por partida não lhe levaria onde está. Mesmo Fran Vazquez, principal jogador interno do time catalão e arma mais intimidadora da área pintada de todo o basquete europeu, deve a Pascual o seu rendimento, quase sempre como um reserva de luxo, mas não menos dominante.
A vitória do Barcelona passa pelo poder do seu elenco. E a química ao redor dele passa por Xavi Pascual.
Foto – Eco Diário – El Economista