Mensagem
por Henry » Ter Jun 04, 2013 8:45 pm
Eu acho que o jogo vai além das bolas de três. Embora vamos analisa-las.
Existe um princípio na aprendizagem motora que diz (a grosso modo ok ?) que na hora
que alguém estiver sobre maior pressão, usará exatamente aquilo que lhe dá mais segurança
e que está não somente mais acostumado a fazer mas também que internamente
já é um hábito adquirido e que tem um retorno que imagina ser o melhor possível.
Levando isso para o nosso jogo.
Na hora que os jogos apertam, as coisas começam a ficar complicadas, a reação natural
dos atletas é parar na linha de três e chutar como se não houvesse amanhã.
Em um jogo, exemplo, Flamengo x Suzano, é simples variar, fazer qualquer coisa.
Mal existe pressão e isso em ambos os lados. Um sabe que vencerá e o outro que perderá
salvo um milagre e uma conjunção de fatores inexplicáveis.
Agora, um jogo entre Flamengo x Uberlândia, valendo o título nacional,
ambos vão moldar na partida aquilo que tem está inserido nos próprios jogadores,
os conceitos mais ''seguros'' para trabalhar.
Dessa forma, é meio previsível que nos jogos mais parelhos, o chute de três apareça constantemente,
pois até mesmo instintivamente os caras já praticam este tipo de jogo faz um bom tempo.
Reconstruir isso é extremamente complicado.
No jogo da final, observamos nada além disso. Um Flamengo que dominava a tábua ofensiva porém
da lhe chutes de três sem sentido e com aproveitamento bisonho.
A minha crítica é que nestes grandes jogos é que a evolução tem que se mostrar e aparecer
seja o resultado final qual for.
Não adianta me vender a ideia de que com Flamengo x Suzano, Uberlandia x Tijuca, Brasilia x qualquer merda
as coisas foram maravilhosas, tivemos uma evolução incrível no modo de jogar,
sendo que quando estes mesmos atletas estiverem sobre uma pressão massacrante de um Mundial,
Copa América, J.O. .. a primeira coisa que muitos farão é olhar para o aro e arremessar de três como se não
houvesse mais nada para se fazer na quadra .. afinal, nos jogos de grande pressão é isso que fazem.
É como se estivessem programados .. de certa forma, para tal atitude.
A geração de Marcelinhos, Alex e afins já é perdida como protagonista. Foi perdida durante todos os anos.
E sempre será uma geração derrotada quando analisarmos a história do Brasil nas participações em Mundiais e JO.
Uma das maiores forças do basquetebol mundial ficou de fora de n J.O. e fazendo papéis ridículos em não sei quantos mundiais.
Graças a uma união de fatores, porém, o essencial, a forma lastimável de ensinar/jogar basquetebol
que tivemos nos últimos vinte anos, pelo menos.
A geração que está chegando, o pessoal com menos de 22,23 anos .. porque não 24 não pode atuar desta forma.
Não pode criar este vínculo imbecil de não pensar o jogo.
O jogo, mais uma vez, é até chato repetir, passa totalmente pela cabeça.
É um junção de estar preparado com fundamentos técnicos, ou seja, saber qual ferramenta realizar para bater o oponente,
saber realizar funções táticas, ou seja, pensar para cada defesa, existe uma saída, para cada tipo de ataque, uma forma de movimentar, etc ...
ser fisicamente apto para saltar, correr, deslocar e nisso é necessário pensar, poupar energia, evitar desgastes desnecessários, etc
e ser psicologicamente capaz de responder às pressões do jogo, ambiente, adversários, torcedores, enfim ... do meio.
A grande questão que pauta o "jornalismo esportivo" de uma forma geral é que ...
Sabem absolutamente nada sobre fundamentos. Eu como técnico estou cansado de ouvir tanta bobagem que chega a doer.
Desenvolvimento de fundamentos então ... melhor nem avançar.
Conhecem pouquíssimo dos aspectos táticos, porém pelo menos é um avanço saber uma defesa zona, mista, individual, etc.
Pouco dão valor às questões físicas. Apenas dizem que A ou B machucou e pronto. Agora, nunca vi uma boa matéria sobre
a realidade de uma recuperação, as dores que os caras sentem nos pós jogos, como se cuidam nos treinamentos para não quebrarem,
algo de overtrainning, tão comum nas cat. de base do país e por aí vai.
E descartam todo e qualquer questão psicológica, afinal A pipocou e B não pipocou rs
Aí qualquer um comenta mesmo ... não precisa estudar e jogamos tudo na vala comum.
Sinto dizer ao Mellini que para eu poder chegar em qualquer opinião que eu tenho,
nem sei quantas horas de estudo e quadra eu tenho ... Normalmente, estudando as melhores fontes possíveis,
conversando e debatendo sempre que possível com grandes referências para mim de postura e profissionalismo
e principalmente, verdadeiro amor ao jogo, muito mais do que eu tenho.
Está longe de ser um discurso vazio, como você pessimamente colocou.
Meu discurso e do Raoni é repetitivo, sim. Pois os erros são primários e repetitivos.
Eu tenho as respostas para todas as questões ? Lógico que não.
Já fiz péssimos trabalhos, já fiz bons trabalhos, já fiz trabalhos tão ruins quanto fiz alguns muito bons.
Porém, sempre baseado em estudo, observação e discussão.
E longe de ser um discurso do oba-oba. Do definitivo, etc.
Não cola comigo essa "tem que criticar coisa x, mas y não". Porque o basquetebol sofre.
O basquetebol sofre desde quando eu pisei pela primeira vez numa quadra ... já sofre faz muito mais tempo que podemos
entender. Desde 1992 acompanho o jogo e te garanto de 1992 para cá pioramos bizarramente .. não só internacionalmente,
quanto internamente também.
E muito porque este pensamento é o que sempre dominou: "Não vamos criticar porque é ruim para o basquetebol".
Critica-se o que está errado, se elogia o correto.
Mas, tanto para elogiar quanto para criticar, tem que, no mínimo, saber o que está falando e saber transmitir isto escrevendo,
falando, etc.
Eu não gosto do nível que estamos. Acho que podemos e devemos cobrar e ter algo melhor. Principalmente pela quantidade
de recursos que temos, hoje, disponíveis para todos.
Eu, sem recurso nenhum de outro mundo, estudo, leio, debato, critico, penso, elogio.
Imagina quem vive disso e ganha (muito bem) para tal.
É triste chegar numa final de 2013 de Liga Nacional e discutirmos porque o Flamengo me chuta 50-50 ...
Já era hora de passarmos esta página que infelizmente, teima em não virar.