Matéria que saiu no site da UOL sobre VITOR BELFORT, falando do possível desafio de cinturão contra o Anderson Silva.
Família e caratê 'acalmam' Belfort e o põem no caminho do cinturão do UFC
Jorge Corrêa
Em São Paulo
Ao ser campeão do torneio dos pesados do UFC com apenas 19 anos, o carioca Vitor Belfort ganhou o apelido de Fenômeno, que mereceu por quase seis anos, quando voltou a ser campeão do principal torneio de MMA do mundo, agora pelos meio-pesados. Mas problemas pessoais e uma nítida falta de foco na carreira o tiraram dos holofotes do esporte. Mas ele o fenômeno está de volta. Com apenas 32 anos, ele deve disputar mais uma vez o cinturão, agora entre os pesos médios.
Vitor Belfort continua sendo um nocauteador nato - como pôde ser visto na vitória sobre Rich Franklin no mês passado em sua volta ao UFC. Só que ele não é mais o mesmo. A primeira diferença nítida é na sua posição de guarda. O boxe ficou para trás, dando lugar ao caratê shotokan. "Eu aderi a essa técnica há algum tempo. Estou treinando muito. É sempre bom incorporar novos movimentos", explicou Vitor.
O próprio assumiu que esse novo momento se deve, em grande parte, ao seu amigo Lyoto Machida, brasileiro campeão dos meio-pesados do UFC e que vem fazendo sucesso no MMA com o seu caratê. "Já treinei com ele e me ajudou bastante. Peguei algumas partes. Foi um sucesso", completou Belfort, que no último fim de semana, se graduou na faixa azul do caratê shotokan.
Mas o próprio lutador sabe que a principal mudança em sua vida não foi dentro do octógono. Depois de chegar ao fundo do poço com o sequestro, até hoje não solucionado, de sua irmã Priscila em 2004, Vitor Belfort se reencontrou apenas com a família que estava começando a construir. Casado com a modelo e apresentadora Joana Prado, com quem figurou no reality show 'Casa dos Artistas', sua primeira filha nasceu em 2005. Em 2007 e em 2009 vieram os seguintes.
"Fala 'papai, eu te amo'", disse Vitor, com a voz nitidamente embargada e passando o telefone para sua primogênita Victória, atualmente com quatro anos. "Papai, eu te amo", repetiu a menina, sem hesitar, à reportagem do UOL Esporte. "Ela e o Davi [filho do meio, prestes a completar dois nos] acabaram de chegar da escolinha."
O explosivo Vitor Belfort do começo da carreira deu lugar a uma pessoa mais serena, que sabe a hora de certa de atacar e que até mesmo não tem problemas de se emocionar com fatos frugais, como o reencontro com seus filhos no final do dia. "Foi muito complicado ficar longe deles antes da minha última luta. Foram quase dois meses. Mas foi da minha família que tirei forças para voltar a lutar e me reencontrar com meu bom desempenho."
"Vai ser desagradável"
Antes de retornar ao UFC, Vitor Belfort ficou um bom tempo parado. Depois de lutar em janeiro, ele estava escalado para a terceira edição do Affliction, mas o evento acabou cancelado. "Depois disso, assinei com o UFC e tirei duas semanas de folga antes de voltar aos treinos. Essa parada, infelizmente, não pude controlar, só que aprendi que é preciso aceitar o que a vida lhe impõe. Não fiquei feliz, mas aceitei o desafio."
Agora, ele terá um dos maiores desafios de sua carreira. Após vencer Rich Franklin, ele já está apalavrado com o evento para desafiar seu amigo Anderson Silva pelo cinturão dos médios em janeiro, no UFC 108. "É uma honra ser escolhido para uma luta como essa, contra um grande campeão, mas será desagradável essa situação."
"É muito bom poder voltar a disputar um cinturão, só que isso tem os dois lados da moeda. Além de ter dois brasileiros no ringue, é meu amigo, já treinei muito com ele. Mas nessa situação, sou apenas um peão, um empregado. É uma situação comum do esporte e já estou me preparando para voltar a ser campeão", afirmou Belfort.