Wlamir Marques- Os 5 maiores jogos
Após um pedido, Wlamir Marques me relatou aquelas 5 partidas que ele considera as maiores de sua carreira. São partidas que se confundem com o próprio passado riquíssimo do basquete brasileiro. Confira!
"Não é tão fácil encontrar os 5 jogos que marcaram a minha carreira. Sem falsa modéstia foram muito mais do que isso, mas deixei passar a noite e acabei fazendo a seleção. Então, vamos lá:
1) Tumiarú de São Vicente 17 x 13 Clube Internacional de Santos
O primeiro foi quando eu estava com 13 para 14 anos (1951) e disputei o meu primeiro campeonato oficial. Naqueles tempos só existiam 2 categorias, infantil e juvenil. Eu era infantil e aquele era o primeiro campeonato realizado pela Liga Santista de Basquete nesta categoria.
Eu jogava pelo C.R.Tumiarú de São Vicente/SP, onde comecei a minha carreira. Houve um Torneio Início com varias equipes disputando, e isso ocorreu num domingo de sol no Ginásio do C.A. Atlético Santista. Para encurtar a conversa, no jogo final entre o Tumiarú e o Clube Internacional de Santos, vencemos por 17 x 13 e eu fiz os 17 pontos da minha equipe.
No dia seguinte saiu uma matéria no jornal A Tribuna de Santos dizendo que não deveriam permitir que eu jogasse no meio daquela garotada. Mas oras, no fim das contas eu também era um garoto. Por que me impediriam de disputar os torneios da minha categoria? Provavelmente o jornalista era pai de algum garoto adversário. Eu nunca mais me mais esqueci disso.
Corinthians 118 x 109 Real Madrid
A seguir, tenho em conta que o melhor jogo que eu realizei individualmente na minha carreira foi jogando pelo Corinthians, contra a famosa equipe do Real Madri da Espanha, naquele ano campeã da Europa. Isso se deu no dia 05 de julho de 1965, no ginásio do Parque São Jorge. Naquela tarde, antes do jogo, tive um ataque alérgico nos olhos ao tomar um remédio contra um forte resfriado. Meus olhos fecharam e com muitas dificuldades enxergava alguma coisa. O médico do clube foi na minha casa, a pedido da minha esposa, e aplicou-me uma injeção anti alérgica.
À noite, fui para o jogo enxergando relativamente bem. A voz corrente entre os torcedores é que eu não jogaria aquele confronto, mas me coloquei à disposição do técnico e lá fui para o jogo. Afinal, eu era o capitão e jamais deixaria de participar do confronto. Só por curiosidade, o Moncho Monsalve, que recentemente foi técnico da seleção brasileira masculina, participou daquele jogo histórico. Há pouco tempo, ele disse que fez 23 pontos naquele jogo (só de brincadeira eu respondo que não poderia ser verdade, porque nós jamais deixaríamos ele fazer 23 pontos).
Vencemos por 118 x 109, em um tempo que não havia a linha de 3 pontos e as regras eram outras. Nesse jogo, eu fiz 31 pontos no primeiro tempo e 20 pontos no segundo, total de 51. Por causa disso, algumas pessoas, brincando, até hoje me perguntam: -Wlamir, por que voce caiu de produção no segundo tempo? Dou um sorriso mas não dou a resposta...
Esse jogo foi o melhor jogo de basquete realizado no Brasil em todos os tempos, quem assistiu nunca mais se esqueceu, e até hoje me perguntam sobre aquela disputa.
Os 3 confrontos contra os Estados Unidos
Jogadores de Brasil e EUA se cumprimentam antes da final do Mundial de 1963
Os outros 3 jogos, por coincidência, foram contra a seleção dos EUA. Um na Itália, por ocasião das Olimpiadas de Roma, quando fiz 26 pontos e perdemos. Nessa ocasião, a seleção norte-americana exerceu uma defesa individual linha da bola, uma novidade à época, exigindo que nós jogássemos na individualidade pura. Essa seleção dos EUA foi uma espécie do dream team universitário, com Oscar Robertson, Jerry West, Jerry Lucas e outros. Logo a seguir, tornaram-se todos famosos jogadores na NBA.
Outro jogo foi na final do Mundial de 63, no Rio de Janeiro, quando nos sagramos bicampeões mundiais, no Ginásio do Maracananzinho. Foi o meu melhor jogo nessa competição, também com 26 pontos.
Por último, o quinto jogo, também foi contra a seleção norte-americana, que retornava do Mundial no Uruguai em 1967. À convite do Corinthians, no retorno para os EUA, eles pararam na capital paulista para um jogo amistoso a ser disputado no Ginásio do Ibirapuera. Vencemos e, como eu não participei daquele Mundial por desavenças com o técnico Kanela, o técnico norte americano perguntou-me após o jogo : -Porque voce não foi para o mundial? Não respondi...".
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