Ex-árbitro confirma manobra para Garrincha jogar final de 1962
Olten Ayres acusa colega João Etzel de subornar o uruguaio Esteban Marino para não haver julgamento e ainda levar metade do dinheiro
Por SporTV.com
Rio de Janeiro
No aniversádio de 50 anos da conquista do segundo título mundial do Brasil, o episódio mais controverso daquela Copa do Mundo, disputada no Chile, ganha uma nova versão.
Na semifinal, diante dos donos da casa, Garrincha recebeu cartão vermelho. Na época, não havia suspensão automática, e o Mané teria de passar por um julgamento.
No entanto, a única testemunha oficial da agressão do camisa 7 ao chileno Rojas, o assistente uruguaio Esteban Marino, não apareceu para depor. Garrincha foi absolvido e liderou o Brasil na vitória sobre a Tchecoslováquia por 3 a 1 na decisão, garantindo o segundo título mundial para a Seleção.
Esteban Marino, ex-árbitro, foi bandeira da semifinal
da Copa de 1962 (Foto: Reprodução SporTV)
O ex-árbitro Olten Ayres, suplente naquela Copa do Mundo, confirma que o sumiço de Marino foi uma manobra da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) para garantir Garrincha na decisão. E acusa o árbitro titular do Brasil naquela Copa, João Etzel, de estar envolvido.
- O João Etzel pegou 10 mil dólares, na época era muito dinheiro. Deu para o Esteban Marino a mando dos dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol. Eu encontrei com o João Etzel depois e ele me falou: 'Fui eu que ganhei a Copa do Mundo. Fui eu que peguei os 10 mil dólares e levei para o Esteban Marino' - disse Ayres.
O ex-árbitro também acusa Etzel de ter ficado com a metade do "prêmio" destinado ao bandeirinha uruguaio.
- Aí passaram alguns anos e eu encontrei o velho e saudoso Esteban Marino, que foi um excelente árbitro. Ele me disse: 'Estou procurando o João Etzel'. Eu perguntei por que e ele me respondeu: 'O João recebeu 10 mil dólares para me dar e só entregou cinco'.
O jornalista Argeu Affonso, que assistiu à vitória do Brasil sobre o Chile no estádio, lembra que o chute de Garrincha em Rojas não foi grave.
- O Garrincha não era de agredir. Ele bateu com o peito do pé no traseiro do Rojas. Não foi para machucar.
João Etzel, árbitro brasileiro na Copa de 1962, foi
acusado de levar suborno (Foto: Reprodução)
Affonso, porém, afirma que nenhum dos jornalistas presentes no Chile conseguiu descobrir o paradeiro de Esteban Marino e comparou o misterioso desaparecimento com os romances policiais da escritora inglesa Agatha Christie.
- A realidade que ficou é que o Esteban Marino sumiu. Parecia história da Agatha Christie. Ele foi a Agatha Christie do futebol. Sumiu de repente e ninguém soube dele.
Com Garrincha em campo, o Brasil venceu por 3 a 1, com gols de Amarildo, Zito e Vavá. Masopust descontou.
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